Um fascista grotesco

Sobo título em epígrafe, o jornalista Baptista Bastos publicou no «Jornal de Negócios», no dia 8 p.p., um artigo cuja qualidade literária e sentido crítico o tornam credodor da transcrição que aqui fica:

«Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.

Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.

Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se». O comandante do Regimento de Infantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara. Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».

A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha. Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades. Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o Código Penal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição. Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca está sóbrio?

O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha. Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.

A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo.

APOSTILA 1 - José Sócrates foi extremamente convincente na entrevista de terça-feira à SIC. Ricardo Costa e José Gomes Ferreira apenas titubearam. Nota vinte para Sócrates. Os dois interlocutores estiveram a ver a banda passar.

APOSTILA 2 - Por falta de apoios o Ciberdúvidas, consultório de língua portuguesa na Inbternet, pode encerrar a sua notabilíssima tarefa. Fundado por João Carreira Bom e por José Mário Costa, dois excelentes jornalistas que nunca atropelaram o verbo nem se estatelaram na preposição, aquele consultório cumpre, averiguadamente, uma função desprezada pelos poderes. O número de respostas e os textos de apoio que o Ciberdúvidas tem inserido no «sítio», é volumoso e mais do que significativo, impositivo da sua especial importância. Animador desta iniciativa fundamental, depois da morte de Carreira Bom, o jornalista José Mário Costa tocou no batente de pujante instituições, como a Caixa Geral de Depósitos, a Galp, BPI, CTT e PT. Em vão. Aquele que é o «único prestador de serviço público gratuito e universal na divulgação da língua e da literatura portuguesas» está seriamente ameaçado. Dilectos: vamos à carga!

APOSTILA 3 - Na net corre um risonho comentário sobre o português ideal. Assim: tem uma pensão de 1600 contos por mês; tem dois meses de férias como os juízes; reforma-se aos 57 anos como os enfermeiros; acumula um lugar de vogal na Fundação Luso-Americana com o seu emprego, como o dr. Vítor Constâncio; tem o sistema de saúde dos polícias; tem uma verruga mais uma dioptria no olho esquerdo, e mais outro achaque qualquer para chegar aos 80 por cento de deficiência, e quase não paga impostos; tem a esposa na TAP e viaja com descontos; tem um pai militar e faz as compras na Manutenção Militar; tem a mãe médica e não paga consultas, ao abrigo do estatuto deontológico da Ordem dos Médicos; e possui um cartão do PS e outro do PSD pelo que arranja sempre um «tacho».»

Nota: O «Ponte Europa» não costuma transcrever artigos publicados em órgãos da comunicação social. A leitura do texto justifica a excepção.

Comentários

Anónimo disse…
Poix claro, ora não fosse a bater em alguém do PSD tu não transcreveres o texto.
Ass: Jotinha
Anónimo disse…
Caro Esperança...
Tu, artista do escárnio e do mal dizer no que toca a coligações de direita, penso ser interessante ouvir (ler neste caso) a tua opinião relativamente à abertura do teu candidato à Câmara de Coimbra, o Batista (sem p, segundo os cartazes), que admitiu a possibilidade de coligação com os trotskistas do Bloco de Esquerda.
Será o desespero face à possibilidade de não ultrapassar os 20% no dia 9 de Outubro?
Ass: Jotinha empenhado na vitória do Dr. Carlos Encarnação.
Anónimo disse…
O problema dos jotinhas (laranjas) é que não andam muito longe da alimária Jardim. Começo a pensar que têm medo do tal Bloco, tal a forma como repetem a invenção do Trotsky ...
Anónimo disse…
Andamos fartos destas lapas agarradas ao poder, sem qualquer qualidade, sem saberem sequer falar ou escrever correctamente. Estamos fartos deste "novo"Fausto ( versão desequilibrado e perdido) e da tacanhez de Luis Vilar e da burrice do Baptista. Estamos fartos dos Jaimes Soares do PS que vão desequilibrando a presença e credibilidade do PS de Coimbra.
Queremos gente nova, com potencial, com qualidade. Gente com profissão e que já mostrou que sabe ser político com equilíbrio e responsabilidade.
Defendemos uma renovação política geral no próximo congresso da Federação, sem chapeladas e que essa renovação não tenha ligação directa à idade apesar de defendermos um candidato dos trintas. Mas diremos não aos Paulos Penedos da política, que estão aqui, acolá e lá ao fundo.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides