O Vaticano e a política


O jornal oficial da Santa Sé manifestou hoje publicamente o seu apoio ao primeiro-ministro italiano demissionário Mario Monti, que já admitiu estar pronto para liderar um Governo se for convidado.

O diário "L'Osservatore Romano" publicou hoje um artigo intitulado “A entrada na política do senador Monti”, assinado por Marco Bellizi, em que expressa o seu apoio ao tecnocrata e salienta a necessidade de “recuperar o sentido mais alto e nobre da política”.

Comentário - A última teocracia europeia apoia sempre a direita, desde Hitler e Mussolini a Franco, Videla, Pinochet e Salazar.

Comentários

e-pá! disse…
Esta a perigosa evolução da política nos tempos de crise.
Nos Governos são colocados 'homens de mão' do poder financeiro. Monti é um exemplo dessa situação, independentemente, da notória 'incapacidade' de Berlusconi para governar a Itália.

A democracia - nos paíse europeus em dificuldades economicas, financeiras e sociais - está, perigosamente, a ser restringida a uma mera ratificação de escolhas prévias, feitas em antros do poder financeiro. É corrompida pelo modelo plebiscitário.
De facto, aos cidadãos não é permitido participar nas opções políticas. São orientados para uma dicotómica escolha entre: este senhor ou o caos (ou a bancarrota).
Muito deste 'esquema' tem sido, também, aplicado a Portugal. Vitor Gaspar é um zeloso funcionário oriundo das obscuras estruturas financeiras e tem sido apresentado como a 'face visível' do País perante os 'mercados'. Comanda de facto o Governo português apesar de, formalmente, este ser presidido por Passos Coelho. Vamos ver como vai evoluir a situação lusa.

Para quem pensava que o modelo Monti correspondia a um acidente de percurso da democracia italiana e seria, portanto, um 'mal necessário', as recentes evoluções mostram como a excepção poderá transformar-se na regra.
O modelo democrático europeu (ocidental) não dispensa, nem pode marginalizar, os partidos políticos, as escolhas ideológicas, os parceiros sociais, a afirmação das identidades culturais, etc.

A religião católica que perdeu o seu estatuto tutorial da política, privilégio que gozou durante séculos, neste momentos, mostra como está saudosista de velhas 'orgânicas' do poder.
E, sempre que pode, exibe um apetite pela teocracia. O artigo do 'Osservatore Romano' é, por assim dizer, uma tentativa de coroação de Monti compo governante italiano pela 'graça de deus'.
Falta dizer: se Roma fosse o Vaticano seria assim. E, na habitual manipulação que gosta de fazer das dificuldades, não se envergonha de afirmar que este é o 'sentido mais alto e nobre da política'. Poderia ter dito 'celestial'.
Só que os cidadãos teimam em continuar com os pés assentes na terra e a exigir um exercício democrático republicano, laico e participativo.
Os 'Consistórios', no espaço europeu, estão confinados ao 'território' do Vaticano. Os ´princípes da igreja' que vagueiam por esse enclave ainda não perceberam isto. E insistem em espalhar a sua 'receita' como se a democracia fosse um problema de 'fé' e não uma exigência da cidadania plena.

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