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A mostrar mensagens de março, 2017

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Religião Pais contra missa pascal na escola em horário letivo Catarina Rodrigues e Fernando Antunes insurgiram-se contra ensaios de cânticos como “Perdão Senhor” Pais contra missa pascal na escola em horário letivo Os alunos de uma escola básica de Alfândega da Fé andaram a ensaiar cânticos católicos nas aulas de Educação Musical para uma missa pascal que deverá realizar-se na escola, segunda-feira, em pleno horário letivo. O caso, que já mereceu críticas de pais, pode não ser único. O presidente da associação de diretores admite situações pontuais e à Associação Ateísta Portuguesa já chegaram queixas de vários encarregados de educação sobre a existência de práticas religiosas não autorizadas em escolas públicas.

A Inquisição em Portugal – 31-03-1821

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Faz hoje 196 anos que foi abolida oficialmente a Inquisição Portuguesa e há menos de 60 que a liberdade religiosa foi acolhida por João XXIII, durante o Concílio Vaticano II, com o posterior ranger de dentes de João Paulo II e Bento XVI. Não era só a apostasia, a que raros se atreviam, que era objeto da crueldade eclesiástica. Judeus, bruxas e todos os que descressem na única religião verdadeira – ICAR –, eram as vítimas que zelosos delatores levavam ao Santo ofício. Entre 1536 e 1821, cerca de mil e quinhentas pessoas foram queimadas vivas e 25.000 condenadas a diversas penas. O apogeu da demência verificava-se nos julgamentos dos mortos que, depois de exumados, eram queimados em autos-de fé, um número indeterminado bem como o dos que morreram nos cárceres da sinistra instituição. Foi depois do Renascimento, do Iluminismo e da Revolução Francesa (1821) que findou o êxtase pio da violência clerical e o divertimento da corte a assistir aos autos-de-fé. A violência é uma tara s

O Fernando Nobre do Porto, veio a Coimbra

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Os portugueses esquecem depressa os oportunistas e videirinhos da política. Já poucos recordam um oportunista político que foi candidato a PR, deputado do PSD, e que só se manteria na AR se fosse o seu Presidente, desígnio do iluminado Passos Coelho. Eclipsou-se, claro, como vitalício presidente de uma poderosa multinacional filantrópica e familiar – a AMI –, que move muitos milhões de euros ao serviço do bem comum. Fernando Nobre foi congressista do PSD e apoiante de Durão Barroso, mas nas eleições autárquicas foi apoiante de António Costa, PS, em Lisboa, Capucho, PSD, em Cascais, Fernando Seara (CDS?), em Sintra, mandatário do BE, alistado da Causa Monárquica, primeiro, e apenas simpatizante, na candidatura ‘independente’ a PR que preparou como filantropo profissional e com apoios de ingénuos e de desempregados políticos. * Agora apareceu no Porto, como recandidato autárquico, Rui Moreira, próximo do CDS e revoltado com o PSD de Passos Coelho, que nas últimas eleições autárq

Corrupção e silêncio partidário

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A corrupção não é exclusiva de partidos políticos nem estes são responsáveis pelos atos indignos dos seus militantes, mas devem ser eleitoralmente punidos se permitirem a sua manutenção em funções sem lhes retirarem publicamente a confiança política. Em Coimbra, em junho de 2007, com Paulo Portas a atestar a honradez da líder distrital do CDS, esta foi condenada a 2 anos e meio de prisão por peculato e outros delitos, tendo ficado provado que se apropriou de 15 mil euros dos transportes dos alunos da Lousã e de géneros alimentícios da cantina. Era um crime da D. Sónia se o CDS, após a condenação, a tivesse afastado do cargo, mas, um ano depois, continuava líder distrital e esgotou o mandato. A manutenção em funções, no mais alto cargo político distrital, com a cumplicidade partidária, foi uma baixeza do CDS e da Comissão Política Nacional. *** O ex-administrador delegado dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), Manuel de Oliveira, foi condenado,

