OE-2017

Conciliar o Orçamento de Estado com o espartilho de Bruxelas, as naturais divergências políticas entre os partidos que suportam o governo e as aspirações do próprio PS, é um exercício difícil, de cedências mútuas, ajudado pela lembrança do governo PSD/CDS.

É interessante ver como Passos Coelho, um primeiro-ministro mais imprevisível do que a atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao cantor Bob Dylan, se julga PM no exílio e permanece líder da oposição, sem apresentar uma proposta alternativa ao OE-2017.

A direita mais reacionária depois do 25 de Abril, apesar da perda de Cavaco Silva, vive ressabiada por não ter tido tempo para desmantelar o que resta do estado social e privatizar a água.

Hoje o PSD e o CDS, unidos no desígnio ultraliberal, mas em competição eleitoral, com o CDS engordado na AR pela esperteza de Paulo Portas, para permitir a Passos Coelho a ambição de continuar PM, não se distinguem na ideologia, por mais que Passos teste o slogan “social-democracia, sempre!”.

A negligência da governação em relação à banca, agravou-se depois da subida de Maria Luís Albuquerque a ministra das Finanças, mas a culpa cabe aos dois partidos que agora vivem uma estranha ‘separação, com comunhão de bens’ ideológicos.

O OE-2017, ainda antes de conhecido, começou a ser combatido pela oposição. O CDS, pela voz de Assunção Cristas, disse que «O governo dá com uma mão e retira com as outras duas». Alguns dias depois, o inefável Luís Montenegro garantia que, no próximo ano, o governo “dará pouco ou nada com uma mão, e tirará com as duas”, [“aumento de impostos”], mantendo a opinião e emendando o número de mãos do governo.

Seria trágico para o País e para os partidos que suportam o Governo que não superassem as naturais e legítimas divergências. Nem o eleitorado lhes perdoaria que Passos Coelho e Assunção Cristas pusessem os quatro pés no Governo.

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