SHAME ON YOU, U. S. A.

Não sou antiamericano, nem muito menos antiamericano primário – chamo antiamericanos primários aqueles que, por uma espécie de reflexo condicionado que lhes ficou do tempo da Guerra Fria, se aliam a tudo o que é mau (Coreia do Norte, países onde vigora o fundamentalismo islâmico ou quejandas ditaduras, só por ser contra os E. U. A.). Por outro lado, tenho de reconhecer que a América deu e continua a dar ao mundo pessoas brilhantes, cidadãos que muito contribuíram para o progresso da liberdade e da própria humanidade.

Dito isto, considero os E.U.A. um país que ainda não saiu completamente do estado selvagem. Mantêm a pena de morte e a prisão perpétua, condenam como se fossem adultos, a pesadíssimas penas, crianças de treze anos, consideram direito inalienável a possibilidade de cada cidadão andar armado, tratam, isto é, maltratam, os suspeitos, mesmo de simples contraordenações, como na Europa nem os condenados por crimes gravíssimos são tratados, praticam um liberalismo e um individualismo inadmissíveis, continuam, apesar dos progressos feitos nessa matéria, a ser profundamente racistas, e são um dos países do mundo com o maior número de inocentes condenados por erros de julgamento.

Vem isto a propósito de um facto revoltante de que só ontem tive conhecimento: os E. U. A., já em 1952, pela mão do execrável senador McCarthy, a que alguém chamou McCão – que no entanto “trabalhava” com o consentimento, senão sob as ordens, das autoridades superiores da América – expulsou, ou pelo menos recusou o regresso aos EUA, de nem mais nem menos que Charles Chaplin, o grande, o enorme, o gigantesco Charlot, só por este ser de esquerda! Charlot valia mais que mil McCarthys e outros tantos presidentes da América juntos, mas, em vez de considerarem uma subida honra tê-lo no seu país, expulsaram-no! E o povo americano não reagiu!

Este ato, de que os americanos nunca pediram desculpa nem reconheceram como um gravíssimo erro, é, nem que seja apenas pelo seu valor simbólico, bem revelador do espírito selvático de um país e de um povo!

Comentários

brites disse…
pesa-me muito mais, embora lamente a situação, toda a gente que, sem meios económicos , amigos influentes ,projecção social e artística , não pôde escapar e a sua vida virou um inferno, foi a assassinada,ou torturada.

a intelectualidade não gosta do povo a passar fome, mas tem mtos esqueletos no armário...

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