Fazer humor com um morto

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A Audiência Nacional de Espanha (Tribunal Supremo) acaba de sacrificar a liberdade de expressão ao respeito por um ditador fascista. Fazer humor com um morto é uma questão de gosto, mas condenar quem o faz é um ato de censura e, quiçá, uma homenagem à ditadura que assassinou centenas de milhares de espanhóis. A Espanha democrática rejubilou no dia em que o sinistro PM fascista, Carrero Blanco, foi liquidado graças à persistência e coragem da ETA, quando esta era uma organização antifascista, antes de se converter num bando terrorista. Foi nesse dia que nasceu o grito estrangulado pela ditadura na garganta dos democratas: «Arriba Franco, más alto que Carrero Blanco!». Hoje, mais de 40 anos após o dia em que a morte do substituto de Franco foi a metáfora da morte do fascismo, Cassandra Vera, estudante de História, de 21 anos, ficou a saber que a memória do ignóbil ditador que morreu confessado, comungado e fascista, ainda tem quem a zele.   Foi condenada a 1 ano de prisão po

Consumatum est

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Pior, aconteceu em Ponta Delgada. Apostila - Em Ponta Delgada mudaram o nome para João Paulo II.

Portugal e o Serviço Militar Obrigatório (SMO)

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Noruega Quando a Suécia regressou ao SMO e a França fez dele tema de campanha eleitoral, em Portugal, quer os políticos, quer as Forças Armadas (FA), enjeitam a discussão. Em 1999, com o país ferido pela guerra colonial injusta, inútil e perdida, e as juventudes partidárias a fazerem enorme pressão, os partidos representados na AR, com exceção do PCP, votaram a extinção do SMO, quando o deviam ter tornado universal, alargado a ambos os sexos. A injustiça e inutilidade da guerra colonial não tornou o SMO censurável. Indesculpável foi o destino que a ditadura fascista lhe traçou, mas acabou por ser a heterogeneidade da sua composição que contribuiu para o derrube da ditadura. Aliás, foi já com voluntários da GNR que Portugal participou no crime vergonhoso da invasão do Iraque. Ninguém duvida de que as FA são apanágio da soberania e têm um alto valor simbólico cuja transferência para forças policiais diminui o significado e a dignidade democrática. Hoje temos um arremedo de FA

Mudança horária

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A inteligência desaproveitada

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“Em 1989, quando era ministro das Finanças o Dr. Miguel Cadilhe e primeiro-ministro Cavaco Silva, o défice público português também foi de 2,1%. Não se trata, portanto, do valor mais baixo da democracia”, disse Passos Coelho aos jornalistas, no Luxemburgo. O valor mais baixo do défice não foi 2,1%, foi 2,1%. Com tamanha sabedoria, chegou a PM! Pensar que 2,1 é inferior a 2,1 explica a sedução de Cavaco por Passos Coelho Apostila: 3 de maio de 2017

Em maré de canonizações...

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Três defuntos políticos

Preconceitos elitistas e boçais

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Eis como os europeus do "Norte" descobriram o significado da sigla “CGD” Contrataram um técnico dos europeus do "Sul", no Algarve e eis o resultado:

COIMBRA: Elucubrações sobre independentes e eleições autárquicas…

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‘ Não há fome de não dê em fartura ’ diz o ditado. Este aforismo popular – que a presente crise financeira vem desmentindo - pode aplicar-se às próximas eleições autárquicas em Coimbra. Ontem, o jornal Público anunciava a hipótese de poderem existir três candidaturas independentes  nas próximas eleições municipais em Coimbra link .   Colocando de fora da apreciação político-partidária sobre o ‘perfil matricial independente’ destas candidaturas (quase sempre regidos pela análise burocrática de ficheiros) a questão premente que se coloca aos eleitores será a seguinte: Nos últimos tempos a cidade foi tão discutida publicamente na sociedade civil para surgirem no terreno da disputa eleitoral uma tal variedade de opções?   Ou seja, existem tantos e tão distintos projetos discutidos, pensados ou delineados para o concelho que sejam capazes de motivar os eleitores e ter credibilidade (‘ pernas para andar ’)?   Ou, pior, vamos ficar pelos habituais chavões de que Coimbra está

