A mentira, o terrorismo e a catástrofe


Quando um Governo provoca e chantageia os Tribunais não cria um problema político, transforma-se num caso de polícia e a sua substituição já não é só um imperativo ético, é uma necessidade de higiene pública.

O chumbo de quatro artigos do OE 2013 continuam a ser a arma de arremesso com que o génio que a troika recomendou para ministro das Finanças encobre a sua derrapagem orçamental.

Se, por hipótese, o PR reincidisse na incúria de não pedir a fiscalização do OE 2013, se os deputados da oposição e o Provedor de Justiça se tivessem abstido de zelar pela CRP, isto é, se o Governo tivesse visto aprovar o Orçamento com que quis afrontar o TC, nem assim se teriam equilibrado as contas públicas.

O processo de intoxicação em curso procura fazer esquecer uma derrapagem orçamental incomparavelmente superior aos 1.300 milhões de euros atrás dos quais se esconderam a troika e o seu Governo. O TC, na honrada apreciação que fez do OE 2013, na coragem com que resistiu à chantagem de alguns abjetos governantes e deputados e na coerência que manteve na jurisprudência, já feita no OE 2012, acabou por fornecer um álibi a este Governo e à troika cuja incompetência nas previsões seria justa causa de despedimento.

A forma sádica como Portugal está a ser tratado, agravada pela incompetência de quem aconselhou o Governo que lhe tributou uma fidelidade canina, é uma atitude que já atingiu o ponto de saturação dos contribuintes, ultrapassou o nível de sofrimento que um povo pode suportar e a dívida que, neste montante e a estes juros, nenhum país, por mais anos por que seja diferido o seu pagamento, conseguirá pagar.

O Governo, esgotado nas soluções, humilhado com os resultados e confrontado com as promessas, esqueceu os ataques torpes à oposição e acabou a pedir aos funcionários da troika para comprometerem o PS no buraco que cavaram e na procura de um rumo que, até agora, foi incapaz de encontrar.

Finalmente, o Governo viu que não estava preparado para resolver as dificuldades que a crise internacional agravou à débil economia periférica de Portugal e acabou a implorar ao PS que não lhe fizesse o que os partidos que o sustentam fizeram ao PS, quando lhe chumbaram o PEC IV, com os conhecidos e irreparáveis prejuízos causados ao país, na ânsia de assumirem o poder com quem não tinha a mínima competência para o exercer.

Nem lhes tremeram os joelhos ao votarem ao lado do PCP e do BE que coerentemente, por opção ideológica, se lhe opunham. O Governo e o PR, que o ajuda, são responsáveis pelo beco a que nos conduziram.

O Governo não pede ao PS que seja bombeiro, pede uma carta de conforto e um fiador.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

SLGS disse…
Uma conversa muito PS.
Na minha terra diz-se: CANTAS BEM, MAS NÃO ME ALEGRAS.......
e-pá! disse…
O Governo deu hoje de manhã na conferência de imprensa, decorrente da maratona do último Conselho de Ministro, uma imagem verdadeiramente preocupante.
Quem viu e ouviu os 4 membroa do Governo presentes ficou a saber que está o colectivo está paralisado por fracturas internas e que perdeu a capacidade para arquitectar uma qualquer solução.
E aflitiva foi a demonstração de completa desagregação do elenco governamental a par do envio do nóvel ministro Poiares Maduro para fazer repetidos e desesperados apelos a um consenso por parte do PS.
E a última mentira que tentou passar para a opinião pública é a de que não decidiu nada porque quer deixar 'portas abertas' para negociar com o PS e os parceiros sociais.
Resumindo, o governo no seguimento da longa reunião de ontem não anunciou nada de concreto porque, de facto, já não existe. Sucumbiu no pântano das suas convições neoliberais...

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides