Notas soltas: Novembro/2007



Energia – Enquanto os combustíveis fósseis se rarefazem, e os preços não param de subir, parece haver uma abulia colectiva de quem espera a catástrofe com resignada indiferença.

Venezuela – As alterações constitucionais, suprimindo a limitação do número de mandatos presidenciais, instaurando uma «economia socialista» e a possível censura à comunicação social, transformaram o popular Hugo Chávez num ditador populista.

Paquistão – O fracasso da ditadura militar e o perigo da democracia teocrática puseram o País em estado de sítio e o mundo em estado de alerta. Preocupante não é o destino de Musharraf, é o do arsenal nuclear do território.

Espanha – A pujança económica e o progresso social do país vizinho defrontam os nacionalismos que não aceitam a hegemonia de Castela e os herdeiros do franquismo, que odeiam a democracia e fazem peregrinações ao Vale dos Caídos.

Orçamento de Estado – A comunicação social conseguiu que a mais importante discussão parlamentar se transformasse num duelo Sócrates/Santana. Perdeu o País, quando o primeiro brilhou sem proveito e o segundo se apagou sem honra.

Bélgica – A animosidade entre valões e flamengos não se dissipa, mas Bruxelas continua como capital da Europa, alheia ao país que ameaça desintegrar-se.

PSD – Em clara oposição a Marques Mendes, que procurou moralizar a política, o novo presidente da distrital de Lisboa revelou vontade de ver regressar Isaltino Morais à militância partidária. Da Suiça talvez regresse o sobrinho.

Vaticano – A advertência de Bento XVI aos bispos portugueses teve mais a ver com a secularização do País e com a lei da IVG do que com o alegado afastamento do Concílio Vaticano II de que o próprio Papa não é grande entusiasta.

Durão Barroso – O desempenho europeu está a ser uma surpresa mas a desculpa tardia da participação na invasão iraquiana revelou o carácter de quem cometeu um crime para obter o actual emprego.

Paulo Portas – A cópia e desvio de 60.000 documentos do ministério da Defesa, para fins pessoais, é um acto demasiado grave para ficar impune e atemorizador para ser investigado.

Madeira – A chantagem separatista, feita pelo vil deputado autóctone Gabriel Drumond, é uma provocação ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao líder do PSD, especialmente ao PR, cujo silêncio confunde os portugueses.

Juan Carlos – A explosão verbal do rei de Espanha contra Hugo Chávez, com a célebre frase «¿Por qué no te callas?», acabou por beneficiar o presidente da Venezuela e trazer à discussão a via sinuosa da sua indigitação e a própria legitimidade.

Igreja católica – O presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Ricardo Blázquez, bispo de Bilbao, pediu perdão, na abertura da 90.ª Assembleia Plenária, dia 19, pelo papel da Igreja durante a Guerra Civil. Com 68 anos de atraso.

Deficientes – O apoio que merecem nunca deve ser dado em sede de IRS, através de benefícios fiscais, sob pena de aumentar o fosso entre deficientes ricos e deficientes pobres e agravar as injustiças sociais.

SIDA – Portugal mantém-se o país da União Europeia com maior incidência de Sida e de transmissão de VHI entre Consumidores de Droga Injectável graças à teimosia dos adversários da educação sexual e da divulgação do preservativo.

PSP e GNR – A referência do respectivo inspector-geral à prática reiterada de actos de violência gratuita é uma denúncia que corrobora as da Amnistia Internacional e que corresponde a um défice de formação cívica a que urge pôr cobro.

Timor – O presidente da República, Ramos Horta, anunciou que pretende indicar o nome de Durão Barroso para o Prémio Nobel da Paz e, na sua bizarra iniciativa, omitiu os nomes de Bush, Blair, Aznar e Berlusconi.

José Saramago – Em Lanzarote, onde reside o mais relevante e singular escritor português vivo, coincidente com o seu 85.º aniversário, foi organizada uma grande exposição, dedicada à sua obra, a que não faltou o ministro da Cultura. De Espanha.

Comentários

e-pá! disse…
A propósito da "suave" nota sobre Durão Barroso e as suas "inocências" sobre as informações que teve sobre o Iraque, aconselho a ler uma entrevista de Tony Blair ao Times (que aconselho a leitura), onde confessa:

"I WANTED WAR - IT WAS THE RIGHT THING TO DO"
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/politics/
the_blair_years/article2886547.ece

Comentário:
Tudo foi programado com minúcia e premeditação.
Não há inocentes:
- nem Bush,
- nem Blair,
- nem Aznar
- e, obviamente, nem Barroso.

O Mundo, particularmente a Europa, tem hoje mais informação do que há 3 anos quando, Durão Barroso, ainda coberto pelo manto diáfono da inocência, se disponibilizou para arrancar de malas aviadas para Bruxelas.

Não podemos tratar a questão Barroso como um problema de lusofonia, como uma questão caseira, porque é antes de tudo uma questão de dignidade e honra.

Sócrates não devia ter adiantado qualquer "palpite" sobre o futuro político de D Barroso - como, incautamente, acabou por fazer.
Camarelli disse…
Venezuela - As alterações constitucionais vão permitir acabar com a ditadura económica neoliberal que está em vigor em quase todo mundo, regime esses imposto sem qualquer consulta popular e mantido sob estrito controlo dos media e do exercício da autoridade que ao proteger zelosamente (ferozmente) a propriedade privada, exclui e eterniza os monopólios de um punhado de famílias.

Portugal é apenas mais um triste exemplo onde vigora essa ditadura económica que proíbe a quem ela se opõe o direito de escolher outra filosofia de vida e outra sociedade.

-- Venha mais um Abril, «sefáxabor»!
Anónimo disse…
SIDA - na tristeza, somos sempre os primeiros...que raio de malapata, o que é bom não é connosco.
Não é de admirar que o nosso governo seja uma desgraça, as preocupações sociais, não existem, a desgraça alastra.

Saramago - contínua a sua vida em Espanha, agora infelizmente com pouca saúde...o governo do país vizinho reconhece-o, o nosso, nem por isso.

Ramos Horta - aponta Durão Barroso para nobel da paz, compreenssível, o homem precisa de ajuda e Durão está em condições de poder ajudar.

Chávez - democrata, mandatado pelo povo, quer prepectuar-se no poder para tirar o povo venezuelano da miséria. O povo acredita nele...que fazer.

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