Um fascista grotesco

Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.

Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.

Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se». O comandante do Regimento de Infantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara. Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».

A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha. Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades. Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o Código Penal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição. Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca está sóbrio?

O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha. Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.

A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo.


Baptista Bastos in Jornal de Negócios

Nota: Pela qualidade literária e coragem cívica do autor, transcrevo o referido texto, na parte que se refere a AJJ.

Comentários

ana disse…
Óptimo texto.Que bom haver alguém para dizer por mim o que eu não sei dizer.
Anónimo disse…
Muito obrigado CE, por nos trazer esta pérola. Talvez não seja vã.
Anónimo disse…
Pois é, pois é, mas o gajo lá vai fazendo o que lhe apetece e fica-se a rir.
Anónimo disse…
Um dos cavalos de batalha de CE acaba de ruir: segundo BB AJJ não é inimputável!!! ;)
jrd disse…
Magnífico texto. Imperdível!
De facto há jornalistas e... simpatizantes.
Baptista Bastos é a maior referência do jornalismno português.
Graza disse…
Batista Bastos, como o Coronel Lacerda, mostram que nem todos efemiram, porque se os ofendidos tivessem as coisas no sítio o homem já tinha a cara num bolo. E há que dizê-lo com todas as letras, para que ninguém sacuda a àgua do capote, esta "coisa" que me envergonha porque fala a Lingua Portuguesa tem sido protegida e incentivada pelo PSD.
Anónimo disse…
Pouco mais há a dizer do rei da Rpública Autónoma da Madeira - República Portuguesa; em todas as vertentes este usador da palavra mostra até num ... sopro, a sua incapacidade.
Tenha em conta os seus deveres, e obrigações, e nada mais se lhe pede. Já vi que ainda não o entendeu. É assim ...

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