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A mostrar mensagens de julho, 2015

Notas Soltas - julho/2015

Euro – Esta moeda, como está demonstrado, só pode manter-se com o aprofundamento da integração europeia no domínio económico, social e político, com diplomacia, defesa e harmonização fiscal próprias de uma união de Estados. Assim, só resta a lenta agonia. Estado Islâmico (EI) –  Inovou a interpretação do Corão, o manual terrorista herdeiro do pior que o A. T. legou, e aplicou pela primeira vez a decapitação, já usada contra hereges estrangeiras, contra mulheres sírias acusadas, tal como os maridos, de feitiçaria. Panteão Nacional – A trasladação de Eusébio, mítico futebolista, à semelhança do que aconteceu com Amália, teve o apoio unânime  de todas as bancadas da AR. Salgueiro Maia, Saramago ou Sá Carneiro (morto em funções) não mereceram tal honra. Maria Barroso – Era uma mulher de causas. Morreu aos 90 anos a pedagoga, resistente antifascista, apoiante de presos políticos, intelectual e benemérita. Deixou saudade e foi exemplo de coragem e lucidez a única mulher fundad

A insensibilidade que leva à santidade

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Infelizmente!

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Os «Filhos do Califado»

O recrutamento de crianças-soldado é a nova estratégia do covil designado por Estado Islâmico (EI). O intenso treino militar e religioso a que os bandidos de Deus submetem as crianças tem como objetivo «educá-las» para se tornarem soldados da jihad nos conflitos armados, recebendo treino para realizarem ataques suicidas e executarem prisioneiros. É fácil fanatizar crianças e incutir-lhes as mais macabras fantasias, como sabem os que têm um módico de formação em psicologia infantil ou, simplesmente, lidam com crianças. O entusiasmo fácil e o gosto de agradarem aos adultos ficam à mercê da demência beata de loucos e da violência dos fanáticos. O problema já existe à escala global com recrutamentos e treino no Uganda, República Democrática do Congo, Iraque e um pouco por todo o lado onde os bandos de crentes ignaros e cruéis se viram para Meca e recitam versículos do manual terrorista Alcorão, enquanto os «filhos do Califado» degolam bonecos e assistem aos vídeos com que o EI apavora

Porque sou republicano

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Sou republicano porque recuso o carácter divino e hereditário do poder, porque sou cidadão e não vassalo, porque abomino o contubérnio entre o trono e o altar e porque um herdeiro do Iluminismo e da Revolução Francesa é avesso à vénia e ao beija-mão. Sou republicano por me rever nas instituições que o voto popular sufraga e não nas que a tradição impõe. Aceitar os filhos e netos de uma qualquer família, para lhes confiar o poder do Estado, é abdicar do direito de eleger e ser eleito para as funções que dinastias de predestinados confiscavam. Ser republicano é recusar o poder a quem não se submete ao sufrágio universal e secreto e negar o respeito a quem aceita funções de Estado sem legitimidade democrática. Ser republicano é recusar o poder vitalício e exigir a legitimação periódica, para reparar um erro ou substituir um inapto, num horizonte temporal previamente determinado. Não há democracia plena em monarquia nem dignidade nas funções herdadas como se o país fosse uma quinta

Idiossincrasias britânicas

John Sewel, respeitado lorde inglês, conservador e devoto, teve de renunciar à Câmara dos Lordes. A droga e o sexo foram funestas para o, até aqui, impoluto e influente membro da anacrónica instituição que, por precaução, tem vindo a perder poderes. Os tabloides, numa das imagens menos chocantes, mostram o político vestido de sutiã laranja. Até pode ter sido, nas loucas fantasias, numa homenagem ao PSD português! Mais do que o adereço, humilhou-o a cor.

Monarquia e República

Não previa o interesse que o meu comentário a uma entrevista do DN mereceu e, muito menos, que desse origem a uma bolsa de estudo aos monárquicos que viajaram até ao meu mural do Faceboock para, legitimamente, me contestarem. Não é hábito autóctone observar a mente e tomar consciências dela, embora o conselho de Sócrates “conhece-te a ti próprio” seja amplamente divulgado. O catolicismo tem um arremedo de introspeção, a que chama “exame de consciência”, espécie de radar para os pecados, mas os livres-pensadores fazem mesmo autocrítica. À lógica cartesiana prefiro o “existo, logo penso” e, continuarei a pautar a conduta pela vigilância que me põem as dúvidas frequentes e me impõem os enganos repetidos. Foi no exercício da autocrítica de homem livre que produzi três textos com que justifico as minhas posições cívicas: - Porque sou republicano - Porque sou ateu - Porque sou social-democrata Dentro de dias voltarei a publicar o texto «Porque sou republicano», por consideração ao

