O que é privado é que é bom

O que é privado é que é bom, no mínimo uma empresa pública (EP), da água ao ar, dos transportes à energia, dos aeroportos aos bancos, da educação e saúde às comunicações.

Sem a privatização a eletricidade era de má qualidade, a avaliar pelo preço, o kw valia metade; a água de Coimbra passou da CMC para os SMASC, uma EP, e passou a valer o dobro, mas como não distingo a água benta da outra, passei a distinguir a água vulgar pelo custo, duplicou; o ramal ferroviário da Lousã passou a Metro de Coimbra e passei a viajar com mais conforto, com ar condicionado, sem cheiro a suor, de automóvel.

Talvez o maior benefício tenha sido a privatização dos CTT. As cartas não chegam com aquela arreliadora pontualidade, os distribuidores vêm quando podem e abandonam o correio onde calha. No prédio onde moro, jaz uma carta, há cerca de quatro meses, para alguém que desconheço. O carteiro deixou-a no número e andar certos, apenas trocou a Rua António Jardim pela Praceta de S. Sebastião. Hoje veio uma carta para mim, com o número e andar certos, apenas faltava indicar o lado, e o carteiro deixou-a avisadamente fora da caixa onde estão visíveis os nomes dos moradores. Como sucedeu o mesmo com outros, foi um exercício estimulante a procura e motivo de júbilo encontrá-la.

Quando o Estado abusivamente tinha serviços públicos havia um mártir do outro lado da linha telefónica, a escutar as queixas dos clientes, agora temos um disco que nos vai pedindo para clicarmos num algarismo, para nos dirigir ao sítio certo, onde nos pedem para telefonar mais tarde porque, por excesso de chamadas, não é possível atenderem.

Ainda há quem tenha saudades daquele Estado totalitário de que Cavaco, Passos Coelho e Portas se esforçaram por nos libertar. Somos ingratos.

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