A impressionante e laureada Senhora AUNG SAN SUU KYI...



A Birmânia (actualmente designada pela República da União de Myanmar), antiga colónia asiática do Reino Unido até rescaldo da II Guerra Mundial (1948) e ao desmembramento das imperiais ‘Índias Britânicas’, é um território encravado entre a China, Índia, Laos e Tailândia com uma extensa costa banhada pelo Oceano Índico, que inclui o conhecido (dos portugueses) Golfo de Bengala.

Etnicamente, a Birmânia é uma miscelânea de povos que congregam mais de uma centena de grupos étnicos, linguísticos e religiosos que originaram (e continuam a alimentar) múltiplos conflitos (desde as guerras anglo-birmanesas) que assolaram a região durante quase todo o século XIX e hoje em dia ainda peristem A principal língua falada é a sino-tibetana, mais propriamente, a variante tibeto-birmanesa.

A Birmânia viria, ainda, a ser um importante palco bélico no sudeste asiático, durante a II Guerra Mundial, sendo invadida pelo Japão e tendo compulsivamente regressado ao Império Britânico com o fim da guerra (1945).

Durante a II Guerra Mundial e perante a ocupação nipónica crescem as ideias e os movimentos independentistas aproveitando a embalagem do ‘movimento Thankin’ que, nos primórdios grande conflito mundial (em 1936) tinha conseguido separar, administrativamente, a Birmânia da Índia, embora ambas ambas continuassem a integrar o Império Britânico. O ‘exército nacional birmanês’ que nasce da vontade de libertar-se do domínio colonial inglês, passou por diversas peripécias negociais e complots, e tendo sido inicialmente apoiado pelos japoneses viria – com o desenrolar dos acontecimentos - a desempenhar também m papel fundamental na libertação do território da ocupação nipónica, abrindo caminho para a independência da ex-colónia britânica.

Um dos homens que organizou e dirigiu este ‘Exército Nacional Birmanês’ chamava-se Aung San que viria a desempenhar um importante papel no processo de transição para a independência (1945-47) da Birmânia.

Aung San – e outros membros do seu grupo (gabinete) - viria a ser vítimas de um cruel assassinato (19 Julho 1947), cujos contornos nunca ficaram bem definidos, mas que teria contado com múltiplas cumplicidades desde comunistas a oficiais coloniais britânicos.

Este acto criminoso cuja responsabilidade foi imputada a Galon U Saw – um dirigente político desde a era colonial – catapultou Aung San para a mítica figura de “pai da pátria”.

Quando Aung San morre deixa vários filhos entre eles Aung San Suu Kyi, na altura com 2 anos de idade.
Após conturbados incidentes Aung San Suu Kyi fica ligada à sua mãe que entre outros cargos ocupou a estratégica posição de embaixadora na Índia (1960). Mais tarde (1964) , para dar continuidade à sua formação académica, ruma ao Reino Unido, onde frequenta a Universidade de Oxford (nas áreas de filosofia, política e economia). Depois de curtas deambulações profissionais pela Ásia (Japão e Butão) fixa-se no Reino Unido onde, tendo como companheiro o académico Michael Aris, constitui família e tem dois filhos.

Em 1988 regressa a Rangum para tratar da sua mãe - Daw Khin Kyi – gravemente doente. Este regresso marca o confronto de Aung San Suu Kyi com a dura realidade que fustiga a Birmânia, nomeadamente a ferocidade de uma ditadura militar que ameaça a coesão nacional.
A sua personalidade política imbuída de um profundo fascínio pelas campanhas pacifistas pelos direitos civis de Gandhi na Índia e Luther King nos EUA lançam-na numa itinerância por todo o País, contra o ditador de serviço, o general Ne Win, batendo-se por reformas democráticas e pela realização de eleições livres. Em pouco tempo consegue mobilizar para a rua muitos trabalhadores, estudantes e até monges budistas, que reclamam eleições livres.

No ano seguinte (1989) considerando-a responsável pelas manifestações a Junta Militar coloca-a (pela primeira vez) em prisão domiciliária.

Todavia, a pressão popular força a ditadura militar a convocar eleições em 1990. Apesar de estar submetida a prisão domiciliária, o seu partido a Liga Nacional pela Democracia (LND), vence de modo categórico e convincente as eleições. A Junta Militar recusa-se a entregar o poder aos vencedores e decide ‘eternizar-se‘ no poder, com alguma nuances cosméticas decorrentes de pressões intercionais, até aos dias de hoje.

Aung San Suu Kyi, lança-se – apesar de recorrentes períodos de detenção domiciliária se sucederem uns atrás dos outros - num convicta, longa e firme campanha de resistência pela conciliação nacional através de instituições democráticas que, podemos dizer, ainda continua.

No ano seguinte às eleições (1991) é laureada com o Prémio Nobel da Paz. Decide não se deslocar a Oslo por temer que a Junta Militar aproveitasse esse facto para forçá-la a um exílio permanente.

Anualmente, as medidas de prisão domiciliária foram sendo sistematicamente revogadas, apesar de dramáticos problemas familiares (morte do marido, afastamento dos filhos, etc.) e de uma impressionante fragilidade da sua condição física. Estas medidas discricionárias e anti-democráticas só viriam a ser levantadas em Novembro de 2010 quando o isolamento internacional da Junta Militar birmanesa fragilizou a sua ‘mão dura’. Recebe, com o fim da sua detenção domiciliária, a visita do seu filho Kim que já não via há uma década...

Em Abril de 2012 , a Junta Militar, em jeito de Restyling e, sobretudo, face à crescente conflitualidade étnica e religiosa (budistas e muçulmanos) resolve dar tímidos passos em relação a um clima de conciliação nacional e decide preencher, por escrutínio popular, 45 lugares parlamentares declarados em vacatura por deslocação dos respectivos titulares para funções executivas.

O NLD dirigido por Aung San Suu Kyi vence de maneira estrondosa essas eleições conquistando 43 dos 45 lugares em disputa.

Ocupou - num clima de controvérsia acerca da legitimidade da Constituição em vigor que teria de jurar - o seu lugar no Parlamento, tornando-se líder da Oposição.

Faz, neste momento, um périplo pelo Mundo a fim de retomar contactos políticos interrompidos por tão largo tempo.

Esteve estes dias em Oslo e foi homenageada pelo Comité do Nobel da Paz, facto que delicadas circunstâncias políticas tinham impedido de acontecer há 21 anos.
Enfim, uma vida plena, de uma mulher com um aspecto fisicamente tão frágil mas que continua a mostrar, no dia-a-dia da sua perene luta pela democracia, possuir uma força hercúlea, indomável.

Impressionante!

Comentários

Q mulher! Aung San Suu Kyi inteligentíssima! Um dia quem sabe eu adoraria ser um pouquinho como ela! Namastê!

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