As eleições autárquicas e a luta pelo emprego

Os autarcas nómadas fazem da função um emprego enquanto os sedentários procuram colocação. O TC decidiu de acordo com a vontade dos partidos, a que faltou a coragem para assumirem o ónus da perpetuação no poder, garantida por redes de cumplicidades que se transferem para os concelhos vizinhos.

O País enche-se de lixo publicitário numa infinidade de concelhos e freguesias onde as oposições deviam ter apoiado o Governo na redução do número de autarquias. Nem um só partido quis perder votos, preferem assistir ao despedimento de funcionários.

Os 278 concelhos do continente, 11 na Madeira e 19 nos Açores transferem os caciques, depois da colheita dos votos no alfobre das cumplicidades, para as Empresas Públicas e Fundações. É preferível despedir trabalhadores a reduzir empregos políticos.

Se o desempenho dos futuros autarcas estiver ao nível dos cartazes e das palavras que os exornam, não há quem administre o território, temos a vacuidade de ideias e o regabofe.

A reforma administrativa limitou-se à eliminação de freguesias onde, na maior parte, já não há gente para preencher os lugares autárquicos. A regionalização, patrioticamente esquecida, continua a fazer sentido, para dar coerência à divisão do País e à redução da assimetrias, mas é a luta por empregos próprios e os destinados a amigos que mobiliza os candidatos num combate sem regras que terminará no próximo dia 29.

Uns fingem-se de independentes, outros são trânsfugas sem ideologia e todos procuram um emprego para 4 anos ou, no mínimo, senhas de presença e pagamento de viagens às reuniões. É a vida.

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