CGD e uma questão central…

A chicana política montada à volta da CGD é verdadeiramente aviltante para o País. Estamos habituados a estas manobras de dilação e camuflagem mas a actual situação ultrapassa as marcas.

Quem se põe a observar a cascata de intervenções não acredita que o sistema bancário nacional possa estar a viver dias difíceis. E que cada operação financeira que vamos tendo conhecimento seja mais uma alienação de instituições bancárias nacionais ao estrangeiro.

A existência de um banco público forte e interventivo não parece reunir o consenso político-partidário nacional. A ‘febre dos consensos’, de que o Presidente da República é o mais notório contaminado, não existe – nem poderá existir – em todos os sectores políticos, sociais, económicos e financeiros. Na verdade, há diferenças - algumas delas profundas - que devem ser (democraticamente) assumidas.

Os obstáculos que tem sido sucessivamente levantados pela Direita ao “problema CGD” (inquéritos, auditorias, comissões parlamentares, questões éticas, etc.) mais não são do que a expressão directa da opção que, sustentada por um chorrilho de incidentes (com várias ‘paternidades’ e incautos ‘colaboracionismos’), o leque conservador pretende ocultar, isto é, a sua intenção de impedir, por todos os meios, a existência de um banco público forte (recapitalizado) e ao serviço da economia nacional.

A CGD adquire o valor de ‘instrumento financeiro’ estratégico para o País nas complexas questões do desenvolvimento económico e será tanto mais importante quanto foi (e é) possível constatar as insuficiências, debilidades e condicionantes do sistema bancário europeu, erguido à imagem e semelhança do ‘modelo alemão’, liderado pelo BCE, e que o caso 'Deutsch Bank' é o mais recente epifenómeno.

A nuvem criada à volta da CGD é o ‘cavalo de Tróia’ que a Direita está introduzir na governação. Isto é, tornar difícil – senão impossível – o crescimento e depois gritar “aqui d’el rei” – em uníssono com Bruxelas - que as metas não estão a ser cumpridas…

Perante tantas e tão variadas deambulações, insinuações, provocações e manifestas intenções não será possível durante os debates parlamentares, nas comissões parlamentares, nas intermináveis audições, perguntar liminarmente aos responsáveis do PSD e CDS se defendem - ou estão contra - a existência de um banco público?

Seria esclarecedor revisitar a esta simples dicotomia. É, por assim dizer, a questão central!

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