Classe média já é maioria no Brasil

Na antecâmara da chegada de Lula da Silva ao Palácio do Planalto, os gurus norte-americanos das finanças “decretavam” a subida do risco-país, índice penalizador das economias dos países pobres ou emergentes.

“Lula sobe nas pesquisas. No mesmo momento sobem o dólar e o risco-país. A cúpula da candidatura petista afirma existir uma espécie de terrorismo praticado pelo mercado contra a campanha. O crescimento de Lula é atribuído, de certa forma, a nova roupagem que recebe, com um discurso mais de centro, mais palatável para a classe média que temeu sua ascensão nas últimas eleições” – constatava Márcio C. Coimbra, “O risco Lula”, LegisCenter (http://www.legiscenter.com.br/).

Feitas as contas, poucos anos passados, percebe-se que Lula da Silva não se ficou pelo discurso mais “palatável” para a classe que, dizem os livros, faz andar os países. A classe média já é maioria no Brasil:“A pobreza diminuiu no Brasil nos últimos quatro anos, revela a pesquisa ‘A nova classe média’, divulgada nesta terça-feira pela Fundação Getúlio Vargas. Segundo o estudo, a classe C, considerada a classe média no país, passou de 42,49% da população brasileira em Abril de 2003 para 51,89% em Abril de 2008. De acordo com a FGV, famílias estão deixando a linha da pobreza, não apenas pela ajuda de programas sociais, mas também por conseguirem trabalho com carteira assinada . Só nos primeiros seis meses de 2008, surgiram no Brasil 1,3 milhão de novas vagas.

Outro estudo divulgado nesta terça-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que o número de pobres caiu 20,9%, de 2002 a 2008, no Brasil. O estudo mostra também que a renda do trabalhador vem aumentando, mas ainda é preciso investir em educação e qualificação profissional. O estudo, com base em dados divulgados pelo IBGE e pelo ministério do Trabalho, mostra que a pobreza diminuiu 13,5% nos últimos 12 meses. É a maior queda desde 2004.” – revela “O Globo”, um dos jornais que, a par da “Folha de S. Paulo”*, não nutre especial simpatia pelo pé-rapado que um dia sonhou chegar a Presidente da República.

Lula da Silva está de parabéns e nós ficamos contentes por saber que o imenso Brasil aí está, na cena internacional, para dar cartas. Longe das aventuras do “socialismo bolivariano” que Chávez impingiu a bolivianos e equatorianos, o Brasil, que já é BRIC (grupo dos quatro principais países emergentes do mundo – Brasil, Rússia, Índia e China), prepara-se para emergir como uma potência mundial a ter em conta nas próximas décadas. Curiosamente, consegue este desempenho quando governado por um sindicalista e não por um sociólogo que se dizia saber muito de economia (foi Ministro da Fazenda de Itamar Franco), como o era o seu antecessor no cargo, Fernando Henrique Cardoso.

*No dia em que os principais jornais brasileiros manchetavam a maioria obtida pela classe média brasileira – “Classe média já é maioria no Brasil – O Estado de S. Paulo”, “A vez da classe média – Jornal do Brasil”, “600 mil saem da pobreza em Belo Horizonte – Estado de Minas”, “Classe média passa a ser maioria no Brasil – Zero Hora”, “Folha” e “Globo” preferiram destacar outra “novidade” em manchete:

“Mapa da violência revela áreas mais perigosas de São Paulo” (Folha);
“Rios viram principal rota do tráfico de drogas no Brasil” (O Globo)…

a) DMA

Comentários

andrepereira disse…
O Brasil está no bom caminho. Mas o Fernando Henrique deu os primeiros passos. Lula ficará na História como um Bom Presidente. Oxalá os brasileiros saibam manter o rumo: educação, luta contra a miséria, direitos cívicos e laborais e pujança económica repartida.
e-pá! disse…
As alterações estruturais no Brasil saltam à vista, nomeadamente no aspecto sociológico e económico, estão longe de estar consolidadas.

Elas traduzem o "esforço" do Governo de Lula na luta contra a fome, no aumnto do salário mínimo, etc.
Isto é uma presidencia com um enfoque social notável.
Desde a posse do 1º. mandato de Lula que o salário minímo quadriplicou!

Neste momento, o Brasil tornou-se um Federação de Estados com uma grave intensificação do consumo e vive-se o espectro de um hipotético disparar da inflação (... cujas consequências os brasileiros conhecem do passado).

Mas o Brasil existem muitas disparidades, muitas assimetrias. E o que é verdade no Sul da União não se aplica no Nordeste, etc.

O que de facto é visível na rua e no rosto de muitos brasileiros (que por natureza são optimistas) é uma enorme confiança no futuro.
Um indisfarçável optimismo que se sedimenta no desenvolvimento económico e na expansão de fontes energéticas (recentemente descobertas) que lhe garantem uma autonomia, nesse campo.

Sentem de que estão à beira se tornarem uma super-potência (económica).
Mas, persistem muitos problemas como a "distribuição da renda" (como eles dizem) e um elevado indíce de corrupção ao nível político e económico, que Lula não conseguiu controlar.

A pobreza diminuiu mas o que resta de sub-desenvolvimento é enorme, num País onde tudo é demasiado grande ...

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