A rã da discórdia

AA rã crucificada do escultor Martin Kippenberg
Foto: REUTERS


Tal como os muçulmanos reagiram às caricaturas de Maomé, também os católicos reagiram à crucificação da rã.

Comentários

e-pá! disse…
A RÃ E A FUTURA CRUCIFICAÇÃO DE CORINE...

Martin Kippenberger é considerado um dos nomes mais importantes da arte contemporânea europeia e a directora do Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Bolzano sempre defendeu a escultura.
Há muito tempo que a directora do Museu está sobre as pressões das autoridades políticas conservadoras locais e das autoridades religiosas, nomeadamente do seu bispo.

Não tiveram qualquer resultado.

Apenas mudou a escultura de lugar, rotatividade que é normal em exposições.

Provavelmente em Portugal a escultura precisava de ser modificada. Esta molda uma rã crucificada que, em uma das "mãos", segura um ovo e, na outra, uma jarra de cerveja.
Aqui, seria um jarro de tintol e uma bola de futebol.

Felizmente, este episódio cujas semelhanças com o caso das caricaturas de Maomé, são coincidências da má arte de protestar e do retrogado conceito da inviobialidade de simbolos.
A crucificação não nasce com o cristianismo. Foi adoptada pelo cristianismo. Era uma punição da legis romana para determinados crimes.

Por outro lado é preciso recordar que Bento XVI é o sucessor daqueles que mandram cobrir as zonas púbicas na capela sixtina e noutros locais, pelo que em termos artísticos a ICAR sendo possuidora de grande património não é grande zeladora.
A carta que Bento XVI é despropositada e expõe-o ao ridículo de não lhe ser reconhecido qualquer valor em termos de consequências (imediatas).
A escultura - segundo a directora do Museu - continuará até ao encerramento da exposição.

A única dúvida que tenho é se Corinne Diserens continuará directora do Museu, por muito mais tempo.
Na Itália de Berlusconi e Ratzinger provavelmente será esta a reacção a longo prazo.
Portanto a carta de chefe da Igreja não teve vencimento, mas o longo braço canónico, não deixará de actuar. No futuro...

Para já, parabéns Corine Diserens pela verticalidade da sua posição.

Devemos, no entanto, mantermos atentos sobre as eventuais (futuras) represálias sobre a directora do museu.

Cada religião tem o seu modelo de "sharia" ...
e-pá! disse…
Adenda:

A PROPÓSITO DE SIMBOLISMOS...



O ventre da rã era utilizado na China para obter chuva. (Não sei se houve sacrifícios durante os Jogos Olimpicos...porque, de facto, não choveu!).
O principal simbolismo da rã está portanto em relação directa com o seu elemento natural: a água, indispensável à vida.
http://www.filatelicamente.
online.pt/r104/artigo_pdf
/revista104_4.pdf

Na verdade, a escultura pode (também) encerrar este simbolismo e, sendo assim, torna-se apropriada e actual. O elemento água tem sido, desde há largos anos, maltratado.
Todos temos consciência de que a preservação do ambiente, quanto à água, tem sido vítima de múltiplas crucificacões, a última das quais, a sua privatização e os aumentos de preço...


CRUZ

"Não se sabe quando a primeira cruz foi feita; depois dos círculos, as cruzes são um dos primeiros símbolos desenhados por crianças de todas as culturas. Algumas das imagens mais antigas de cruzes foram encontradas nas estepes da Ásia Central e algumas em Altai. A cruz na velha religião altaica chamada Tengriismo simboliza o deus Tengri; ela não era uma cruz alongada, lembrava mais um sinal de adição (+)."

Os primeiros livros cristãos da Armênia e da Síria traziam evidências de que a cruz se originou com povos nômadas do leste, possivelmente uma referência aos primeiros povos turcos. Em velhos templos armênios, algumas influências de estilo turco são encontradas nas cruzes.

Em Roma, uma das formas de condenação à morte consistia em atar ou pregar condenados numa cruz, fazendo os mesmos padecer terrivelmente...
in wikipedia

Portanto, esta escultura pode significar a "morte" da água, pela mão do homem, isto é, pelo seu desastroso comportamento ecológico. A apropriação do simbolo pela ICAR é abusiva, despreza as outras culturas, o que torna a carta de Bento XVI, ainda mais intrometida e despropositada.
Representa uma publicidade tremenda. Com esta inesperada ajuda, esta escultura, não vai parar de ser exibida.

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