A União Europeia, a Alemanha e a guerra

Sou dos que sentem a necessidade de investir na Defesa da UE, eventualmente na Força Operacional Rápida Europeia (EUROFOR), não na atribuição de verbas para rearmar os países que, no passado, começaram as guerras na Europa, e jamais sem discutir em cada país, ampla e livremente, o montante da despesa que é capaz de suportar.

Duas guerras mundiais, a reunificação da Alemanha e a proibição do seu rearmamento, levam-nos a refletir no perigo de investir 500 mil milhões de euros na indústria militar e de se tornar a maior potência militar europeia, perigo agravado pelo regresso ao espaço alemão da ideologia nazi, através do crescimento do partido AfD.

Os 5% que Trump alvitrou para a Defesa nos países da Nato, o número que lhe ocorreu, encontrou eco no sec.-g. da Nato, que logo o impôs aos governos habituados a serem satélites dos EUA, sem o discutirem.

Ignora-se a razoabilidade do número, os objetivos e quais os inimigos previsíveis, sendo Trump que ameaça a Gronelândia. O mais inquietante é a leveza com que o PM, depois de ter prometido aumentar as pensões, se propõe exaurir os recursos do Estado. Afinal, é a destruição do SNS e da Segurança Social que está em causa.

A guerra na Ucrânia é o pretexto para arruinar o Estado social enquanto os partidos de extrema-direita crescem condenando a guerra e, sobretudo, as sanções à Rússia cujas contrassanções se viraram contra a UE. Vejam-se os países dissonantes dentro da UE e as posições divergentes no seio da CDU com Michael Kretschmer*, o primeiro-ministro da Saxónia, no leste da Alemanha, a exigir a cooperação com a Rússia e a reabertura dos gasodutos Nord Stream para reduzir os custos da energia.

Mais de três anos depois da invasão da Ucrânia, invasão que se seguiu à guerra civil de vários anos, com o país destruído, campo de experiência de novos modelos de guerra, admira que a UE não tenha apresentado nenhum plano de paz e se obstine na derrota da Rússia, sem coragem para enviar soldados seus para o campo de batalha e sem recear o conflito nuclear. Não é sem debate que podem ser tomadas decisões desta importância.

O conflito entre o direito internacional e os interesses económicos não pode evitar a discussão, sobretudo quando se demoniza a Rússia e se faz vista grossa aos crimes de Israel.

Apostila – É estranho o apoio coincidente dos EUA e da Rússia a partidos europeus de extrema-direita e a sanha de ambos contra a UE. Na Polónia o candidato extremista tornou-se, no último domingo, PR da Polónia, apoiado por Trump.

 

Michael Kretschmer* Fonte: MENAFN

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