Os novos partidos e a choldra

Negar o direito de criar novos partidos é uma atitude reacionária de quem tem interesses a defender ou favores a pagar. A democracia é um decurso dialético que exige mudança, saltos qualitativos na forma de pensar, agir e resolver os problemas que surgem.

Julgo errado que o Tribunal Constitucional dificulte o aparecimento de novos partidos e a possibilidade de novos atores entrarem na cena política. Os partidos, tal como os seres vivos , nascem, crescem e morrem. É da natureza das coisas que assim aconteça, salvo razões jurídicas que justifiquem uma decisão contrária.

Curiosamente, assisto à euforia com que algumas personalidades que viveram à sombra dos atuais partidos, perdidas as sinecuras, se lançam em novas aventuras, à espera das oportunidades que um novo partido lhes possa oferecer.

Com idealistas generosos, vogam, entre a utopia e o ressentimento, pulhas oportunistas.
O barco da utopia leva marinheiros de águas doce e de águas turvas, marujos capazes de enfrentar a procela do mar e ratos que esperam o naufrágio para mudar de embarcação.

Há os idealistas e a choldra. É a vida.


Comentários

e-pá! disse…
A 'choldra' é, de facto, uma arguta e esclarecida visão queirosiana deste País que assenta na actual situação como uma luva.
Talvez estejamos pior. Agora não só importamos "Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos,...", como afirma a persongem João da Ega, mas para além disso existem uns senhores de preto que vêm cá 'examinar', periodicamente, se estamos a cumprir... É a choldra amarrada à canga dos mercados e insuportavelmente tutelada.
Teriamos, portanto, transitado da ignóbil e atávica choldra descrita por Eça para uma 'fatal choldra' criada e devastada pela onda neoliberal que varre a Europa.
Aliás Eça é premonitório quando pede aos políticos 'menos liberalismo e mais carácter'...

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