A mesquinha ditadura

(cortesia de M. Maça)


Para além dos crimes, exílio, prisão, desterro, torturas, fome, guerra e perseguições, há na ditadura de Salazar uma dimensão ridícula capaz de matar por si.

A Ordem de Serviço N.º 3490 da Caixa Geral de Depósitos Crédito e Previdência, de 30 de Julho de 1931, é uma metáfora do país «pobrezinho mas honrado», do Portugal rural, analfabeto e beato, moldado pelo ex-seminarista e dirigente do C.A. D. C., de Coimbra.

Há um país esquecido nos despachos ministeriais, Ordens de Serviço dos organismos públicos, discursos dos ministros, homilias do cardeal Cerejeira e na correspondência oficial, cheia de

VV. Ex.as

e

A Bem da Nação.

Comentários

Anónimo disse…
Experimente estar numa caixa de um banco de mangas arregaçadas e verá o que o gerente lhe diz...
Anónimo disse…
Hum...
Ao que parece, hoje em dia, só mudou a terminologia...
As ideias ainda se mantêm, bem como as práticas.
Ainda subsiste a ideia de que um fato e uma gravata comprados na Maconde por 50 euros são mais dignos do que uma camisa de qualidade, confortável, adquirida por igual valor.
É vê-los, ao balcão, às vezes, com o colarinho da camisa já puído e os cotovelos do fato muito gastos.
Assim é mais bonito, não é?
Ainda somos muito atrasadinhos...
Graças a Deus... ;)
Anónimo disse…
Só em Portugal é que o primeiro-ministro e os ministros andam de fatinho e gravata, por sinal de bom gosto (pelo menos no caso do primeiro-ministro) e caros. Talvez fosse bom começar por alterar essa tralha tão duvidosa, não acha?
Anónimo disse…
Esta faz-me lembrar aquela história de Napoleão vestir sempre camisa vermelha no sentido de os seus soldados não se aperceberem de sangue em caso de ferimento. Já agora, parece que Socrates usa sempre calças castanhas.
Mano 69 disse…
E depois do 25 de Abril quem usava gravata, na CGD, era considerado fascista.

Saúde e bichas
1313 disse…
mudou-se tudo e ficou tudo na mesma
Anónimo disse…
Não é só em Portugal, quase todas as grandes empresas por esse mundo fora têm regras de aparência. Não é uma questão de atraso ou de fascismo, é uma questão de imagem de marca.
Basicamente as empresas que não têm código de vestuário são as informáticas, chega-se ao ridiculo de que se te aparecer um engomadinho a vender um computador tu não compras, está`-se à espera de umas jeans e de uma t-shirt e basicamente do informal passou-se à proibição do fato e gravata nessas empresas.
Aliás nos EUA é devido a essas empresas e à ideia de liberdade que se criou o informal friday dia em que regras de vestuário não se aplicam, mas nos outros dias tudo como sempre.
Querer dizer que haver regras de vestuário é só em Portugal e sinal de atraso é em sim mesmo sinal de atraso ou falta de conhecimento de outros países.
Desculpe que lhe diga Carlos mas esta demonstração de que a ditadura era má não tem ponta por onde se pegue.
Anónimo disse…
«Desculpe que lhe diga Carlos mas esta demonstração de que a ditadura era má não tem ponta por onde se pegue».

Resposta: Esta é apenas a parte caricata. O resto, a repressão, está bem documentadas no corpo e na alma dos democratas da época.

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