Grécia e ocidentais miragens …

Praça Syntagma em frente ao Parlamento grego (Atenas 29.06.2011)


Os confrontos entre grupos de jovens e as forças de segurança continuam no centro de Atenas, depois da aprovação por maioria no Parlamento grego do novo pacote de austeridade apresentado pelo Governo socialista de George Papandreou…
… O novo plano prevê cortes avaliados em 28,4 mil milhões de euros até 2015, e privatizações para angariar 50 mil milhões de euros.
(Lusa) link


São deveras angustiantes as imagens que os meios de comunicação social enviam de Atenas. Do mesmo modo, como nos parecem hipócritas e falsas as saudações do FMI, da Srª. Merkel, de Durão Barroso e do enigmático Van Rompuy...


Na verdade, fora dos egoísmos e das derivas nacionalistas que têm marcado a actuação política, económica e financeira da UE e da infindável imposição ultimatos ao Governo grego [medidas sem alternativa e ausência de plano B, são isso!] o que começa a ser impossível contornar é sabermos até onde se pode esticar a corda.
As imagens e os vídeos link que foram transmitidos(as) de Atenas mostram um clima pré-insurrecional. A vitória conseguida por Papandreau ontem no Parlamento terá sido a sua sentença de morte política. Mas o que os mercados conseguiram através de [intoleráveis] pressões da EU e do FMI não andará longe de uma vitória de Pirro. Na realidade, a crispação social mesclada de uma cada vez mais indisfarçável violência, mostra como uma democracia representativa pode virar as costas às aspirações e aos protestos de um povo. Como um regime se divorcia da sociedade e se torna "surdo" perante os clamores populares. E sucedendo isso, a democracia caminha para o suicídio. Todos o sabemos. Só não sabemos quando e como.


Os problemas que gravitam á volta dos países que integram o espaço monetário europeu, i.e., o euro, [dos défices, das dívidas externas, dos crescimentos económicos anémicos, da recessão, do desemprego galopante, etc.] começam a mostrar-se incompatíveis com medidas avulsas acordadas no seio de uma Europa mergulhada numa profunda crise e, por outro lado, totalmente dessincronizados dos interesses e perspectivas da superstrutura financeira mundial (FMI). A Grécia mostrou hoje ao Mundo estar [socialmente] em "pé de guerra", [politicamente] a ser conduzida para um beco sem saída, sem outra perspectiva de futuro que não sejam medidas de austeridade atrás de medidas de austeridade...


E a "receita" aí aplicada não tardará a atingir outros países europeus. A fábula das diferenças, de todas as diferenças, dos “outros” em relação ao “caso grego” é cada vez mais uma miragem...

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