O PSD e a política

Enquanto Luís Montenegro se transforma em Assis do PSD, num inestimável serviço ao PS, e o partido entra em convulsões profundas, vale a pena regressar ao 37.º Congresso cujo prazo de validade ameaça ser curto, a avaliar pela eleição do líder parlamentar.

O mantra do Congresso, onde mais uma vez reafirmou uma identidade social-democrata inexistente e, simultaneamente, jurou combater a social-democracia, que está no poder, resume-se ao ataque ao PS, por ter o apoio de partidos antieuropeístas, BE, PCP e PEV.

Esqueçamos a ausência de formação democrática de Relvas, Marco António, Cavaco e Passos Coelho, que moldou o partido, e a pulsão antidemocrática de quem reivindica o direito de decidir quais os partidos que têm legitimidade para governar.

Detenhamo-nos apenas no antieuropeísmo dos partidos que sustentam o atual Governo e nas consequências que tal posição ideológica já produziu. Até agora, como faz parte dos acordos que todos têm honrado, a política europeia de Portugal mantém-se, e a crítica só revela má-fé e vazio ideológico.

O PSD já se esqueceu de que o CDS foi expulso do PPE por ser demasiado eurocético e reacionário, e que só regressou graças à influência do PSD que carecia do proscrito para Durão Barroso formar Governo?

Os congressistas do PSD, à falta de projeto e de rumo, fizeram do europeísmo bandeira, enquanto no CDS, partido satélite do PSD, Nuno Melo, próximo da extrema-direita e do euroceticismo, é certamente um duvidoso europeísta, preso pela arreata à democracia.

Mas se o europeísmo é a medida dos partidos conservadores e o antieuropeísmo pecado da esquerda à esquerda do PS, como explicam os congressistas do PSD, nomeadamente Paulo Rangel, o comportamento do Partido Conservador do Reino Unido e o Brexit?

Porventura os seus partidos homólogos e reacionários da Polónia, Hungria e Áustria são modelos na defesa do aprofundamento da integração europeia, sem a qual nem a moeda única, a coesão social ou a construção geopolítica têm futuro?

Uma última pergunta feita por um assumido federalista: É crime contestar o modelo ou a mera existência da União Europeia? Eu, que a defendo, considero igualmente legítima a posição contrária.

Mas não é democrata quem quer.

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