Porto – Eleições autárquicas

Não sou eleitor no Porto e gostaria que a presidência da autarquia fosse ganha pelo mais capaz, independentemente da origem partidária, mas há uma única candidatura que não gostaria de ver sair vitoriosa, a do atual autarca Rui Moreira.

Tenho pelos ‘independentes’ uma sólida desconfiança e enorme receio de oportunismo. O ‘independente’ integrado numa lista partidária assume a proximidade com o partido em que se integra, mas o ‘independente quimicamente puro’ é um travesti pronto a trair os partidos que o amamentam em benefício próprio. É o OVNI, a voar baixinho, no céu da política, sem querer apresentar credenciais democráticas. É o ser exótico que se julga isento e que tanto pode ser da extrema direita como da extrema esquerda, embora o caso presente, em questão de extremas, não levantasse dúvidas quanto ao lado.

Quem é Rui Moreira? Um monárquico que troca a cidadania por um título nobiliárquico ou um reacionário escondido atrás de uma alegada independência para facilmente poder, no coro anti-partidário, ser arauto de uma qualquer ditadura? Onde estava no 25 de Abril, prestes a assumir a maioridade, este monárquico cosmopolita e rico?

Rui Moreira, foi o instrumento de Rui Rio para derrotar o candidato oficial do PSD, um ato de higiene para banir do espaço político Luís Filipe Meneses, e que, desta vez, apoia o PSD contra a sua criatura, para prosseguir a legítima ambição política, deixando pelo caminho o arqui-inimigo Meneses e o moribundo Passos Coelho à espera do empurrão.

Rui Moreira já cumpriu o papel de escadote por onde subiu Rui Rio. Agora é tempo de se definir, para continuar na política. O tempo dos apolíticos não deixou saudades. Foi uma criação salazarista, e temo que Rui Moreira não seja mais do que um salazarista com verniz urbano e tiques aristocráticos a utilizar os paços do concelho com a nostalgia dos paços reais.

Comentários

e-pá! disse…
Ninguém percebe - em termos democráticos - a embrulhada que se 'construiu' a volta da candidatura autárquica de Rui Moreira à cidade do Porto mas todos já nos vamos habituando que as 'candidaturas independentes' gravitem à volta destas paradoxais conceções individualistas e, eminentemente, interesseiras.
Há, contudo, uma frase do atual autarca que deve ser interpretada. Declarou que com a saída de M. Pizarro (será talvez mais apropriado do que literalmente englobar o PS) da sua candidatura - 'o caminho ficou mais estreito'.
Não, senhor presidente: o caminho revela-se tremendamente sinuoso e os transeuntes vão ficando expostos às intempéries, porque as máscaras estão a cair. Não é possível incarnar uma virginal pose de vestal quando diariamente se vai para a cama com o primeiro que aparece.
A sigla 'o meu partido é o Porto!' mostra-se cada vez mais densa e obscura. Quer quanto ao seu contexto (pseudo ou anti-partidário), quer quanto ao conteúdo. Afinal, que Porto está representado na candidatura? O da Foz ou o do bairro do Lagarteiro?

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