Em defesa da democracia

Por António Horta Pinto*

Acabo de assistir nos noticiários da TV a um espectáculo indecoroso:um inspector da Polícia Judiciária, Carlos Anjos de seu nome, se não estou em erro, a pretexto de ser dirigente do respectivo sindicato, vem criticar os seus superiores hierárquicos, a quem deve obediência, e fazer propaganda política contra o Governo, o PS e o PSD! Só não disse se era a favor do CDS ou do PCP.

Mas que país é este? Já não bastavam os sindicatos de juízes e procuradores a sobreporem-se aos seus legítimos órgãos representativos - os respectivos Conselhos Superiores - fazendo propaganda política descarada contra os dois partidos em que o povo português maioritariamente vota - e por consequência a favor daqueles em quem a esmagadora maioria dos portugueses não confia - para virem também agora os próprios sindicatos de polícias fazer o mesmo!

Isto põe em risco a democracia representativa! Parece que caminhamos para uma espécie de anarco-sindicalismo de má memória, em que os sindicatos de polícias e magistrados são as principais forças de oposição ao Governo e ao próprio regime democrático, perfilhando as teses de partidos cronicamente ultra-minoritários.

Há que pôr cobro a isto! Não se compreende que os juízes, como titulares de órgãos de soberania, tenham sindicatos, assim como os não têm os deputados nem os ministros. Quanto às polícias, a admitir-se que tenham sindicatos para defender os seus interesses profissionais, pelo menos tais sindicatos deviam estar sujeitos a um regime rigoroso, que os impedisse de se rebelarem contra os seus superiores hierárquicos e de fazer propaganda política.

É que por trás dessa propaganda esconde-se mal - gato escondido com o rabo de fora - o desejo manifesto de instauração de uma ditadura policial! Sáb Fev 23, 10:34:00 PM

* Advogado

Comentários

Anónimo disse…
Partilho todas as preocupações do leitor e subscrevo inteiramente o seu texto.
Anónimo disse…
Quanto a mim,prefiro um governo democrático a um governo de juizes.A estes, apenas se pede que julguem com prontidão e justiça em nome do POVO.

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