Candidaturas independentes, partidos e democracia

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Que os eleitores estejam descontentes com os partidos, compreende-se. Que têm dado motivos de desconfiança, pelo tráfico de influências e proteção aos seus fiéis, não será mera suposição. Que a democracia precisa de permanente escrutínio e de participação ativa, é um truísmo, mas é uma exigência cívica a que quase todos se furtam. Pensar, todavia, que as candidaturas independentes sejam a solução ou sequer mezinha para corrigir os defeitos partidários, é ingenuidade, hipocrisia ou crença malsã. O país não consegue fazer a reforma administrativa, com redução drástica de concelhos e freguesias, porque a contabilidade partidária e os empregos dependem largamente do poder local. A separação de Guimarães e Vizela ou de Loures e Odivelas, por exemplo, não passaram de novos troféus para a contabilidade partidária, satisfazendo rivalidades locais. Fátima e Canas de Senhorim só não entraram na atomização autárquica porque o bom senso de Jorge Sampaio contrariou a demagogia de Durão Barros

As religiões e o terrorismo

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“Ó Profeta! Combate os descrentes e os hipócritas! Sê implacável com eles. E a sua morada é o Inferno – e que péssimo destino!” (Alcorão 9:73) Há entre as crenças, religiosas, políticas e outras, uma ligação direta com a ação, e não se percebe a complacência de que gozam as crenças religiosas relativamente às outras. Não vejo que o nazismo, por exemplo, goze de igual benevolência. Não é perigoso que se acredite que “Maomé ascendeu ao Céu num cavalo alado” ou que Cristo se tivesse adiantado, de forma incógnita, para o local geograficamente indefinido, mas foi catastrófico para os índios da América que os cristãos se sentissem obrigados a evangelizá-los, como é hoje, para europeus, a exigência islâmica da conversão universal ao profeta amoral e analfabeto com que os intoxicaram. Ontem, no primeiro aniversário dos atentados que levaram o terror a Bruxelas, mais um atentado em Londres se juntou aos de 7 de julho de 2004, nos transportes, 30 de junho de 2007, com um jipe carregado d

Afinal, há milagres!

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Francisco e Jacinta não aprenderam a ler em vida, mas aprenderam a obrar milagres em defunção. Já é o segundo milagre que obram em “joint venture”, situação rara, que os vai conduzir à santidade, em apoteose pia, no próximo dia 13 de maio, no 1.º centenário da estreia do mariódromo, no cocuruto de uma azinheira.

Jeroen Di[j]sse…

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As declarações do inefável ministro das Finanças holandês e ainda presidente do Eurogrupo, o Sr. Jeroen Dijsselbloem, geraram múltiplas reações de repúdio. Todavia, elas ultrapassam o ‘incómodo imediato’ e vão pôr à prova a solidariedade europeia, num momento em que a crise internacional tem amplos reflexos internos (na UE).   Na verdade, as descabeladas declarações de Dijsselbloem são uma edição tardia, requentada, deslocada e anedótica da ‘narrativa oficial’ de alguns centros de decisão europeus sobre uma eventual vivência de alguns países ‘acima das suas possibilidades’, teoria elaborada pelos laboratórios ideológicos neoliberais, para justificar ‘experimentalismos’ e impiedosos ‘ajustamentos’ que se abateram sobre milhões de cidadãos europeus. Julgávamos que essa ‘narrativa’ tinha sido definitivamente enterrada pelos factos e pelas evidências que foram surgindo ao longo da crise. Atribuir as causas da crise aos povos e/ou a circunstâncias de governação nacionais é ‘tomar

De Cavaco e Barroso a Donald Trump

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A mentira tem a perna curta, mas os mentirosos têm muitas pernas. Parecem centopeias. O FBI investiga suspeitas de conluio entre a campanha de Trump e o Governo russo, o que, a ser verdade, é um grave risco para a segurança dos EUA, mas Trump, talvez para desviar atenções, acusou Obama de o espiar durante a campanha eleitoral, recorrendo à mentira como tática e à calúnia como estratégia. É irrelevante que o Departamento de Justiça e o FBI não tenham quaisquer indícios de que Trump tenha sido escutado e espiado a mando do ex-Presidente Barack Obama, o que interessa é o ruído necessário e suficiente para desviar as atenções. A pós-verdade prenuncia a pós-liberdade, a tragédia que parece corroer as mais sólidas democracias mundiais. O perigo não é a mentira, é a indiferença dos cidadãos à mentira mais torpe e à mais aleivosa das acusações. A anestesia cívica produz gera impunidade e insensibilidade ao embuste. Trump não é pioneiro, Hitler usou a estratégia com êxito. Aliás, a me

A frase

“Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda.” (Jeroen Dijsselbloem, presidente do Conselho Europeu, ministro das Finanças do maior offshore da União Europeia (Holanda), paquete do Sr. Wolfgang Schäuble, numa alusão aos países do sul da Europa). Nota: Até na tradução de ‘vinho verde’ por ‘aguardente’ adulterou uma frase boçal portuguesa.

