A União Europeia (UE) e a guerra na Ucrânia
A UE, depois de 17 pacotes de sanções contra a Rússia, e de suportar as contrassanções, insiste no 18.º pacote e ignora as fissuras na sua unidade enquanto os EUA se afastam da guerra e a China estreita relações e recusa a derrota da Rússia.
A UE, a reboque do PM inglês, do PR francês e do chanceler alemão, apoia a guerra até à derrota russa, e era prudente que, sem Forças Armadas próprias, a UE procurasse a paz em vez de arriscar a sua sobrevivência com a sorte do conflito.
A UE decidiu, na defesa do direito internacional, apoiar a guerra que poderia ter sido evitada se Boris Johnson (RU), por desejo próprio e dos EUA, não tivesse prometido em 2022, em Istambul, o apoio incondicional à Ucrânia, até à derrota da Rússia.
Os interesses geoestratégicos dos EUA, entretanto, mudaram, deixando a UE mais só no conflito em que se envolveu na usual colagem aos EUA, com a China beneficiária desta guerra, como, aliás, das do Médio Oriente. A Rússia, negada a entrada na Nato e na UE, por interesse dos EUA, foi lançada nos braços da China, de que agora está dependente.
Com a guerra a correr mal para a Ucrânia, resta aos países que a apoiam, incluindo os da UE, aceitar a derrota, com graves danos, ou arriscando a guerra nuclear, entrar em guerra com a Rússia. É o que, em coerência, são obrigados a fazer, sem que a Ucrânia pertença à Nato ou à UE!
O que não é admissível é que a UE esconda a situação e não ausculte os cidadãos sobre a política externa, confiada a Kaja Kallas, desprezada pelos EUA, onde foi humilhada, e que tem fracassado na procura de apoios alternativos.
A UE falhou na China, onde Kallas se apercebeu do apoio à Rússia, e vê os BRICS e o Sul global afastarem-se, com o EUA cada vez mais distantes. Entretanto, fica isolada e ameaçada por tarifas, ironicamente, pelos EUA.
O acordo celebrado entre a UE e o MERCOSUL (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) “acordo mutuamente vantajoso que trará benefícios significativos para os consumidores e as empresas de ambas as partes”, segundo Ursula von der Leyen, espera a ratificação porque Macron quer incluir, antes, medidas para proteger o setor agropecuário francês.
O cansaço da guerra tem levado os países da UE à descrença na vitória da Ucrânia e ao afastamento do apoio que começou entusiástico e teve o efeito perverso de incrementar a extrema-direita no seu seio enquanto a UE se tornou um anão político.
E a UE continua a insistir na despesa de 5% do PIB para a Defesa, insensível ao efeito devastador na Saúde, Educação e apoios sociais aos cidadãos! Nem vê o fosso em que a sua economia caiu e que se agrava em relação à chinesa e à dos EUA.
O que me dói é ver perigar a UE, a minha querida UE, o aliciante projeto de integração de várias nações num espaço comum de paz, progresso e solidariedade.
Comentários