Portugal, a dívida e o castigo

A troika, à boa maneira protestante, escolheu Portugal para o obrigar, de forma sádica, à expiação do pecado da dívida. Nem o facto de Portugal ter sido vítima dos mercados, a que não são alheias as instituições financeiras que os desregularam e, simultaneamente, nos conduzem no que chamam o equilíbrio das contas públicas, as conteve na crueldade da receita.

A penitência tem o toque perverso de serem os algozes a escolher os sequazes. O nível dos juros e a espiral recessiva que caminha para a depressão, levou vários economistas a condenarem o caminho, por ser errado, e a violência do castigo, por ser cruel.

 O Nobel da Economia, Paul Krugman, através do New York Times, refere a situação portuguesa como um pesadelo insuportável. Não é adepto do «custe o que custar» e é sensível ao desemprego dramático e à destruição metódica e sistemática das unidades familiares de negócio, “o núcleo da economia e da estrutura social”. Ao mesmo tempo que discorda do modelo económico de que Portugal tem sido um laboratório, acusa a liderança da UE de ser tão irresponsável como nós portugueses consideramos a nossa.

O pesadelo económico-financeiro a que nos condenaram é o resultado de uma deriva de natureza ideológica que se afigura como vingança contra um País que ousou acabar com o colonialismo, implantar a democracia e sonhar com um modelo social.

Não faltaram os carrascos para irem além da troika e atirarem um milhão de portugueses para o desemprego e o desespero, enquanto, a conta-gotas, ameaçam e paralisam o País.

A incompetência e a maldade uniram-se numa coincidência trágica de uma maioria, um Governo e um Presidente, com as pessoas mais certas para o mais errado dos percursos.


Assim, não. Não podemos permitir que façam de nós as cobaias do regresso ao passado. 

Comentários

José Auzendo disse…

Meu deus valei-me!... Será que não se cansam? Por que não se calam?

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