CIÊNCIA E ECONOMIA – PROBLEMA DE TODOS NÓS

 CIÊNCIA E ECONOMIA – PROBLEMA DE TODOS NÓS

Por Onofre Varela


A investigação científica é de extrema importância em sociedades modernas. Numa primeira abordagem podemos dizer que a Ciência gera conhecimento e impulsiona o progresso tecnológico. Vista mais de perto, a Ciência melhora a qualidade de vida de todos nós, fomenta o desenvolvimento sócio-económico e impulsiona o progresso tecnológico, ultrapassando a mera economia que também beneficia dela.

Podemos dizer que os trabalhadores da Ciência são os profissionais que mais falta fazem ao mundo… (não são os políticos nem os comerciantes de armamento [estes últimos estão ao nível dos traficantes de seres humanos e exploradores sexuais]) mas que, pela organização económica e política em vigor no mundo, acabam por se submeter aos poderes que, habitualmente, são leigos ou analfabetos em Ciência.

Numa sociedade moderna, a investigação científica está na base da criação de conhecimento, relacionando-se com a compreensão do mundo, mas também com o desenvolvimento de materiais e processos que fazem o caminho do progresso.

Porque as sociedades se baseiam na Economia enquanto mola-catapultadora das condições necessárias ao estudo e à investigação, em Portugal criou-se um organismo para financiar a Ciência. Trata-se da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) criada como Instituto Público com a missão de financiar os sectores da Ciência, Tecnologia e Formação.

As empresas (todas elas) não devem responder, unicamente, às exigências do mercado. Também têm a responsabilidade de liderar a transformação social e económica… e aqui, há um importantíssimo ponto a observar: Eficiência Tecnológica e Económica, não podem existir sem o Humanismo na valorização da condição humana acima de tudo. Sem esta condição “não há condições” que permitam o avanço da Ciência e da Economia positiva.

A FCT foi criada como Instituto Público em 1997 por proposta de José Mariano Gago, então ministro da Ciência e Tecnologia e, até hoje, funcionou sem problemas de maior. Agora, o governo de Luís Montenegro decidiu extinguir a FCT, mais a Agência Nacional de Inovação (ANI), que serão fundidas num só organismo denominado Agência para a Investigação e Inovação (AII).

Se, até aqui, a ajuda dos sucessivos governos à FCT merecia algum reparo, a partir de agora, perdendo o estatuto de Instituto Público, transformando-se numa Entidade Pública Empresarial, o receio dos seus profissionais é extrapolado pelo facto de tal transformação poder trazer acoplado o processo de liberalização, com prejuízo para a liberdade de investigação mais o correspondente (e inevitável) reflexo negativo na sociedade.

A investigação científica não é um prato que se confecciona de imediato usando produtos que temos ao dispor numa dispensa de prateleiras cheias. Os resultados de muitas investigações científicas obedecem ao conhecimento gerado por algumas gerações, e não há calendário para encerramento dos seus estudos. É preciso tempo, pago pela Economia que gera o sector, a qual, sendo privada, apresenta o risco de, na pretensão de colher lucros imediatos, abandonar as investigações mais alargadas no tempo (cujo alargamento é vital para o sucesso) por se afigurarem “dispendiosas”.

A figura de retórica comercial denominada “dispêndio económico” merecia um ensaio aprofundado (não por mim, que não estou habilitado) sobre o tipo de economia que inventamos, e a necessidade de o abandonarmos radicalmente, no sentido de desvalorizarmos o dinheiro, valorizando, cada vez mais, o Ser Humano num Humanismo vital (e deseconómico) que, penso, nunca foi tentado. 

É preciso fazê-lo!




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