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Comentários

Anónimo disse…
O VAZIO DA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA
OU
O VÍCIO DE "ESTUDAR"


A resolução nº. 1701 da ONU sobre o conflito do Médio Oriente que opôs o exército israelita às mílicias do Hezbollah e, colateralmente, a devastação do Libano, para além da invasão do Sul do seu território, preconiza a criação de uma Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), que graranta o fim das hostilidades.
Esta força de interposição deve ocupar o Sul do Libano em conjunto com as forças militares libanesas a par da retirada israelita.
A resolução 1701 prevê a criação de uma força de intervenção com um máximo de 15.000 e define a capacidade desta "decidir qualquer acção necessária em matéria de destacamento das suas forças, para garantir que a sua zona de operações não venha a ser utilizada para quaisquer actos hostis, sejam quais forem".
Contudo, não menciona menciona, a pedido do Líbano, o Capítulo VII da Carta da ONU, que permite a utilização da força em caso de ameaça contra a paz e a segurança internacional.
A resolução aprovada encarrega a FINUL de garantir o seu auxílio ao trabalho humanitário no Líbano.
E, por aí a diante...

Portugal, tão cioso de representar um papel no contexto internacional, não sabe o que fazer. Parece um barata tonta apanhada de surpresa. Apesar do interesse manifestado pela Comunidade Europeia em jogar um papel relevante nesta questão, mantemo-nos confrangedoramente hesitantes. A França, tentando "arrastar" a CE, tem mostrado particular empenho em que a Europa lidere o processo de Paz no Médio Oriente aproveitando o vazio deixado pela desastrosa intervenção dos EUA.
A estratégia europeia deixa-nos indiferentes - pode "ofender" Bush.

As declarações prestadas hoje à televisão pelo Presidente Cavaco Silva mostram à saciedade uma completa ausência de princípios estratégicos nesta questão que, sejamos claros, constituiu (constitui) uma grave ameaça à Paz, no Médio Oriente e, susceptível de afectar equilíbrios geo-estratégicos a nível Mundial. Não temos nada pensado, não nos movemos por linhas de força estratégicas, por princípios definidos ou até por meras questões humanitárias.

Embaraçados, dizemos que vamos estudar - "ponderar cuidadosamente", responde o PR - a questão. Como se as hostilidades no Médio Oriente não durassem há mais de 2 meses. Como se a criação de uma força de paz não estivesse a ser discutida há longo tempo. E o PR, engasgado, conclui - como Monsieur La Palisse - "porque enviar forças para um teatro de guerra é um problema sério".
Ou não estivessemos de férias.

Senhor Presidente, mais sério, mais preocupante, é os portugueses terem a nítida consciência que não existe uma politica externa sólida e definida, balizada por princípios que caracterizem a nossa intervenção no contexto internacional.
O ministro da Defesa alinhou "à posteriori" pelo mesmo diapasão do PR. Como entrou tardiamente, deve precisar de ler o que está (ou não está) no programa do governo. Nada deve pôr em causa a co-habitação com o PR. É este o princípio "sagrado", inviolável, da paz interna.

Somos um País do "vamos estudar", "vamos ponderar", se possível criar uma comissão para propor, etc. Somos um País do empata.

A resolução 1701 pede ainda ao secretário-geral da ONU que informe o CS no prazo de uma semana sobre a aplicação desta resolução e, posteriormente, de forma periódica. Este, ao ver aproximar-se esta data tem, quanto a nós, a tarefa facilitada.
Dirá, sucintamente, que "estamos a estudar...". E, continuaremos aí.
Se fôr franco, directo e perspicaz, acrescentará que... não se pode contar connosco!
...nunca acabaremos de estudar porque não tratamos com seriedade a "coisa pública".
Anónimo disse…
NOVAMENTE A POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA (II)


O Público de hoje (19.08.06)vem ao encontro do meu comentário de ontem, embora introduza o pudor e a moderação necessários a um jornal de grande circulação. Diz: "Governo num impasse sobre o envio de tropas para o Líbano".
De quaqluer maneira, é manifestamente notório da parte do governo a evidência de um deserto de ideias e de estratégias de acção sobre as grandes questões da política externa internacional.
O PR, alinha nestas indefinições, o que é normal já que economicamente (ele é perito em Economia) o Libano pode (?) não ser uma parceiro comercial...estratégico. Portanto não há estratégia.
Considera até "extemporânea" a definição neste momento de uma posição. Não compreende a urgência da questão.
Hoje, dada a inexistência dessa força internacional, já teve lugar uma gritante violação do cessar fogo por parte de Israel no vale de Bekka. É, portanto, extemporânea...faltando mais vítimas e maior devastação!