Silly season

Encontrei no meu PC um conjunto de frases que fizeram história e que, tal como em janeiro de 2016 sucederá com o atual PR, rapidamente foram esquecidas. Não garanto a autenticidade mas é forte a probabilidade de serem fidedignas. Menos perigosas do que as medidas deste Governo, aqui as deixo para gáudio dos leitores: - Finalmente, a água corrente foi instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes. (Presidente da Junta de Freguesia do Fundão) - Esta nova terapia traz esperanças a todos aqueles que morrem de cancro em cada ano. (Dr. Alves Macedo – oncologista) - Os sete artistas compõem um trio de talento. (Manuela Moura Guedes – TVI - A polícia encontrou no esgoto um tronco que provém, seguramente, de um corpo cortado em pedaços. E tudo indica que este tronco faça parte das pernas encontradas na semana passada. (Paulo Castro – Relações Públicas da PJ) - A vítima foi estrangulada a golpes de facão. (Ângelo Bálsamo – Jornal do Incrível) - Um surdo-mudo foi morto

A Sr.ª D. Isabel Herédia e a democracia

O DN de ontem ocupa duas páginas com uma entrevista à senhora que trocou uma vida profissional pela reprodução de «infantes», graças ao enlace com um suíço que Salazar importou com o pai para uma eventual restauração da monarquia. Nada tenho quanto aos critérios jornalísticos do meu jornal diário mas não posso deixar de tecer algumas considerações sobre uma senhora que casou com o descendente do Sr. D. Miguel, o facínora, filho da promíscua D. Carlota Joaquina que, com apoio do clero mais reacionário, quis restaurar o absolutismo monárquico, ensanguentando o País. Foi derrotado e teve de assinar a renúncia às veleidades reais. E não foi julgado dos crimes! É-me indiferente que seja conservadora e mulher de fé, que reze o terço com os filhos e se julgue rainha sem trono [que não há] ou considere a verdadeira rainha de Portugal a «Nossa [dela] Senhora», num país republicano, laico e democrático. Admitir que usufrui títulos nobiliárquicos é ignorar a sua abolição há mais de um sécul

A FRASE

«O número [694] chocante de execuções no Irão na primeira metade do corrente ano transmite um quadro sinistro da maquinaria do Estado a efetuar homicídios premeditados, judicialmente aprovados em massa». (Said Boumedouha, vice-diretor do programa da Amnistia Internacional para o Médio Oriente)

A última mensagem presidencial…

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Os partidos do ‘arco do poder’ sonham com maiorias absolutas link , link quando tudo indica que o mais provável é as eleições de 4 de Outubro darem origem a uma maioria relativa. O irrealismo desta exigência não augura nada de bom. Mostra porque o leque partidário está hermeticamente fechado a coligações e acordos porque, na prática, existe um mínimo de transversalidade política e ideológica.  O afunilamento das opções e a contracção da flexibilidade partidárias não é uma ‘doença nacional’. Resulta de transformações políticas ‘importadas’ e/ou ‘impostas’. Não é fácil lidar com constrangimentos como os que constam do ‘Tratado Orçamental’ sem assassinar ideologicamente um programa político e, em caso de vitória eleitoral, de governo.  Aparentemente, esta canga de contradições favorece o aparecimento de grupos radicais e, pior, é um estímulo ao seu crescimento. E o radicalismo não assenta unicamente em grupos que emergem de novo no espectro político. Instalou-se no interior do

Políticos, bombeiros e lugares-comuns

Em Portugal não se deve dizer bem de nenhum político nem mal de qualquer bombeiro. Os políticos são todos maus, corruptos, venais, incapazes e oportunistas, seja qual for o partido. O axioma herdado da propaganda salazarista, contra os políticos, exceto os do partido único, foi refinando com a incultura que não superou as discussões clubistas dos jogos de futebol. Ficou-nos do salazarismo a nódoa que turva o juízo, a aversão aos partidos e políticos e a tudo o que não fosse único, o chefe, a União Nacional, o deus, o diabo e o raio que os partisse. Deus, Pátria e Família, o primeiro era o do Papa, a segunda incluía as de outros povos e a última submetia a mulher à prepotência e aos humores do marido. Agrava-se agora, em véspera de eleições, a cruzada contra os políticos da oposição, hoje como no fascismo, a campanha onde se nota a arrogância dos ignaros, o moralismo dos imbecis e a autodefesa de quem chama primeiro aos outros o que merece, na convicção farisaica de que no enxoval

