António Guterres e a ONU

Guterres acabou de ser aclamado como secretário-geral da ONU.

A vitória de António Guterres é sobretudo a vitória pessoal de quem revelou ser o mais bem preparado de todos os candidatos para o exercício do mais alto cargo internacional, deixando a convicção de que nenhum outro, independentemente das dificuldades que o esperam, seria mais capaz.

No entanto, a vitória de António Guterres tem vencedores e vencidos.

VENCEDORES:
– A ONU, que preferiu a transparência suficiente, para a eleição do melhor, a manobras tradicionais do acordo oculto entre os 5 membros com direito de veto;

– Portugal, que vê um português na liderança do mais representativo órgão mundial, e o povo português entusiasmado;

– O Governo (PM e MNE), que viu coroado de êxito o empenhamento de António Costa, Santos Silva e dos seus embaixadores;

– Marcelo Rebelo de Sousa que, com sentido de Estado, contrariou o PPE, e Jorge Sampaio, que honesta e honradamente o apoiaram.

VENCIDOS:
– A União Europeia que se subjugou ao Partido Popular Europeu (PPE) e comprometeu a neutralidade devida aos seus Estados membros;

– O PPE que se tornou um grupo de pressão com dificuldade de aceitar alguém fora da sua deriva liberal e cada vez mais conservadora;

- A Sr.ª Merkel, que sofreu uma derrota humilhante com o golpe baixo, de última hora, reincidindo na oposição a Guterres;

– Os seus valetes Jean-Claude Juncker e o quadro do PSD, Mário David, na defesa da sua dama, Kristalina Georgieva, defendida por outro mordomo seu, Durão Barroso, na última reunião do Clube de Bilderberg;

– Kristalina Georgieva, que se prestou ao papel e teve uma votação humilhante, não se sabendo se interrompeu a vice-presidência da CE com uma licença sem vencimento ou em comissão de serviço, fragilizando o cargo com o seu regresso.

A direita europeia sofreu, para além da derrota, a vergonha da sua conduta.

Comentários

e-pá! disse…
Kristalina Georgieva foi, como é obvio, em 'comissão de serviço'.
Pertencendo à Comissão (Europeia) é por inerência de funções uma 'comissária' e prestou-se a fazer este frete ao PPE e à Srª. Merkel porque para além de 'comissária' será uma 'comissionista', logo, busca 'comissões' (o 'serviço' é que não foi explicitado mas é fácil de adivinhar).
Uma coisa parece certa, a senhora não tem cara de trabalhar gratuitamente. Porque, como supomos, não se tratou de uma 'comissão gratuita de serviço' daquelas que os funcionários públicos pedem para ir aos Congressos e reuniões profissionais. Tal circunstância transforma a rábula da 'licença sem vencimento' numa outra cortina de fumo que em que o Sr. Juncker anda entretido a fabricar nas horas vagas em que se esquece de ameaçar países europeus com sanções.
Todavia, existe uma possibilidade de emendar a mão. Transformar a dita ?licença de curta (1 mês) em longa duração (10 anos).
Fica aqui o alvitre.
Jaime Santos disse…
Por toda essa longa lista de derrotados é que a vitória de Guterres dá tanto gozo...

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