À Espera de Godot
No teatro com o título em epígrafe há duas personagens principais e eventualmente uma terceira para cada um dos atos de uma peça sobre o absurdo.
Ontem a representação teve um só ato, e as duas figuras principais,
em vez de um longo diálogo, brindaram o público com o pesado silêncio e a
desolação de quem sabia já que era inútil esperar Godot e que o público não aplaudiria.
As duas figuras foram acompanhadas no silêncio por uma inexistência
do nosso negro quotidiano quando, em palco, o mais insignificante dos atores assumiu
a representação.
A pusilanimidade dos mudos, ansiosos por saírem de cena,
logo eles, tão habituados aos holofotes, levou-os a fugir pela porta das
traseiras perante o asco dos espetadores.
Quem cancelou o 25 de Abril pela morte do Papa e não interrompeu
o veraneio nem adiou uma festa partidária com o País a arder, só merece execração.
A degradação ética e a covardia atingiram a cúpula do Estado. Foi nisto que votámos.
Eis os rostos e a postura de mãos dos contrariados atores do
longo período da figuração.

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