Hollande e a UE

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A ‘guarda avançada’ europeia sugerida por François Hollande para ‘governar’ a Europa link é, no momento em que surge, um facto político verdadeiramente surpreendente, representando uma ‘fuga em frente’, perante o descalabro à vista. No plano interno, retoma as preocupações – tantas vezes esquecidas - de um francês que foi um lídimo ‘obreiro’ da ideia europeia, Jacques Delors, e assume vagas reminiscências com um remoto 'gaullismo'. Nada de 'socialismo' é vislumbrável. Percebe-se bem a razão do tacticismo do momento. Trata-se de uma tentativa de melhorar a imagem doméstica de um presidente caído em desgraça perante os seus eleitores. Imagem que se foi degradando, entre outras coisas, pelo titubeante exercício de uma medíocre e desequilibrada co-liderança europeia (com Angela Merkel).  Esta é uma situação que, a médio prazo, ameaça a sociedade francesa porque a cedência a políticas de austeridade faz paulatinamente o seu caminho (de progressivo empobrecimento)

«Tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos possíveis»

A dívida soberana disparou 60.000 milhões de euros nos quatro anos do atual Governo. Só em maio, a dívida das administrações públicas subiu 3.777 milhões de euros face a abril, fixando-se nos 229.204 milhões de euros, [números ontem divulgados pelo Banco de Portugal (BdP)] mas a central de propaganda, onde Miguel Relvas, Marco António e Paulo Júlio contam com o apoio de Cavaco Silva, oculta o descalabro. O referido boletim estatístico do BdP informa ainda que, no final de maio, as empresas tinham falhado pagamentos aos bancos num valor superior a 13,4 mil milhões de €€, ou seja, 15,7% dos empréstimos totais, 85,2 mil milhões de €€, dois máximos históricos. O País viu partir os seus mais jovens e qualificados emigrantes, aumentar o desemprego e alienar ativos estratégicos do Estado no cumprimento implacável da agenda ideológica desta maioria, num processo contrarrevolucionário de dimensões imprevisíveis. A inépcia na governação foi substituída pela máquina de intoxicação onde o au

Respeitar as religiões, sem condições???!!!

17 de julho de 2015 – O tribunal condenou um pai a cinco anos de prisão efetiva. O devoto explicou que pretendeu evitar que a filha cometesse um pecado, “se a criança tivesse relações antes do matrimónio” e, para defendê-la de tal perigo, decidiu casá-la aos 12 anos com um libanês de 26, que entrou na Austrália com um visto de ‘estudante’. O casamento tinha sido ‘celebrado’ por um xeque local, segundo a lei muçulmana, em 2014. A noite de núpcias foi passada num hotel e a semana seguinte em casa do pai da noiva. Esta tinha sido instruída para não usar métodos contracetivos, por contrariarem a vontade divina. Ficou grávida e sofreu um aborto espontâneo. Li a notícia no “Correio dos Açores” , sábado, dia 18, pág. 17. O libanês foi condenado a sete anos e meio de prisão por abuso sexual de menores. Quanto ao xeque era omissa. Presumi que o respeito pelo múnus o inocentou. Exultei com a jurisprudência que desprezou a crença religiosa que diariamente devasta o corpo e a ‘alma’ de crian

No país do avesso

Os portugueses sabem que Cavaco Silva tem a confiança de Passos Coelho. Ontem, em entrevista à SIC, Paulo Portas afirmou: «Tenho confiança em Pedro Passos Coelho». Num país ao contrário, já ninguém estranha que este Governo, esta maioria e este PR tenham a confiança de Miguel Relvas e Marco António.

Crise académica de 1962

Testemunho de Francisco Paiva Há dias(maio de 2015),o meu neto Miguel (estudante universitário) em conversa, diz-me: mas, afinal qual foi o crime que tu cometeste quando foste castigado na Universidade em 1962? Eu vou procurar explicar, mas adianto já que os Arquivos da Universidade de Coimbra também não conseguem explicar porque parece que o processo disciplinar desapareceu e só consta a pena aplicada sem os seus fundamentos, e isto é válido para os 32 estudantes castigados. Venhamos então à História. Quando cheguei a Coimbra em 1955 a Associação Académica era liderada por uma facção conservadora que perdurava desde a década de 40 em que pontuaram Salgado Zenha e Almeida Santos entre outros. No 3.º ano da Faculdade ingressei na República dos Galifões ao mesmo tempo que obtinha uma maior consciencialização sociopolítica. No fim do 4.º ano fui eleito para a Comissão Central da Queima das Fitas cuja presidência pertencia por tradição ao estudante de medicina. Nesse ano também as

Alexis Tsipras, Syriza e sondagens

Se hoje houvesse eleições – dizem as sondagens –, Alexis Tsipras venceria com maioria absoluta. Os gregos, por mais que lhes digam que cinco meses do Syriza foram responsáveis pela tragédia dos últimos cinco anos, preferem a derrota de quem teve a coragem para lutar, à ignomínia de quem rasteja em tornos dos poderosos. Preferem uma estrela que brilhou na luta aos satélites que apenas refletem a luz alheia.