Nós e o ex-jovem turco António Barreto

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Não tenho por António Barreto, o sociólogo a quem Mário Soares entregou o ministério da Agricultura e fez dele, por más razões, figura mediática, qualquer ódio de estimação, mas não desprezo o missionário da direita civilizada com aura de independente. É a faceta civilizada e a bem cuidada aparência de equidistância que mais me enfastiam no seu ódio de estimação à esquerda, a qualquer esquerda à esquerda da pior direita, no jeito de quem transitou pela esquerda, saindo do PCP pela esquerda, e apanhou a boleia do PS a caminho da direita pura, dura, sem concessões, em solavancos renovadores. António Barreto (AB), falhada a carreira política de quem se julgava ungido para líder e ideólogo, dedicou-se à análise política nos órgãos de comunicação social, com especial relevo e proveito na televisão. No DN tem uma coluna semanal onde faz política e publica fotografias, onde se revela bom fotógrafo, sofrível analista e obsessivo adversário da esquerda. «Sem Emenda» é o nome da coluna qu

A Europa e os “se’s” da candidatura Schulz…

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A crise da União Monetária tem ingredientes capazes de reativar a esquerda europeia. Na fase aguda da crise muitos partidos sociais-democratas entraram em ‘pasokitização’, por uma razão muito simples: apoiaram direta ou indiretamente a austeridade e tudo aquilo que lhe está inerente e a envolve. A ‘tentação pelo abismo’ (capitalista) existiu e conduziu a social-democracia para o desastre. Em muitos países surgiram ‘Esquerdas’ alternativas, multifacetadas, muito indignadas que percorrem um amplo leque de opções: desde os populismos esquerdistas (contestatários) até à reedição das velhas conceções trotskistas. Do outro lado, isto é, na Direita, o terreno tornou-se fértil para o crescimento de movimentos populistas e nacionalistas. Este, na sua essência, o figurino europeu que vai dominar a Europa este ano. Para trás ficaram já 2 momentos essenciais. O 'Brexit' e as eleições Holandesas. Pela frente a proximidade do ato eleitoral presidencial em França e, finalmente, as

Ponte Europa (2.ª Edição) - Apresentação na Guarda

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Amável deferência de Joaquim Igreja sobre o lançamento da 2.ª Edição do livro «Ponte Europa» na Guarda. ONTEM NA BMEL Carlos Esperança apresentou livro Carlos Barroco Esperança, ex-aluno do Liceu Nac. da Guarda, autor de PEDRAS SOLTAS, acaba de lançar a 2ª edição de PO... BLOGUEEXPRESSAO.BLOGSPOT.COM

PàF – Réquiem de um pesadelo

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As declarações de Assunção Cristas na entrevista ao Público não podem ser vistas como falta de experiência de uma ministra que caiu no ministério da Agricultura como Pilatos no Credo Romano. Quem participa em reuniões virtuais do Conselho de Ministros e subscreve uma decisão política por email não ganha credibilidade política, sobretudo com a anuência implorada pela colega das Finanças, sem ponderação, numa matéria tão relevante como a decisão sobre o futuro do grupo GES/BES, e sem consciência de que as decisões coletivas do Conselho de Ministros comprometem individualmente todos os seus membros. Assunção Cristas disse que “O Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da banca”, atribuindo a responsabilidade do colapso do BES a Passos Coelho, e, de uma só vez, mostrou a leviandade de todos os ministros do PSD e do CDS. Com a entrevista, ficámos a conhecer melhor a qualidade dos agentes políticos que durante mais de quatro anos procuraram desmantelar o Estado social mo

