Serviço Militar Obrigatório (SMO)

Discutir assuntos que o tempo e a legislação ultrapassaram é pura perda de tempo. Volto hoje ao SMO porque ontem, a convite do Rádio Clube Português, aceitei discutir o tema com Samuel de Paiva Pires, do blogue Estado Sentido.

Ser-se a favor ou contra o SMO é, à partida, perfilhar uma posição igualmente legítima. Acontece que partiu de um Governo democraticamente eleito a proposta de lhe pôr termo, em 1998, no uso de competência legítima, independentemente da discordância que me mereceu. A situação actual, no plano democrático, é inatacável.

É por isso que, embora sabendo irreversível a situação, continuo a pensar que o SMO, sem discriminação de género, servia melhor o País e teria permitido que houvesse hoje FA de acordo com as necessidades e recursos do País e capazes de honrar os acordos internacionais do Estado português, em missões de paz.

Uma certa esquerda ainda hoje vê as FA como a guarda pretoriana da sinistra ditadura de 48 anos e o instrumento de repressão dos povos coloniais; certa direita não perdoa o acto mais glorioso da nossa História – o 25 de Abril. A minha geração, que sofreu entre 3 a 5 anos de SMO, não esquece o tempo perdido, os companheiros mortos e mutilados e a ignomínia de ter sido um exército de ocupação.

A incompetência de vários Governos, a quem cabia a definição dos objectivos militares, conduziu as FA a um estado comatoso que se arrastou sem honra nem utilidade, com o serviço militar reduzido a quatro meses, e a acabar na exibição do ministro Paulo Portas, durante um dia, perante os mancebos de determinado ano.

As juventudes partidárias do PS, PSD e CDS converteram em causa a abolição do SMO e os respectivos partidos fizeram-lhes a vontade. À falta de melhores causas exibiram a renúncia aos deveres de cidadania e à coesão nacional que o SMO reforçava como a causa das causas.

Hoje, à míngua de recursos humanos e financeiros, perdido o sentido da cidadania, ignorada a coesão nacional, extinto o pacto de solidariedade cívica das várias classes sociais, em torno do SMO, o País caminha para a extinção das FA onde dificilmente pode proceder ao rejuvenescimento dos soldados que assegurem, ao menos, o valor simbólico da instituição.

Apostila – Com o SMO dificilmente algum jovem escreveria um comentário como este:
De Nuno Castelo-Branco a 10 de Setembro de 2008 às 03:40
hehehehehe, vê o aspecto positivo. Estás a imaginar-me a jurar "aquela" bandeira? Nem morto!

Nota: Nuno Castelo Branco é colaborador do Blogue Estado Sentido

Comentários

Desculpe lá Carlos, mas não retiro uma vírgula. Você que ainda mais acima fala da "noite do fascismo", pergunte lá a si próprio o que é que a PIDE tinha hasteada no mastro da António Maria Cardoso. Pois é...
Nuno Castelo Branco:

A bandeira não é nem nunca foi da ditadura. É a bandeira de Portugal.
Caro Carlos,

NÃO é a bandeira de Portugal.
É a bandeira do REGIME REPUBLICANO vigente em Portugal.

O que são duas coisas bem distintas :)

[não, não sou monárquico]
Paulo Soska Oliveira:

Então qual é a bandeira de Portugal?
Nunca foi? Deve ter andado distraído, porque o Estado Novo promoveu-a até à exaustão!

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