Malala Yousafzai e o Prémio Sakharov


Hoje empalidecem os avanços da ciência, por mais destacados e promissores que sejam; esmorece o entusiasmo pelo Nobel da Literatura a uma escritora seguramente notável; olvidam-se os mortos que a fome condena, os náufragos que a miséria devora e as tragédias que assolam o mundo.

A frágil adolescente, com a coragem de que só uma grande mulher é capaz, enfrentou séculos de fé e estupidez, tradições de violência e misoginia, hábitos tribais envoltos em direitos patriarcais. Uma jovem que nem a tiro renunciou ao direito à educação, para si e para todas as mulheres do mundo, não é apenas um exemplo de coragem, é a síntese de todas as mulheres sacrificadas pelos preconceitos, humilhadas pelo género e despertadas para a luta pela audácia que escondia.

Malala Yousafzai, de 16 anos, venceu o Prémio Sakharov, que o Parlamento Europeu (PE) atribui anualmente, em nome da defesa dos direitos humanos e da liberdade de pensamento. Ela fez mais pela libertação da mulher, pelo progresso da humanidade e pela condenação do fascismo islâmico do que os manifestos em defesa dos princípios pelos quais enfrentou a morte.

A igualdade de género não é um direito adquirido, é uma exigência ética e um dever que a civilização consagra, mas que precisa do corpo frágil de uma adolescente para receber as balas de quem se lhe opõe.

Para Malala, nossa irmã, filha e mulher, vai hoje o pensamento e a admiração de todos os que defendem uma sociedade liberta de dogmas, superstições e medos. Ela deu-nos, com  o seu sacrifício, a mais bela das lições e o mais heroico dos exemplos.

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