Viva o 25 de Abril

Há quem, antes, não tivesse precisado de partido, não sentisse a falta da liberdade e se desse bem a viver de joelhos e a andar de rastos.

Houve cúmplices da ditadura, bufos e torturadores, quem sentisse medo, quem estivesse desesperado, quem visse morrer na guerra camaradas, soubesse os amigos nas prisões e se calasse. Mas houve quem resistisse e gritasse e quem foi calado a tiro ou nas prisões.

Uns pagaram com a liberdade e a vida a revolta que sentiram, outros governaram a vida com a desonra que calaram.

Houve quem visse apodrecer o regime e quisesse a glória de exibir o cadáver e a glória da libertação. Viram-se frustrados por um punhado de capitães sem medo, pela plêiade de heróis que tudo arriscou para que todos pudéssemos ser livres.

Passada a euforia da vitória, ninguém lhes perdoou. Os heróis da mais bela revolução da História e agentes da maior mudança que Portugal viveu, são hoje banidos e humilhados por quem lhes deve o poder e as mordomias.

Uns esqueceram os cravos que lhes abriram o caminho do poder; outros reabilitaram os crápulas que nos oprimiram; outros, ainda, sem memória nem dignidade, afrontam o dia 25 de Abril com louvores fascistas e lúgubres evocações da ditadura derrubada.

Perante os ingratos e medíocres deixo aqui a TODOS os capitães de Abril o meu eterno obrigado.

Não quero saber o que fizeram depois, basta-me o que nesse dia fizeram.

Obrigado Otelo, Salgueiro Maia, Vasco Lourenço, Vítor Alves, Melo Antunes, Carlos Fabião, Costa Gomes, Gertrudes da Silva, José Fontão, Dinis de Almeida, Pezarat Correia, Franco Charais, Pedro Lauret, Garcia dos Santos, Duran Clemente, Costa Brás, Sousa e Castro, Marques Júnior, Luís Banazol, Almada Contreiras, Pinto Soares, Monteiro Valente, Delgado Fonseca, Vasco Gonçalves, Eurico Corvacho, Ramiro Correia, Martins Guerreiro, Costa Martins, Sanches Osório, Rosa Coutinho, Costa Brás, Vítor Crespo, Hugo dos Santos, Eurico Corvacho, Matos Gomes e tantos outros. Obrigado a todos os que conspiraram, fizeram, defenderam e consolidaram a Revolução de Abril.

Quando vos afrontam é a democracia que combatem; quando vos humilham são eles que se vilipendiam; e não vos esquecem, trazem na memória a desonra dos vendidos, a velhacaria dos ressabiados e a pusilanimidade dos cobardes.

Amanhã, Abril é mês e 25 dia.

Ponte Europa / Sorumbático

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