Ameaça de bomba no Santuário de Lourdes

O terrorismo religioso é hoje uma das maiores ameaças à liberdade e à democracia, uma fonte de terror e manifestação de intolerância que os Estados não podem consentir.

A ameaça de bomba no Santuário de Lourdes, que move cada vez menos peregrinos, é o sinal de que a onda racista que percorre a França tende a agravar-se. A extrema-direita francesa, que encontra no catolicismo romano o cimento da sua coesão, vê na ameaça a forma de continuar a cruzada contra o Islão (quem sabe se não foi a autora do boato) e os muçulmanos uma forma de reforçarem o comunitarismo que impede a integração na República e acicata o ódio contra a laicidade.

Os santuários marianos são locais de idolatria à suposta virgem Maria e a forma mais eficaz de mobilizar os crentes que resistem à superstição alimentada por milagres. Lançar o pânico é acordar a fé que a modernidade remeteu para a mitologia. O medo alimenta a desconfiança e fortalece o ódio que une católicos fundamentalistas e muçulmanos na demência de submeterem o mundo a uma só religião e de o resgatarem de agnósticos, ateus, racionalistas, cépticos e livres-pensadores.

As religiões não podem estar ao abrigo do código penal nem da vigilância policial. Que os crentes aspirem ao Paraíso é um direito inalienável. Que impeçam os outros de seguir outro caminho é um caso de polícia que os Estados não podem descurar.

As leis da República são para respeitar pelos crentes, descrentes e anti-crentes. Todos têm iguais deveres perante a sociedade. A devoção é um assunto do foro particular que tem de ser respeitada mas não pode continuar como detonador do ódio e pretexto para novas guerras religiosas.

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