As eleições autárquicas e a propaganda

Os mais afortunados a usar dinheiros públicos já começaram com feiras do artesanato, inaugurações, às vezes repetidas, e festas populares, com transportes, vitualhas e vídeos promocionais da obra feita, a preparar os eleitores para o voto que é preciso fidelizar ou transferir para outro protagonista, dentro do partido, se o atual expirou o prazo legal.

Aos independentes, com trânsfugas e desempregados políticos, resta-lhes aproveitarem as comemorações cívicas cuja memória histórica é património de muitos, diminuindo a participação nas cerimónias pelo uso eleitoral que deviam ter vergonha de hegemonizar.

Lamentável é o mau serviço que prestam quando se escondem sob um pseudónimo cuja ideologia é difícil descobrir, se refugiam no embuste da apoliticidade ou numa frente de ideologias conflituantes, tendo como único denominador comum a luta pelo poder.

Os partidos instalados usam e abusam, às escâncaras, da máquina partidária e dos meios públicos que o pudor republicano devia impedir. Os comícios sub-reptícios, sob o álibi de uma inauguração, a pretexto da festa canónica ou com a alegação de uma despedida ao autarca que não pode recandidatar-se, são bem mais eficazes do que as assembleias de avençados partidários com dependentes dos contratos a recibo-verde, onde se reúnem a força pública e o público à força.

Gostaria de poder votar no partido de menos poluição visual, sonora ou motorizada, mas a necessidade de derrubar os emblemas fiéis aos partidos que conduzem Portugal para o abismo, numa sanha libertina contra a Constituição e os direitos dos trabalhadores, leva-me a guardar o voto para os castigar.

Nem sequer posso optar entre os que fazem promessas e quem apenas procura reduzir o défice autárquico que vai herdar. Era o último que mereceria o meu voto, na certeza de que extinguiria as Empresas Públicas municipais e faria um orçamento consolidado do município. Talvez um dia os autarcas sejam obrigados.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

e-pá! disse…
Todo este modelo autárquico que gerou 'dinossauros excelentíssimos' está na hora da morte.
O paradigma das 'rotundas', dos amplos pavilhões gimnodesportivos, está agonizante.
Daqui para a frente será avaliada capacidade de manter aberta uma estação de CTT, um centro de saúde, uma repartição de impostos, um tribunal, etc.
Os autarcas vão ser empurrados para terreiros misericordiosos, i. e., dos que as circunstâncias políticas que orientam a destruição do Estado sob uma capa 'assistencialista' mantêm com "parcerias público-sociais", exímias recolectoras das transferências dos dinheiros públicos para 'irmandades' sob um novo chavão (a 'Economia Social'), e de que são (beneméritos) exemplos: o lar de idosos, o infantário, o centro de dia, os cuidados continuados, a 'sopa dos pobres', etc.
Dentro de pouco tempo os presidentes das Câmaras serão perfeitamente dispensáveis e o território, como nos tempos de antanho, dividido em paróquias. A administração dessas circunscrições (canónicas) poderá, então, ser entregue, p. exº., a cónegos.
Esta a 'evolução' estrutural que está na forja. Como se fosse um natural 'ajustamento' à realidade nacional ditado pelas circunstâncias excepcionais dos tempos de correm.
São os frutos de uma política paroquial pacientemente urdida e que está desd há algum tempo a oficiar as exéquias de uma das grandes conquistas decorrentes da reforma administrativa de 1836 (de matriz liberal) e que foi 'acarinhada' pelo regime republicano de 1910. O 'recuo' em curso é deste tamanho.
Uma inacreditável vergonha!
Mais um comentário que merecia ser post.
Bmonteiro disse…
29 Setembro - ajuste contas.
Isto está uma autêntica ópera bufa.
Com bufões de alto gabarito, entre Menezes e Searas.
a) Evitar aparecer nas assembleias de voto.
b) Não votar troika PS=PSD=CDS.
Votar em qq das restantes listas.
Barroca Monteiro:

Ainda há de explicar a um civil como se vota «nas restantes listas» evitando aparecer nas assembleias de voto!
Bmonteiro disse…
Lendo a)b)c) como alternativas.
Por ex, de forma útil, mesmo que engolindo um sapo: PCP.
Unknown disse…
não nos iludamos camaradas,!eles tentam mudar mas infelismen-te é já problema genético,!resta-nos continuar a dar-lhe lições de honra e orgulho e assim alimentar a esperânça que nos cruzemos com eles todos os dias pra que possam ver os rostos da honrradêz,com um abraço pra todos vós me despeço,,,,saude e agua boa ***

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides