A CGTP, o MAI e a Ponte 25 de Abril

Há jogos em que todos perdem. Neste braço de barro, entre a CGTP e o MAI, a central sindical partiu o braço. Fosse para não dar oportunidade ao Governo para uma prova de força – uma repressão policial violenta –, fosse por deficiente análise da correlação de forças, a verdade é que a CGTP perdeu a batalha e o Governo perdeu a face.

Numa ponte onde se realizaram dezenas de maratonas e, só agora, aparecem pareceres técnicos negativos, a decisão ministerial cheira a mentira e tresanda a arbitrariedade. Não ganhou, pois, o Governo. Entre o desafio a uma prepotência e a capitulação, não sei qual seria a melhor opção, mas a decisão, sensata e pragmática, terá efeitos demolidores para a central sindical.

O que é grave é a entrada de leão dos trabalhadores e a saída de autocarros a buzinarem. Sempre que se perde uma batalha sindical, a próxima será mais difícil. E quando uma central sindical, experiente e fiável, perde uma batalha, não é o Governo que fica mais forte, é a anarquia que pode ganhar a rua, os provocadores que ficam à solta e as forças de segurança que ficam mais expostas.

Nenhuma das partes pode cantar vitória, por maior que seja o buzinão. Mais aturdidos com as medidas do Orçamento do que com as buzinas dos autocarros, os trabalhadores, perdida a confiança na única central com força mobilizadora, ficam expostos ao risco de aventureirismos e à demagogia de pescadores de águas turvas.

Este episódio vai ter reflexos negativos no futuro sindical e nas previsões do Governo.

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