Os partidos políticos portugueses começam a vir a terreiro.
O BE quer que o assunto seja discutido na AR - não concordando com a participação portuguesa porque não acredita que o cessar fogo "seja durável".
O PCP também se manifesta contra a participação portuguesa por considerar que: "uma vez que a força pretende cumprir uma resolução da ONU que esquece os crimes de guerra que Israel cometeu".
O PSD e o CDS/PP afirmam, ambos, ser favoráveis mas nenhum explicita qualquer razão política ou estratégica. O PSD move-se, muitas vezes, mera por intuição e o CDS acoita-se, frequentemente, numa indefenível e misteriosa "inspiração divina".
A posição do PS é o engonhanço tentando, assim, ocultar a indefinição. O encanar a perna à rã.
Quem dá a cara é o ministro Severiano Teixeira, que diz estar -tranquilamente em Lisboa - à espera que a ONU defina os contornos e as necesidades da força multinacional. Pergunta-se, não há embaixador na ONU?
O governo não compreende o conteúdo, negociado a ferros, da resolução nº. 1701?
Ou está todo de férias?

Uma pobreza. Um País dividido, um governo hesitante, um PR "ausente", perante uma importantíssima questão de política internacional.

Lamentável, é a Esquerda começar a dar tiros nos pés:
Não pode usar 2 pesos e 2 medidas nas questões (bélicas) internacionais.
Assim, na escabrosa intervenção anglo-americana no Iraque evocou a falta de cobertura da ONU. Agora, a criação de uma força de interposição entre Libano e Israel, a decisão da ONU, não serve - invocando-se múltiplas e dispares razões.
Afinal em que ficamos?
Anónimo disse…
Jorge Rojão said...
Esta resposta do sr. Vilar não tem nexo algum e demonstra bem o estado de desespero em que se encontra.
Denota a revolta por ver quase semanalmente mais um episódio da sua triste histório de tráfico de influências, no mínimo.
Em Coimbra está queimado.
Nem que o seu processo seja arquivado. Meu amigo: a cidade já tem a imagem de si que tem de ter, independentemente do resultado do seu processo.
Já agora, conseguiu algum resultado com o repasto que marcou com o Domingos Névoa e o Mário Ruivo da Segurança Social ?

10:40 AM


Jorge Rojão said...
Sabe que por acaso encontrava-me no mesmo restaurante.
A Braga Parques queria mais um parquito na Fernão Magalhães...e logo o terreno ser do Estado-Segurança Social...que interessante! Queriam comprar aquela mina de oiro por tuta e meia para depois vender por 20 x mais, ou preferia a Braga Parques construir um parque de estacionamento e pô-lo a rendas milhões???
E quanto ganhariam os intervenientes na negociata?!
Anónimo disse…
FINALMENTE!

O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu, ontem, que a União Europeia (UE) deve assumir «um papel significativo» na força que a ONU vai enviar para o Líbano e deve fazê-lo com a maior rapidez possível.
Entretanto, foi anunciado que os Estados-membros da União Europeia reúnem-se, amanhã, em Bruxelas, para discutir as suas contribuições para um reforço do contingente da ONU no Líbano.

Entretanto há gato econdido com rabo de fora...
As posições de G. Bush expressas na conferência de Imprensa de ontem trazem à luz uma preversa posição dos EUA. Bush afirmou ser necessário uma nova resolução do CS da ONU, para clarificar o papel e as funções da força de interposição internacional no Líbano.
Ora, a resolução 1701 do CS da ONU, foi negociada entre os EUA e França - sob intensa pressão da França. Os EUA sempre se mostraram favoráveis ao prolongamento da devastação do Libano por Israel - nomeadamente do Sul do País - na convicção que por essa via conseguiria desmantelar e desorganizar o grupo extremista Hezbollah. Os factos vieram demonstrar o contrário e, a resolução da ONU, tornou-se inevitável para implentar o cessar fogo e acabar com o massacre humanitário.
A França com responsabilidades históricas e políticas no Médio Oriente empenhou-se na criação e concretização da chamada força de interposição. Mais, achou que a catastrófica situação criada no Líbano seria uma boa oportunidade para, a União Europeia, desempenhar no Médio Oriente um relevante papel na resolução dos múltiplos conflitos. A União Europeia manteve-se relativamente indiferente. Há, no seu seio, importantes resistências baseadas no receio de o exercício de um papel mais activo vir a ferir susceptibilidades do "eixo" euro-atlântico de que a Grã-Bretanha (Blair) é um expoente.
Entretanto, a França trava o seu entusiasmo ao aperceber-se que a resolução 1701 da ONU, tem imensos "buracos" e pode vir ser um atoleiro, para as pretensões francesas e europeias.
Bush recebeu este recado e ontem na Casa Branca defendeu uma nova resolução da ONU mais consentânea com as dificuldades de actuação dessa força internacional.
Finalmente, parece haver condições para entrar no bom caminho.
Da Paz!

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