Crónica de Fim de Semana

A Escola do Magistério Primário da Guarda (EMPG) e o corpo docente Quando em 1959 entrei naquele estabelecimento de ensino médio, logo consagrado com o epíteto de aluno-mestre, dei-me conta do regime concentracionário daquele antro onde a moral e os bons costumes eram defendidos da forma que seria designada por bullying, décadas depois. Em breve, o liceu pareceria um espaço de liberdade. A docência e a decência eram ali inconciliáveis. O edifício ficava em frente da antiga prisão, poucos anos antes mudada para um imóvel na periferia da cidade. Eu recordava ainda os sacos de pano suspensos de um cordel, que ondulavam sobre o passeio, onde alguns transeuntes introduziam cigarros ou moedas que os presos recolhiam na cela. Não sei se houve algum mimetismo a contaminar a EMPG e o seu diretor. Notavam-se algumas diferenças, desde o formato das grades ao aspeto dos carcereiros, talvez por mero acaso, mas respirava-se o medo e sentíamo-nos igualmente espiados. Na indigência do corpo do

As eleições holandesas

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As eleições holandesas não podem ser reduzidas a exercícios contabilísticos, à contagem de cadeiras no Parlamento, aos avanços e recuos eleitorais e a especulações sobre prováveis coligações governativas. Na realidade, existiu algo para além disso. O que aconteceu na Holanda foi mais uma oscilação do eleitorado que se revelou extremamente crítico para com o sistema político-partidário vigente e simultaneamente uma profunda fragmentação do eleitorado. Numa leitura desapaixonada dos resultados dificilmente se conclui que o ‘perigo populista’ foi contido. Na verdade, o partido do fascista e racista Geert Wilders resistiu aos mecanismos de exclusão que se desenharam no leque partidário holandês. À partida os populistas não tinham qualquer hipótese de vir a integrar um futuro governo o que é um handicap eleitoral, nomeadamente para a Direita, que não aprecia os protestos platónicos e muito menos afirmações de princípio ideológicas (que de facto o populismo não alberga). Numa anál

Sócrates e a Justiça

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Quando em 1960 fiz exame de «Organização Política e Administrativa da Nação», (7.º ano liceal) aprendi que os juízes eram independentes, irresponsáveis e inamovíveis, atributos que não eram privilégio dos julgadores, mas a garantia da defesa dos cidadãos. Apesar de a ditadura fascista ter aviltado a Justiça com Tribunais Plenários e de ter visto no juiz Morgado Florindo uma caricatura perversa, não duvidei de que os Tribunais são o último reduto da democracia. Por estranho que pareça, continuo a pensar assim e, por isso, não me tenho pronunciado sobre o caso mediático do julgamento de um antigo primeiro-ministro. Não me pronunciei quanto às constantes violações do segredo de justiça, permaneci em silêncio quando o julgamento foi feito na praça pública, respeitei a ética republicana de considerar que o Estado de Direito reside na separação dos poderes. Com o processo a caminho de 4 anos, depois de sucessivos adiamentos dos prazos para deduzir acusação, o último adiamento deixa

Holanda - O pior não aconteceu

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Cimeira das Lajes – Ilha Terceira, 16 de março de 2003

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Na tarde de hoje, há 14 anos, na base das Lajes, teve lugar a cimeira da guerra onde, em macabra encenação, foi anunciada a invasão do Iraque. George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar foram recebidos pelo mordomo luso, que fora a Londres ver as provas das armas químicas de Saddam Hussein, mentira que serviu de pretexto à agressão. Os sinistros cruzados já antes tinham decidido a invasão que ali fingiram acordar. Isso mesmo veio a ser confirmado num relatório parlamentar britânico. Na Assembleia da República, em Portugal, o PSD e o CDS, então maioritários, votaram a participação no crime. Só não seguiu uma força militar, com desgosto de Paulo Portas, então ministro da Defesa, por oposição do honrado PR, Jorge Sampaio, invocando a sua qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas. A direita parlamentar e o seu governo avançaram então com um contingente da GNR. Barroso, esse gigante da ética, videirinho e vil, havia de dizer, muito depois, que teve o apoio do PR, reincid

