RTP-1 – Os incêndios, os governantes e o PR

Não sei que estranha dependência me arrasta diariamente para o telejornal das 20 horas, mesmo que tenha de suportar o José Rodrigues dos Santos, o inquisidor dos políticos de esquerda que entrevista, a conduzi-lo. E ontem lá esteve ele.

No regresso a casa procurei notícias das últimas oito horas passando pelos vários canais noticiosos. Desisti de me demorar em qualquer deles, vendo que os incêndios ocuparam todo o tempo em todos.

Foi assim que às 20H00 quis saber as notícias de Portugal e do mundo durante o dia. Os primeiros 30 minutos foram de imagens dos incêndios. Depois apareceu a ministra que tutela os bombeiros; às 20H32 seguiu-se o PM, o Luís a trabalhar. E, quando esperava notícias, surgiu-me o inefável Marcelo a dizer que estava em contacto com os autarcas. Rodrigues dos Santos, fogos, MAI, PM e PR! Que pobreza! Não aguentei mais.

O país arde metódica e eficazmente enquanto os repórteres servem os incêndios de um país que arde todos os anos e as mesas redondas de especialistas de incêndios repetem o que outros disseram nos anos anteriores e hão de dizer outros nos anos que vierem.

As causas dos incêndios são há muito conhecidas e as formas de reduzir a frequência, extensão e violência também. Não são as desastradas declarações da ministra de turno que afetam a situação no terreno. É indiferente que a MAI considere irrelevante a falta de meios aéreos e pense que o que falta são estradas por vales e montanhas para que os bombeiros cheguem aos incêndios. Pelo menos esta ministra não confunde a orografia do terreno, ramo da geomorfologia, com a urologia, especialidade médico-cirúrgica.

O que há de diferente do ano anterior é a ministra. De resto, o PM deve estar a fazer um exame de consciência às afirmações demagógicas do ano anterior. Até o PR se mantém mais discreto, atitude que o acompanha desde a posse do primeiro governo com que se livrou do PS. Não reincidiu a pedir a cabeça da ministra de turno, a ameaçar o Governo ou a correr para os incêndios com as televisões atrás.

Tudo vai continuar igual, o país a arder, as populações rurais em risco, os bombeiros em dificuldades crescentes e o combate às alterações climáticas esquecido. Os incendiários, os drones e as teorias da conspiração vão continuar a desviar atenções.

Entretanto, Von der Leyen, depois de jurar combater as alterações climáticas, hipotecou a UE a compras gigantescas de gás de xisto e de armamento aos EUA. É a vida, como dizia um saudoso engenheiro, ora sec.-geral da ONU, que os EUA, Israel e o MNE português acusam de parcialidade pela denúncia dos crimes em Gaza. 

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