Há mais de um ano, sempre a crescer

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É no Porto, para levantar uma tigela de sopa e um prato quente de comida. Em Portugal, o país que foi bem sucedido nas reformas.

A capitulação grega e Wolfgang Schäuble

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Após a reunião do Eurogrupo, sobre o ‘caso’ grego, pensei em Cervantes, na Inquisição e  na Pide, numa estranha viagem em que revivi literatura, história e política. À primeira fui buscar D. Quixote, investindo contra moinhos de vento, Tsipras, debalde, a brandir a espada; na segunda vi a Contrarreforma a flagelar com sádicos instrumentos de tortura a heresia grega de dizer impagável a impagável dívida, cujo adjetivo ninguém permite e o implacável Schäuble a querer a humilhação do mensageiro e a imolação da Grécia, qual Torquemada ao serviço da Inquisição do ultraliberalismo. Mas foi a história recente de Portugal que me levou a perceber o drama de Alex Tsipras. Recordei os presos políticos exaustos, após meses de tortura, noites de insónia, ameaças à família, a vacilarem para salvar uns a troco de traírem outros, ele que tinha contra si portugueses, espanhóis e outros camaradas da insolvência. Antes do 25 de Abril, magoava-me a dureza com que resistentes julgavam outros, quem nã

A oculta derrota de Schäuble…

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O Parlamento alemão discutiu ontem o novo plano de intervenção na Grécia. A República Alemã exerceu deste modo as suas competências parlamentares já que se trata da gestão e aplicação dos dinheiros públicos e é natural que os representantes do povo dêem o seu aval. Para além deste acto formal de confirmação da decisão já tomada por Merkel no último Conselho Europeu o que pairou no ar foi um notório clima de tensão entre a chanceler e o seu ministro das Finanças. Nada de extremamente divergente em matéria de estratégia para a Europa mas o vulgar conflito entre o ‘mata-se’ e o ‘esfola-se’. Schäuble, todavia, aproveitou a situação embaraçosa para dar um passo em frente. Anunciou que não haveria qualquer renegociação da dívida grega invocando ‘regras da Zona Euro’ link . Como temos conhecimento a dívida grega já foi sujeita a um corte, em 2011 e, nessa altura, essa situação foi considerada como um ‘evento de crédito’, sem outras consequências. Aliás, o corte na dívida grega que

Portugal – as dívidas e as dúvidas

Diz o FMI que a dívida grega “se tornou insustentável” e ‘exigiu’ o alívio sob a ameaça de se excluir do pré-acordo com que Tsipras e a UE fingiram resolver a situação. Que a dívida da Grécia é impagável, por mais dilatado que seja o tempo a que amarrem o País, por mais sofrimento que inflijam aos gregos, já todos o sabemos. Sabemos igualmente que a UE finge que a portuguesa, espanhola, italiana e francesa se pagarão com crescimentos económicos do domínio da fé. É preciso manter os governos de direita e acreditar em milagres, sendo a primeira decisão insofismável e a segunda do domínio esquizofrénico. Manuela Ferreira Leite, a perigosa esquerdista do PSD que, ao contrário de Cavaco, não esqueceu princípios elementares de macroeconomia e, contrariamente a Passos Coelho, os estudou, disse que a União Europeia tem uma dívida cuja reestruturação é inevitável para poder ser paga. Este Governo não resolveu qualquer problema e agravou-os todos com a cumplicidade partidária do PR e a abo

O PAI-NOSSO SEGUNDO JACQUES PRÉVERT

PATER NOSTER Notre Père qui êtes aux cieux Restez-y Et nous nous resterons sur la terre Qui est quelquefois si jolie Avec ses mystères de New York Et puis ses mystères de Paris Qui valent bien celui de la Trinité (...)

Pedro, o cuco…

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Passos Coelho , quando regressou da maratona negocial de Bruxelas, vangloriou-se que tinha sido o autor da ideia do ‘fundo de privatizações’ para a Grécia link . Nada havia para estranhar e muito menos para celebrar já que esse 'fundo' faz parte do aviltante ‘pacote de humilhações’ que adorna o ‘3º. programa de resgate’ da Grécia. Hoje, foi desmentido pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que atribuiu a paternidade do facto (e de facto) ao primeiro-ministro holandês, Mark Rutte link . Como sabemos o cuco é uma ave que costuma pôr os ovos nos ninhos de outros pássaros... Que escolha teremos de fazer num futuro próximo: - Entre um mentiroso e aquele repetitivo boneco canoro que adorna os relógios de parede?

