Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
É hilariante como alguns neo-liberais tentam dar a volta ao texto em comentários na comunicação social sobre esta terrível situação.
Em vez de se responsabilizarem pelas consequências do "mercado livre", que exaustivamente defenderam, retirando-lhe todo e qualquer tipo de regulação, o que conduziu ao desastre actual, glosam com a crise, afirmando que o "pessoal de esquerda", com as intervenções do Estado na Economia dos States, vai pensar que chegou o "socialismo" à América!
A sua "cultura" não dá para entender que ninguém gosta que o tomem por burro...muito menos por aqueles que não tiveram dignidade nem souberam honrar os negócios e venderam gato por lebre. Aquilo que por cá se chamam de aldrabões, vendedores de banha da cobra, pulhas, etc.
Perante tamanha indigência intelectual, tanta falta de escrúpulos, situações tão opacas, a minha pergunta é:
Como esconderam a inevitabilidade do "crash imobiliário" durante tanto tempo?.
Viriam com o dinheiro dos pobres socorrer os ricos. Até aqui tudo normal. Só que desta vez a dimensão do estouro é tal, que até querem tentar reparar os danos no sistema por via dereparações opacas. O tal de Paulson quer poderes ilimitados e dinheiro ilimitado para estancar a hemorragia, sem controlo seja de quem for. Pode ser que consiga. Mas tenho para mim que desta vez a hemorragia está descontrolada e que a época escolhida e as circunstãncias do tesouro americano não foram os ideais.
( preço do dólar, dívida externa, preço do petróleo, dos bens alimentares, guerra em duas ou três frentes, eleições à porta...)
Ou muito me engano ou vão pedir dinheiro à China e ao Japão e Singapura para tentar salvar a economia real.
Porquê esta pressa? É que a economia está baseada no crédito e este está parado.
Os próximos capítulos vão ser deliciosos e quem ganhar as eleições tem um bico-de-obra do caraças. E uma economia liberal para os pobres e um socialismo financeiro para os muito ricos. Não há memória de tal coisa...
MFerrer