Momento de poesia


Aos Deuses por nós inventados


Nem tu sabes quanto eu adoro
os deuses
quando escrevo para ti o poema da redenção
ou quando me liberto da terra
nos momentos de solidão,
quando tu faltas.
É uma oração profana
que nenhum padre, rabino
ou mullah entende.
É uma oração
que não entra na igreja, na mesquita
e na sinagoga,
não foi revelada
nem ensinada,
não tem símbolos nem hinos
nem ortodoxias
nem assume verdades absolutas.
É uma oração que tu me ensinaste
em murmúrios quentes, segredados,
nos nossos mútuos encantamentos
e para rezar a todos os deuses
por mim e por ti inventados…

Alexandre de Castro

Comentários

Anónimo disse…
Um poema interessante pela ligação efectuada entre a religião, aqui numa postura ateísta, e o amor. Aliás, este poeta, nos poemas já aqui publicados, recorre com frequência à temática religiosa para construir as suas metáforas e a sua linguagem.
Anónimo disse…
Como este deuses imaginarios se tornam reais numa oração partilhada!

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