A obscena apropriação do dinheiro dos funcionários públicos

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CM, hoje (capa)

O Eurogrupo

O Eurogrupo, que carece de legalidade, é um grupo clandestino formado pelos ministros das Finanças da União Europeia. Sabe-se apenas que é uma orquestra que toca para si própria sob a batuta de Wolfgang Schäuble, ao arrepio do escrutínio dos países a que pertencem os músicos, e cuja pauta é alemã, com arranjos do maestro. A democracia é a última das suas preocupações, mas pode tornar-se o primeiro dos seus medos. Assim o queiram os povos que querem uma Alemanha europeia e não aceitam a Europa alemã.

Afinal, como é?

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O homem que foi o primeiro responsável pela governação nacional nos últimos 4 anos não se cansa de proclamar que foi ‘obrigado’ a tomar medidas que ninguém gosta, oriundas de um programa que não negociou, …, etc. A ' lenga-lenga ' eleitoral do costume. Na apreciação tecida no Porto acerca das declarações  proferidas pelo líder do Syriza (Alesis Tsipras), que afirmou não acreditar nas medidas impostas à Grécia, classificou-as como não sendo um ‘bom sinal’ link . Sendo que se pode deduzir não ser suficiente o cumprimento dos programas de resgate. É preciso acreditar neles (isto é, ser neoliberal). E ficamos a saber que a confiança - sempre invocada nas reuniões de negociação - advém daí. Do compromisso partidário. Porque de política estamos conversados.

GRÉCIA: Reflexão amarga sobre a votação no parlamento …

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Atenas viveu ontem um dia negro da sua longa existência política link . Os acontecimentos recentes alimentam o caos, num clima com muitas características pré-revolucionárias. O risco de o poder cair na rua nunca foi tão grande. A democracia vale muito mais do que o réquiem orquestrado em Bruxelas durante os últimos 5 meses. A repressão que voltou à praça frontal ao Parlamento grego tem pouco caminho para andar enquanto durar a democracia. Ontem foram os anarquistas que fieis às suas crenças se manifestaram mas ninguém duvida que amanhã serão os apoiantes do Syriza, da Aurora Dourada, etc. É cada vez mais evidente que a impositiva e alienante estratégia do poder financeiro não se coaduna com uma vivência democrática. A intervenção externa e a humilhação são armas terríveis porque afrontam directamente a dignidade dos povos. E uma vez beliscada a dignidade deixam de existir mecanismos de controlo e de coesão da sociedade. A Grécia hesita entre estigmas dramáticos: a desilus

A Europa, a Alemanha e o “IV Reich”

Concordo com a Sr.ª Merckel ao dizer que os países europeus devem estar preparados para perder soberania. Há muito que defendo a integração europeia, política, económica e social, com harmonia fiscal, diplomacia comum e defesa coletiva, o que não é pacífico entre os europeus. Só desconheço se a chanceler engloba na afirmação a Alemanha, cuja reunificação foi benevolência de vencedores, e se a vontade democrática dos povos que a habitam é tida em conta. O pré-acordo com a Grécia, embora admita a reestruturação da dívida, uma necessidade comum a toda a União Europeia, foi um acordo firmado sob o sequestro do povo grego, com Tsipras a ver as imagens do seu país sem comida, medicamentos ou alternativa. Foi um acordo apoiado em métodos da Inquisição para a obtenção de provas de heresia. O Sr. Wolfgang Schäuble provou que não desdenha o “IV Reich” e que a destruição do Syriza e a expulsão da Grécia da zona euro e da UE eram o seu objetivo. O primeiro já o conseguiu e o segundo está em cu

Silly season - humor negro

Declaração «Este é um bom exemplo de como os erros do governo [grego] durante uma negociação externa se transformam em sacrifícios muito grandes para a população (…) Seria algo impossível em Portugal». (Cavaco Silva, porta-voz deste Governo, proprietário da vivenda Gaivota Azul)

Silly season - humor

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Para a biografia de quem só tinha cadastro

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Arraial saloio ou um Carnaval eleitoral…

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O debate sobre o Estado da Nação foi um arraial de interpretações sui generis que pretendem ‘marcar’ a campanha eleitoral. Foi a antecâmara do que se vai passar na campanha eleitoral arquitectada pela actual maioria. Tudo gira – na concepção da actual maioria - no pedido de assistência externa solicitado em 2011, continuou com o percurso de resgate para terminar sobre a análise da situação actual.  Vamos circunscrever-nos ao chamado pedido de ‘resgate’. Em 2011, não fomos empurrados para uma situação difícil unicamente por erros do Governo de Sócrates, embora estes sejam indesmentíveis.  No ano de 2011 aconteceu a necessidade de solicitar auxílio externo, por diversas razões. Convinha não esquecer que a especulação orquestrada pelos mercados que rapidamente passou da crise financeira inicial dos ‘ subprimes ’ para a da dívida soberana que nos envolveu pesadamente foi, quando se olha para o volume actual da dívida pública portuguesa, manifestamente artificial. Serviu para

Notícias que só o são conforme o quadrante

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Esta notícia devia merecer averiguação.

