PE e oportunos acordos ‘pré-eleitorais’…

Estamos nas vésperas de eleições para o Parlamento Europeu (PE). Não serão muitos os europeus que reconhecem um papel fulcral – quanto a decisões e à capacidade de influenciar a política europeia - ao Parlamento sediado em Estrasburgo e aí residirá a principal motivação do alheamento que se tornou endémico pela UE. 
Aliás, o ‘sentimento europeu’  vai em direcção à constatação de que as instituições existentes na UE (nomeadamente a Comissão Europeia) estão a ser esvaziadas de competências, de conteúdos e personalidades políticas. 
De momento, a deslocalização está a ser feita em direcção a Berlim, onde a estabilidade política (assegurada pela ‘convergência’ CDU/SPD) assentou arraiais e, ontem, 'alinhavou-se' um acordo entre técnicos do PE e do Conselho Europeu para uma próxima transferência das competências financeiras (já instaladas em Frankfurt sob o ‘modelo DeutshBank’) com a ilusão de que uma futura União Bancária Europeia criada de ‘novo’, sob a batuta do Banco Central Europeu (BCE), ficará imune a interferências políticas… link
Finalmente, para perturbar [ainda mais] a credibilidade das instituições europeias marca-se uma próxima votação sobre este assunto em plenário do PE em Abril próximo, isto é,  em cima das eleições.

Resumindo: A União Bancária Europeia, consagrada no papel como um importante instrumento de regulação da política financeira da UE, arrasta-se penosamente desde o Tratado de Lisboa. Vítima de cíclicos adiamentos vincadamente políticos a que não são estranhos ‘tiques hegemónicos’ é desbloqueada na véspera das eleições para o PE. 
Ninguém acredita que este ‘passo eleitoral’ represente uma efectiva mudança, já que as efectivas decisões financeiras (e os consequentes reflexos no desenvolvimento económico europeu) continuarão dependentes do Conselho Europeu, onde não existem ilusões sobre quem e como aí pontifica. 
O timing do desbloqueamento processual (e só isso!) desta União Bancária deve ser encarado como um trunfo eleitoral do Partido Popular Europeu que, partidariamente, domina a composição do actual PE. Logo, uma oportuna mas ignóbil ‘jogada eleitoral’…

Os portugueses têm razões de sobra para se queixar destas manobras e dos sucessivos diferimentos políticos. Se a União Bancária tivesse nascido a tempo e a horas é de pressupor que, nos termos presentemente delineados no divulgado acordo PE/Conselho Europeu, estaríamos aliviados da pesada ‘carga BPN’. Mas mais uma vez estamos confrontados com um triste e histórico fado: ‘É tarde, Inês é morta’.

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