Guiné-Bissau


Um novo “golpe de força”, ou “um golpe de Estado abortado”, decorreu, no passado dia 26, na Guiné-Bissau. link


Sob o pretexto de reivindicações salariais Bissau acordou debaixo de um tiroteio que fustigou o Estado-Maior das Forças Armadas. Na verdade, estas movimentações militares poderão ser o anúncio de uma crise política que começa a desenhar-se em Bissau e que estarão relacionadas com o estado de saúde crítico do presidente Malam Bacai Sanha, neste momento, internado num hospital parisiense (hospital militar Val de Grâce).
Este é, também, mais um (triste) episódio da crónica instabilidade político-militar nesta antiga colónia portuguesa. Recorde-se que o último levantamento militar ocorreu há pouco mais de 1 ano (1 de Abril de 2010).
A Guiné-Bissau tem sido vítima de recorrentes sobressaltos político-militares, praticamente desde a sua independência. Este novo País que – prematuramente e ignobilmente - perdeu o seu líder histórico (Amílcar Cabral) jamais se “encontrou”.

Desde 1974 que, a Guiné-Bissau, não consegue erguer um sistema político sólido, nem de promover um desenvolvimento económico sustentado.

A sua economia continua dependente de 3 vectores: uma agricultura de subsistência, a exportação de castanha de caju (em crise) e o investimento directo estrangeiro.

Hoje, já com algum distanciamento, é possível questionar como estão investimentos do tipo: Sociedade Guineense de Pescas (Semapesca ); Fábrica de leite blufo; Fábrica de compota ( Titina Sila); Fábrica de cervejas (Cicer), Fábrica de automóveis (N’gâe/Citroen); Fábricas de descasque de arroz, Fábrica de sabões, bem como de infraestruturas, p. exº., Companhia Aérea Guineense; Aeroportos Regionais, etc. ?. Bem, tudo perdido, ao abandono!

De facto, o ambiente político e económico é dominado por dispersos interesses tribais (existem cerca de 30 etnias) e as cúpulas dirigentes interessadas em protagonizar projectos de poder e de enriquecimento pessoal. Para isso colocaram chefes militares (da guerra de libertação) em funções públicas (políticas e administrativas). Este “reajustamento” (encabeçado por Nino Vieira em 1980) prosseguiu com a concentração de poderes em restritos círculos político-militares em Bissau e a consolidação no poder de uma “classe dirigente” inadaptada aos desafios políticos e económicos.

O descalabro das políticas económicas ensaiadas enredou o País na corrupção, no narcotráfico e numa extrema dependência da ajuda externa (que tem beneficiado directamente essa mesma “classe dirigente”). Relembremos que dois dos actores mais visíveis no contexto guineense, Nino Vieira (ex-presidente da República) e Assumane Mané (ex-chefe militar), encontraram, no exercício dos seus cargos, a morte (violenta).

Não será, portanto, de estranhar que seja apontado como um dos “cabecilhas” da actual rebelião o contra-almirante Bubo Na Tchuto. Precisamente o homem que é apontado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos como o principal narcotraficante na Guiné-Bissau… link link

Comentários

e-pá! disse…
Adenda:

Ainda sobre este assunto… link; link; link.

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