Viva o 25 de Abril. Sempre.


Trinta e oito anos passados sobre a manhã libertadora de Abril, regressam o medo e a fome. Por ora não é ainda a PIDE que prende, é o desemprego e a destruição metódica e eficaz dos direitos conquistados que paralisam o povo e o lançam de novo na aventura da emigração e na incerteza do futuro.

Os atuais governantes têm um projeto político extremista e o objetivo de cercear direitos e fazerem do país um laboratório do ultraliberalismo, “custe o que custar”. O desespero que espalham é a semente das convulsões que se avizinham num retrocesso que os mais pessimistas estavam longe de prever.

Apagam os símbolos identitários da Pátria com a alienação dos feriados do 5 de outubro e do 1 de dezembro enquanto o 10 de junho, com um PR de débil cultura, se transforma, como no fascismo, em altar da exaltação da raça, com os feriados pios a permanecerem por imposição do Vaticano, que despreza e humilha o país.

A reabilitação da guerra colonial está em curso, o regresso dos velhos valores têm um discurso, uma lógica e um projeto, seguidos pelos que nunca se conformaram com a perda do Império e o descrédito da ditadura. Só faltava empobrecer os portugueses e submetê-los pelo medo. A fome, o desemprego e o empobrecimento coletivo estão nos planos de um governo extremista que vê no ultraliberalismo o caminho da salvação.

É o regresso mole a um passado afrontoso e a um quotidiano de desespero.

Abril cumpriu a descolonização, o desenvolvimento e a democratização e não foram os seus capitães que agravaram as desigualdades sociais ou contribuíram para a perda da generosidade, entusiasmo e solidariedade que galvanizaram Portugal e os portugueses.

Não se ignora a crise que se abateu sobre o mundo, mas não há justificação para a falta de equidade na repartição dos sacrifícios nem para a devastação dos direitos a que só a cegueira ideológica e o espírito de vingança marcam o ritmo e a seletividade.  

A PIDE, as prisões políticas, a censura, o degredo, o exílio, a tortura, a discriminação da mulher, a violação do domicílio e da correspondência são dolorosas recordações dos mais velhos. Restauraram-se os direitos cívicos, implantou-se a democracia. É pouco? Nunca tão poucos fizeram tanto por Portugal como os capitães de Abril. Não deixemos agora que nos conduzam ao passado.

A escalada contra as conquistas de Abril pode ser parada. Comemorar Abril, ser fiel ao seu ideário e honrar os seus heróis é uma forma de dizer basta à mais violenta ofensiva da direita contra os seus valores, nos últimos 38 anos.  Nada, absolutamente nada, pode ser pior do que o Portugal beato, rural e analfabeto que o salazarismo manteve graças à repressão policial. 

Na ditadura o País não era a casa comum dos Portugueses. Era a cela coletiva dos que não fugiam. O 25 de Abril transformou Portugal. Tanto tempo nas nossas vidas, tão pouco na história de um povo. É tempo de voltarmos ao espírito de Abril.

Viva o 25 de Abril. SEMPRE.

Comentários

ana disse…
VIVA O 25 DE ABRIL!
"...o Vaticano, que despreza e humilha o país", que andou séculos a lamber-lhe a sotaina, e agora anda outra vez.
Do 25 d'Abril,a típica Revolução,
teve o apoio da massa popular,
os fascistas deixaram a onda passar
e depois voltaram com má intenção.

Marcelo era o Nº 2 da Legião,
e o Góis Mota não teve a ousadia,
de protegê-lo com seu Batalhão,
a Legião era uma merda sem valia.

E da Guarda Nacional Republicana,
também foi inútil a protecção,
pois nenhum Carrajola teve gana,
para enfrentar o Maia Capitão.

Nem a Senhora do Carmodeu protecção
ao Marcelo Caetano encurralado,
nem mesmo da Guarda o Esquadrão,
se atreveu a enfrentar o Maia Ousado.

E a temerosa Pide salazarista,
qual fera acossada no covil,
apesar de ser agora marcelista,
ficou acagaçada com o 25 d'Abril.

Os Capitães d'Abril,sem Política experiência,
entregaram a Spínola,vaidoso militarão,
o Comando Militar da Revolução,
e depois,da Répública,a Presidência.

Mas Spínola,com monóculo à alemão,
era simpatizante do Nazismo,
e temendo o fantasma do Comunismo,
tratou de sabotar a Revolução.

E Carlucci,o Embaixador mafioso, segredou ao Soares e aos soaristas
que os Pides eram um trunfo precioso,
para dar combate aos comunistas.

Os Pides evaporaram-se sem julgamento,
pois êles eram funcionários do Estado,
e a Direita maioritária no Parlamento,
quer absolvê-los do criminoso passado.

Pois Mário Soares e os soaristas,
com o apoio da Social Democracia,
recorreram à NATO e à CIA,
para bater os perigosos comunistas.

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