Se o ridículo resolvesse o défice...

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Nenhum dirigente europeu corroborou a narrativa com que reivindicou o 1.º lugar no campeonato do ridículo.

Um mini-balanço para um maxi-problema…

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O Eurogrupo chegou esta madrugada a um acordo para manter a Grécia na moeda única link .  Sempre a moeda na centralidade dos mecanismos decisórios. Um dia chegará a vez da política (europeia). Nesse dia teremos a noção da fragilidade, da indecência e do carácter efémero do se pretendeu, ainda, ‘arrancar’ do já espoliado povo grego, sob a batuta dos ‘credores’. A Europa conseguiu [mais uma vez!] adiar a hecatombe anunciada no horizonte do Velho Continente. Segue-se um compasso de espera com as eleições gerais em Portugal e Espanha. De seguida o filme prosseguirá com estes ou outros actores. As eleições decidirão. Mas sendo importantes os protagonistas fulcral será o guião (político). É por esta razão que muitos cidadãos europeus esperam (desejam) que a crise grega possa ter aberto novas portas. É, também, por estas razões, que as eleições peninsulares tornaram-se, subitamente, importantíssimas. O equilíbrio (e dialecticamente todos os desequilíbrios) passarão por aqui. O

O fogo na UE e o bombeiro Passos Coelho

O pânico da União Europeia e o desespero da Grécia consentiram um amargo e precário pré-acordo no duelo onde os falcões quiseram esmagar o povo que resistiu à chantagem e ao medo no último referendo, para castigarem o sentido do voto democrático. A grande vantagem, para além de mitigar a crise humanitária do povo grego, residiu na quebra da unanimidade em torno da Alemanha, com a França e a Itália a deslocarem-se em direção à Grécia, contra a troika, conscientes do perigo que as ameaçava e do risco de implosão da UE. Os próximos tempos constituem uma excelente oportunidade para novos realinhamentos e para que as várias famílias políticas ponderem a UE que querem e, sobretudo, a que recusam, até à próxima crise. Do lado contrário mantiveram-se os governos de Espanha, Portugal, Eslováquia e outros exíguos satélites alemães, adquiridos pela UE para que a Nato pudesse cercar a Rússia com bases militares, na cegueira de quem teme o autocrata Putin, de um país que devia ser aliado, e des

Delenda est Syriza

Destruamos o Syriza, diz o Catão prussiano, acolitado pelos bajuladores do costume, a lembrar, no fanatismo e na deficiência, o tristemente célebre general franquista, Miláns del Bosch, a gritar na Universidade de Salamanca, «Viva a morte»! Hollande ainda se esforçou por ser Unamuno, sem a grandeza e a coragem do reitor da Universidade de Salamanca, mas os satélites fazem coro com o implacável Schaeuble, sem perceberem que repetem a história do lobo, quanto à credibilidade grega, quando acusam o seu último governo, de cinco meses, da desconfiança que deviam merecer-lhe os anteriores, conservadores e desonestos, dos cinco anos precedentes. Sem menosprezar o grave problema grego, aliás comum aos que acreditam em milagres em casa, não é apenas a Grécia que está refém dos humores dos falcões, é a democracia e a União Europeia que estão suspensas. A humilhação de um partido democrático, sufragado em eleições e de novo legitimado pela via referendária, hostilizou um povo e abriu a caix

Para memória presente (2)

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Madre Teresa de Calcutá e a indústria dos milagres

Deixo a biografia de Madre Teresa para os ódios de estimação e os devotos do costume. Refiro apenas a ajuda que prestou a João Paulo II na defesa da teologia do látex quando em África morriam centenas de milhares de vítimas da Sida e um cardeal afirmava que o preservativo era perigoso. João Paulo II (JP2), amigo do peito e da hóstia de Pinochet a quem denodadamente quis defender, sem êxito, da prisão em Londres, foi mais político do que santo. Madre Teresa escapou à canonização em vida por não ser canónica antes da defunção. Recém defunta, obrou o primeiro milagre. JP2 atribuiu a cura de uma indiana, com um tumor gástrico, à intervenção sobrenatural de Madre Teresa, um ano após a sua morte, e logo assinou um decreto confirmando a veracidade do milagre, com vista à beatificação da freira. A jovem indiana Monica Besra explicou em 1998 que foi curada de um tumor de tamanho grande no estômago mediante orações à Madre, apesar de os médicos que a trataram terem assegurado que ela não tin

Para memória presente

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Parabéns, Fernando!

