Ou muito me engano ou o que tem de ser tem muita força

A agressiva campanha negra contra a esquerda, em geral, e o PS, em particular, efetuada pela central de intoxicação que levou ao poder esta maioria e este Governo, não podem deixar de dar frutos. A central prosperou com este Governo e, talvez, com a apropriação partidária e privada dos serviços secretos cuja atuação tem violado a lei e a decência.

Além do medo da Justiça, os empregos asseguram lealdades e corrompem consciências. Não é impunemente que se passam quatro anos a deturpar a verdade e a inventar factos, na deriva que começou com Relvas, Marco António, Passos Coelho e outros comparsas, antes das últimas legislativas, para, num golpe de mágica, se dedicarem a novos patrões.

Este dado é irreversível. As difamações e calúnias em relação a dirigentes do PS não são movidas por qualquer razão ideológica da direita que, na sua ótica, mal por mal, prefere a vitória do PS a qualquer outra. O que move esta direita e os partidos à esquerda do PS é o espaço eleitoral que todos disputam.

À esquerda só o PCP tem vagamente consolidado o seu eleitorado. A direita, que quatro anos de governação deixam em pior estado do que o terramoto de 1755 a Lisboa, pensa em resistir o melhor possível para que o tempo e os escândalos que cria façam esquecer este governo como foram esquecidos já os de Durão Barroso e Santana Lopes.

Cavaco Silva, apêndice em Belém deste governo, está a ser largado para não ser referida a cumplicidade nas próximas eleições. Nem a imolação ética lhe agradecem.

A esquerda, com a sua atomização partidária, contribuirá para que os deputados à direita precisem de muito menos eleitores para chegarem à AR. É no espaço central do espetro partidário que se perfila o PDR, o partido que tem Marinho Pinto como cara e ideologia, alvo de azedume generalizado, que só o favorece. Pode ser a terceira força partidária.

Não me surpreenderia, embora pouco crível, que o PSD, com o seu apêndice mercantil – o CDS –, superasse o PS, tendo como certo que tal não sucede. Marinho Pinto lutará agressivamente para ser a charneira da próxima legislatura, única hipótese de lhe poder sobreviver. Se, como admito, vier a ultrapassar o PCP (não me venham falar de justiça e moral) o aliado natural é o PSD embora esteja mais longe dele do que do PS. O PS, sob pena de definhar, não se pode aliar ao PDR, com risco de forte erosão.

Com apoios de governos de direita, maioritários na Europa, não será surpresa absoluta a continuidade desta direita, sem este risível PM, e com o conselheiro de Estado, Cavaco Silva, a gozar o excelente negócio da permuta da Vivenda Mariani, na Casa da Coelha.

A vida pode ser muito injusta mas a política não o é menos.

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