A República, o Sr. Duarte Pio, as figuras e os figurões de Estado

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O estranho tropismo do PR para os dedos anelares do clero compromete o carácter laico e republicano do cargo, apesar da isenção e sentido de Estado com que o tem exercido. É, aliás, o único reparo que posso e devo fazer a quem, sendo de uma família política diferente, não tenho o direito de exigir que partilhe os meus pontos de vista. Surpreendente é a posição dos cidadãos, ou melhor, vassalos, que ocupam ou ocuparam altos cargos da República. Refiro-me a uma petição para que fui alertado por um sólido Historiador e estimado amigo, Amadeu Carvalho Homem. “Petição quer incluir o duque de Bragança no protocolo de Estado”. Eu julgava extintos os títulos nobiliárquicos desde a implantação da República e o Sr. Duarte Pio um mero ornamento das revistas do coração, sem prejuízo do humor que o ridículo produz. Acontece que pessoas tidas por normais, algumas com farta erudição e aparentemente saudáveis, são subscritoras de tão idiota petição num regime cuja irreversibilidade é exigência

O Tribunal Europeu de Justiça (TEJ) e a exibição de símbolos religiosos

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Conciliar a liberdade e o proselitismo religioso é tarefa difícil, na Europa, onde alguns imigrantes desprezam a cultura autóctone e fazem provocações. É neste contexto que o TEJ concedeu ontem às empresas europeias o direito de proibirem aos trabalhadores o uso de símbolos religiosos visíveis nos seus locais de trabalho. Não é o uso que se proíbe, é a exibição, e conhecemos a vocação religiosa para afrontar a laicidade, que faz parte do ethos civilizacional que urge defender, e está a ser atacada. Esta jurisprudência tem contra ela prosélitos de várias religiões, intelectuais de vários matizes e sobretudo a cobardia do politicamente correto. A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que insiste em ornamentar as cerimónias profanas com as vestes talares dos seus dignitários e acolher os governantes sob o pálio, já contestou a decisão e avisou que pode estender-se a todos os sinais religiosos. Claro que pode (aos ostensivos) e, na minha opinião, deve. Um padre, pode ser médico, e

Guarda - Hoje

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Será verdade?

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Assunção na ‘crista’ da onda….

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Assunção Cristas a nova dirigente do CDS/PP gosta de alardear e indignar-se com aquilo a que chama as mentiras (dos outros).   De quando em vez, na tempestade demagógica que vem alimentando, escorrega e estampa-se. Quando afirma na entrevista ao Publico que em relação ao Governo a que pertenceu “ Nem BES, nem BANIF, nem CGD: O Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da Banca ” link está a tentar dourar a pílula (já chega de epítetos à volta de 'mentiras').   Na memória de todos está a famosa “resolução do BES” em Agosto de 2014, link , decidida pelo Governo de então, em inusitada votação ‘eletrónica’. Ora, este passo tratou-se de um indesmentível envolvimento nas questões da Banca e dada a celeridade com que se ‘fabricou’ a resolução faz todo o sentido entender que o assunto já tinha sido discutido em reuniões ministeriais anteriores ou, então, concluir que se tratou de uma decisão leviana. A escolha é difícil.   Para continuar a dourar a pílul

A eleição do Papa católico Francisco – 4.º aniversário

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Há 4 anos, num consistório, quiçá com a ausência do Espírito Santo (não, não é esse em casa de quem foi engendrada a candidatura de Cavaco Silva a PR, é o da Trindade, a quem se atribuía a obrigação de iluminar os cardeais e hoje reduzido à toponímia ou encontrado na reserva ecológica dos Açores ou no Brasil), foi eleito Papa o cardeal Jorge Bergoglio. Bergoglio ganhou aí o direito de mudar de nome e um cargo vitalício cuja longevidade dependia da prudência e dos cuidados. Durou já muito mais do que os mais otimistas vaticinavam. É verdade que continua a conformar-se com os milagres dos defuntos, a criar santos e a participar no “road show” publicitário aos santuários que atraem mais turismo pio, mas o que pode fazer o CEO de uma multinacional da fé onde escasseiam novos produtos e sobram velhas superstições? Relevante é o que é capaz de fazer pela paz e pela justiça social. E nisso, Francisco, sem provocar o êxtase de Zita Seabra, Aura Miguel ou João César das Neves, mais devo