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Fernando Paulouro das Neves - jornalista e escritor Quando fiz uma incursão tardia no domínio da crónica, no Jornal do Fundão, a convite do saudoso Oscar Mascarenhas (Chefe de Redação) tive Fernando Paulouro das Neves como Diretor do jornal. Hoje, através do JF e da Visão, tomei conhecimento da atribuição da Gazeta de Mérito a Fernando Paulouro das Neves, diretor do JF, até 2012, por ter exercido a profissão «com paixão, inteligência e grande rigor deontológico». A justificação do júri fala por si. Eu limito-me a deixar aqui um abraço ao amigo.

A Concordata de 2004

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A cerimónia de despedida do núncio apostólico em Lisboa, em 2002 deixou as piores apreensões sobre os bastidores das negociações da Concordata. O então MNE, Martins da Cruz (foto), prometeu o que não podia nem devia, o reforço da influência da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) no domínio «do ensino, da assistência social, da cultura, nos múltiplos domínios em que nos habituámos a ver uma Igreja ativa e empenhada em contribuir para a solução de problemas nacionais». É sempre através das redes de assistência social [lares, hospitais, escolas, creches] que as Igrejas se infiltram para controlar o quotidiano dos cidadãos. A tragédia dos países islâmicos, onde a religião tem hoje a mesma influência que a ICAR tinha na Europa na Idade Média, devia fazer refletir os crentes e os não crentes. E, com total impunidade, afirmou ainda: «Como católico considero um privilégio ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros no momento desta importante negociação». O país livrou-se do ministro

O Governo e o luto nacional

Eusébio teve direito a 3 dias, Saramago e Manuel de Oliveira a 2, a vidente Lúcia a 1 e Maria Barroso a esgares de conveniência.

A FRASE

«Grécia e zona euro têm de se preparar para o pior» (Passos Coelho, ontem à saída da reunião do Conselho Europeu) Passos Coelho, putativo PM saído da proveta de Miguel Relvas, Marco António e Paulo Júlio, ungido por Cavaco Silva, acabou, à força de lhe chamarem primeiro-ministro, por assumir a representação do cargo. A inépcia é tal que, ainda há dias, assegurava que Portugal era imune ao que se passasse na Grécia, enquanto o PR o secundava com o prestígio de um curso honestamente tirado mas esquecido na cegueira de notário do PSD. Perante aquilo que qualquer leigo sabia, com notícias de que só a Bolsa chinesa, em três semanas,  perdeu 10 vezes o PIB grego, lá percebeu os avisos de Obama e de todos os responsáveis políticos que previram, passe o paradoxo, a imprevisibilidade das trágicas consequências da falência grega a nível global. Indiferente ao drama grego, e ao facto de Portugal ser quem se segue, o inepto político, amestrado na madraça da JSD, limitou-se a ajudar a es

Grécia: a ordem democrática das coisas…

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O ultimato do Eurogrupo à Grécia, publicamente transmitido por Doanld Tusk (presidente do Conselho Europeu) é um facto político verdadeiramente obsceno.  Simultaneamente, a revelação feita por JC Juncker (presidente da Comissão Europeia) de que a UE tem já trabalhado um cenário de Grexit link ,  provavelmente com prejuízo do empenho em encontrar soluções negociadas (é legítimo pensar isso), mostra a prossecução de intimidação por parte dos mesmos que apontam os encontros Tsipras com Putin como manobras provocadoras. É muito difícil calcular o impacto de referendo grego na política europeia. Mas dentro desta névoa de dificuldades há uma coisa que parece óbvia.  A bola (nesta fase das negociações) passou para o lado do boco de 18 membros do Eurogrupo (segundo a ‘ aritmética cavaquista ’) e as pressões dos tempos pré-referendários não têm, no actual momento, qualquer cabimento. Todavia, elas continuam na ordem do dia ou até agravaram-se. A pergunta que parece mais pertine

Falta o vento eleitoral

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Maria Barroso

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Na morte de Maria Barroso, seria imperdoável não prestar a homenagem devida à grande lutadora antifascista, única mulher fundadora do PS, culta, destemida e democrata. Aos 90 anos terminou a vida, única e irrepetível, deixando o exemplo de cidadã cuja luta contra a ditadura foi o empenhamento de uma vida. Obrigado, Maria Barroso Soares. 

Ai Portugal!

