Bento XVI e os mundanos "murmúrios"…


Bento XVI declarou hoje, nas cerimónias do Domingo de Ramos, na Praça de São Pedro, que a fé em Deus ajuda uma pessoa a não se deixar intimidar pelos ‘murmúrios da opinião dominante’…” in Jornal Público, 28.03.2010 link

O atoleiro da pedofilia onde a ICAR está submersa, em todo o Mundo, é hoje um case study, sobre perversões de índole religiosa.

De facto, o lento mas irreversível abandono por parte dos fiéis das velhas peias tecidas ao redor de princípios de cegas submissões e, concomitantemente, o uso de uma liberdade essencial ao Homem – a liberdade de expressão – colocaram uma Igreja teocrática, fechada e anquilosada, debaixo do escrutínio da opinião pública e sob um intenso fogo mediático.
Levantam-se velhos problemas como o celibato dos clérigos católicos, as frustrações sexuais daí advindas e no fim da linha os escândalos de pedofilia. Não é linear este encadeamento, mas estranho é a pronta reafirmação das virtudes do celibato, por parte da ICAR.

Nas discussões públicas – e os escândalos que envolvem a Igreja entraram no domínio público - não cabem posições dogmáticas.

A correlação entre os escândalos de pedofilia e a uma instituição que vive na ilusão de ser dona da verdade, cultiva a omnipotência, julga-se um referencial de moralidade e, deste modo, pode esconder a verdade, será o mais importante. Não importa avaliar o significado estatístico do escândalo como alguns altos responsáveis religiosos tentam, apressadamente, imiscuir neste necessário debate.
Na realidade, a Igreja inculca aos seus clérigos a ideia de que são seres possuídos de uma inquestionável “autoridade sobre as almas”. Depois, esses mesmos clérigos confrontados com a vida terrena - muitas vezes na área educativa - deixam-se "corromper" por desejos corporais (sexuais) e tornam-se, pura e simplesmente, abusadores. Porque a verdadeira questão não é o celibato em si mesmo, mas a imaturidade sexual de um jovem adolescente que entra no seminário e é obrigado a optar – nessa idade – por uma vida celibatária.

Todavia a questão premente não será como afirma a Rádio Vaticano: “uma ignóbil tentativa de atacar o Papa e seus colaboradores mais próximos a todo o custo…”.
É cada vez mais evidente que o Vaticano tenta impor uma cultura do silêncio, onde tudo fica escondido – dos murmúrios da opinião dominante - quando na sua retaguarda se enxerga uma negra cortina … de ignomínia !

Não bastam declarações ex cathedra condenando genericamente a pedofilia, quando na sombra se desculpam e encobrem os prevaricadores…

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