O fascismo e as eleições

Era o ano de 1965 e outubro o mês. A ditadura organizou a farsa habitual que dava pelo nome de «eleições» para a Assembleia Nacional.

O mandatário nacional da Oposição era o saudoso Dr. Francisco Salgado Zenha. No distrito de Lisboa o representante era o futuro fundador do PS e deputado à Constituinte, Joaquim Catanho de Meneses.

No concelho da Lourinhã tive o privilégio de ser o delegado concelhio. Os votos da União Nacional vieram pelo correio quando a Oposição, à falta de condições mínimas, já tinha desistido de colaborar na farsa.

No café Belmar, o único que existia, à mesa, quatro cidadãos inutilizaram os boletins de voto. Aqui ficam os nomes, além do do signatário: Afonso Moura Guedes, futuro deputado e líder do PSD; José Francisco Vacas, professor e Manuel Gentil da Silva Horta, comerciante.

No dia seguinte encontrámo-nos os quatro a votar e sorrimos com cumplicidade.

Os resultados eleitorais sufragaram a lista da União Nacional (única) com cerca de 98% dos votos, tendo havido 2 (dois) nulos, em todo o concelho.

Eram assim as eleições no regime fascista que deixou discípulos: caluniadores, bufos e mentirosos, nostálgicos do passado. Em que partidos votarão?

Comentários

jmramalho disse…
Ora, ora, essa é fácil: Os filhos são membros do actual governo e os netos são os tais "especialistas" contratados a peso de ouro!
Agostinho disse…
E, desconfio eu, os tais vão conseguir levar os bois ao rêgo.

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