Este Governo e esta maioria estarão, até ao limite do que o PR pode, a destruir o País, a minar o ânimo dos portugueses e a corroer os alicerces da democracia. Este Governo, que dispõe da maioria e do PR, anda à solta. E pior, não podendo atacar a Constituição agride o Tribunal Constitucional quando o obriga ao seu acatamento. No que diz respeito a privatizações, v.g., EDP e REN, é o Tribunal de Contas que acusa o Governo de não “acautelar os interesses estratégicos do Estado Português após a conclusão do processo de privatização", por não prever “qualquer cláusula de penalização para o seu incumprimento". Este Governo é um conjunto vazio na competência e cheio de membros capazes de tudo na marginalidade legal. O desleixo criminoso em relação ao interesse do país não gera alarido público nem um simples gemido de vergonha pelo PR. O País adormeceu, ferido no orgulho, desalentado e abatido, incapaz de um sobressalto cívico que acorde o Palácio de Belém e leve a inquie

Pensando alto...

Não sei se a União Europeia tem meios para apagar todos os fogos e emendar os erros, e a inteligência para reconhecer que os burocratas, que sentem pela democracia a aversão de Maomé ao toucinho, devem, nas decisões, ser substituídos por políticos. O povo grego ainda só ganhou o respeito pela coragem e dignidade com que resistiu às ameaças e à chantagem. A União Europeia salva-se com a Grécia ou afunda-se com ela. Ontem, em Atenas, a direita ultraliberal, antidemocrática e caceteira, foi derrotada. Os gregos ajudaram a salvar a Europa enquanto Passos Coelho e Cavaco foram a imagem do síndrome de Estocolmo. A comunicação social ao serviço dos grupos económicos foi também humilhada. A taxa de participação eleitoral de 40%, que admitia poder ser ultrapassada, para ser válida, foi um estrondo de 62,5%. A vitória do Não provocou a crispação e  azedume dos que preferiam o Aurora Dourada ao Syriza, para negociarem. As sondagens, que davam um empate técnico, apenas com ligeira tendênci

Grécia: o “Big NO”!

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É cedo para ter uma dimensão (europeia) sobre o rotundo NÃO (“Big NO”) link dos gregos às mais recentes alterações introduzidas no plano de resgate da Grécia pelas instituições europeias e pelo FMI (os representantes dos ‘credores’). Mas existem duas ilações imediatas: - A UE tem forçosamente de dialogar com o interlocutor legítimo do povo grego – o Governo grego em funções presidido por Tsipras; - Não haverá mais espaço para destrinçar esse povo de um Governo que muitas vezes apresentado aos europeus como irrealista, radical e outros ‘mimos’. As coisas não correram bem para os defensores do “Sim”. E para memória futura convém sublinhar que as instituições europeias - dos organismos intermédios aos de topo - apostaram, publicamente, no cavalo errado. Na próxima 3ª. feira link   (re)começa a digestão deste referendo que para além de todas as interpretações é um acto político relevante e inovador no seio da UE.

Passos Coelho: mais uma blague infeliz…

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O primeiro-ministro teceu, de novo, mais uma consideração sobre a Grécia. Disse referindo-se aos gregos que “ é difícil ajudar quem não quer ser ajudado ” link .  Incorreu naquela conhecida asserção de o que é novo não é inovador e o que pretende ser inovador não é novo. Isto é, entrou na 'quadratura do círculo'. Todos se lembram de um trocadilho sobre: “ Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa, nem deixa ser governado ”. Esta ‘boutade’ é atribuída Júlio César quando, no seu ímpeto imperialista, sentiu, no terreno, dificuldades na ocupação da Península. Representa, por outro lado, a vontade indómita de marcar a identidade lusitana contra a ocupação estrangeira. A frase de Passos Coelho, diferente no tempo, encaixa-se no contexto, indo beber a este aforismo. Mostra, contudo, que existe sempre espaço para traidores dispostos a venderem-se. Contudo, Tsipras não é um novo Viriato.  A Grécia tem uma história longa e rica no que diz respeito à resistência

Prometeu agrilhoado

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Da trilogia das tragédias, Prometeu agrilhoado, Prometeu libertado e Prometeu portador do fogo, só a primeira permaneceu, sendo incerta a ordem, o que dificulta a investigação do mito grego de que Ésquilo poderá ter sido o provável autor. A lábil interpretação do mito permite ao sapateiro cronista tocar o rabecão ao som do qual o adapta. Alexis Tsipras é, há cinco meses, o Prometeu acorrentado a Yánis Varoufákis, acusado de cinco anos de dívida insolúvel. Todos os dias os abutres lhe devoram o fígado que se regenera para que o suplício não termine, por ordem de Zeus (Troika) a quem evitou que aniquilasse, na sua fúria, os gregos. A piedade de Tsipras permitiu-lhes viver, mas Zeus, quis que o suplício que lhe destinou por lhes ter ensinado a não desejarem mais a morte, lhes deve também caber, sobretudo depois de lhes dar o fogo com que ateou a ira dos credores. Zeus tinha-o proibido de dar o fogo divino da liberdade, o que incendiou a sua fúria. Prometeu previa o castigo, só desconh