As convulsões turcas numa Europa sitiada e assediada …

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O governo turco desdobra-se pela Europa fora com o intuito de angariar apoios para o ‘ golpe Erdogan ’ que passa pela concentração e alargamento de poderes do Presidente da República. Os problemas desta inflexão política, utilizando meios obscuros mas de alcance nítido, começaram no próprio País. Na verdade, o Presidente turco começou por não conseguir reunir eleitoralmente o quórum necessário para proceder a tais mudanças. No seguimento deste bloqueio constitucional realiza, oportunamente, novas eleições e consegue, para o seu partido (AKP), reconquistar uma nova maioria à custa de um elevado preço que esconde, na prática, a exclusão da oposição (Partido Republicano do Povo / CHP) e dos curdos (perseguidos quer no independentista PKK quer no ‘liberal’ HDP) de participarem na vida pública. Depois, ocorre a tentativa de golpe de Estado, de contornos ainda pouco explícitos, que foi de imediato aproveitada para depurar profundamente as Forças Armadas e o Poder Judicial, baluarte

Guarda - Convite

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A 2.ª edição já está disponível

A Espanha e a Lei da Memória Histórica

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O governo de Rodrigo Zapatero (PSOE) retirou 570 dos 705 símbolos catalogados, da ditadura. O Governo de Mariano Rajoy (PP), não retirou um único símbolo em 5 anos . Em Alicante, o governo local foi obrigado a repor o nome de «Divião Azul» na Praça da Liberdade, uma decisão judicial a impedir a democratização e a restaurar a homenagem ao fascismo. Franco continua sepultado no Vale dos Caídos, ofensa só comparável a uma impensável glorificação de Hitler na Alemanha ou de Mussolini em Itália. O Supremo Tribunal, que suspendeu o impoluto juiz Baltasar Garzón, o mais destacado juiz na luta contra o terrorismo, narcotráfico, crimes contra a Humanidade e corrupção económica e política, parece manter-se como órgão franquista onde os juízes sentem a nostalgia do maior genocida ibérico de todos os tempos. No país onde a monarquia é a herança imposta por Franco e o PP não se diferencia da Falange, a democracia está em permanente perigo e o regresso da ditadura à espera do colapso da UE

Conferência na FCSH da Universidade Nova: o novo, o velho e os embustes…

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O cancelamento(?) /adiamento(?) / suspensão(?)   link da Conferência de Jaime Nogueira Pinto na FCSH da UN de Lisboa foi uma ‘ argolada ’, assente sob justificações cautelares e está a ter os seus desenvolvimentos. Num ápice transformou-se uma atitude provocatória numa medida de 'cariz censório', dando lugar a uma inusitada cascata de propaganda política.   A realização da conferência seria mais uma inócua manifestação de propaganda ‘folclorista’ à moda antiga tecida em redor de um explosivo caldo de cultura que, no presente, está em franca fermentação, misturando (associando) nacionalismo e populismo. É de prever, à posteriori, que a efetivação da monocórdica conferência nada de importante viria ao Mundo e teria sido evitada uma tão persistente e maléfica maré propagandística.   A conferência não é, todavia, um simples exercício de liberdade de expressão. Existe um evidente contexto que lhe está inerente onde no seu seio pululam uma montanha de contradições. Prim

A liberdade de expressão, a democracia e os democratas

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Condeno a decisão da direção da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa de cancelar uma conferência do assumido fascista Jaime Nogueira Pinto sobre ‘o Brexit, Trump, Le Pen e o fenómeno do populismo’. A conferência podia ser a provocação organizada pela Nova Portugalidade, movimento para quem Salazar é a referência e tem um currículo que desafia a CRP no que se refere a organizações fascistas, mas a liberdade de expressão é um direito que cabe ao Estado tutelar. A pronta oferta da Associação 25 de Abril das suas instalações para a realização da dita conferência é um ato de coerência de quem restituiu a liberdade ao povo português e a continua a defender, não hesitando em defender a liberdade para os seus adversários. O PR condenou a FCSH pelo cancelamento da conferência afirmando que é “o guardião dos direitos constitucionais, entre eles a liberdade de expressão, e, por isso, para mim é incompreensível uma decisão daquelas por parte de uma