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NA MORTE DE RATZINGER Por Onofre Varela Morreu Joseph Ratzinger (1927-2022), bispo alemão que desempenhou o papel de Papa Bento XVI (B16) no elenco do Teatro Vaticano. No momento da sua morte tecem-se os elogios fúnebres habituais e usam-se abundantemente os adjectivos do costume, enaltecendo as qualidades do defunto. Marcelo Rebelo de Sousa disse que B16 “foi filósofo, pensador e intelectual, e que procurava o diálogo entre a fé e a ciência”. Procurava?!… Se procurava, não encontrou!… O livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin, foi editado em 1851. Hoje (171 anos depois) a Teoria da Evolução continua a ser um engulho para muita gente de religião, desde a Igreja Católica até às Testemunhas de Jeová. Isso mesmo se pode ler no livro "Criação e Evolução – uma jornada com o Papa Bento XVI em Castel Gandolfo". Trata-se de uma obra com 190 páginas, editada em 2007 pela Universidade Católica. O livro resultou de um simpósio organizado por uma coisa que dá pelo nome “Círculo de

Feliz ano de 2023

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Hoje é dia de ser feliz, de engolir as doze passas com um gole de champanhe e implorar uns tantos desejos a uma qualquer divindade, quando a longitude e a hora legal decidem que o ano finda e outro começa. Por entre beijos húmidos e abraços vigorosos, sonhos inúteis e risos programados, lá se esquecem as desgraças do ano que morre e fantasiam as alegrias do que nasce. É o júbilo planeado pelo calendário, a liturgia da festa que se extingue na alvorada do novo dia e na ansiedade de mais um ano imprevisível. Hoje é dia de desejar a paz e o amor, enquanto a xenofobia, o racismo, a homofobia e a misoginia, sem darem tréguas, param apenas por alguns segundos da hora que segue os fusos horários, de oriente para ocidente, até mergulhar no ocaso do dia que a República Portuguesa de 1910 fez feriado, sob o nome de Dia da Fraternidade Universal. Pudera todo o ano, em todo o Globo, merecer o epíteto que os republicanos portugueses deram ao dia, nos trezentos e sessenta e cinco dias que hão de vir

BRASIL

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  Um fascista será sempre fascista, mas um boçal pode civilizar-se. Bolsonaro faz parecer Cavaco Silva um estadista.

Crónica do quotidiano – O governo e a política

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A azia provocada pela maioria absoluta do PS está a dar lugar a um festival de festejos e desforras. Não pode a direita, cada vez mais à direita, queixar-se da asfixia democrática que as maiorias absolutas do cavaquismo impuseram ao País, mas deve o PM refletir na inépcia de algumas nomeações, nas indecisões em que se enredou e na imprudência com que permite a Marcelo liderar a oposição. Não se pode perder ministros como Marta Temido ou Pedro Nuno Santos sem enfraquecer o Governo, a primeira com os bastonários da saúde e os hospitais privados a dispararem contra o SNS, e o segundo, o alvo predileto da direita, com um programa viário que o lóbi rodoviário odeia, e fere poderosos interesses privados. Ministros desta envergadura e incorruptibilidade fazem falta ao Governo e ao País. O PS ganhou as eleições, não ganhou o poder, e devia estar mais atento a quem o detém e aos meios de que dispõe. Marcelo, com a maioria absoluta do PS, perdeu as eleições, e manteve o poder mediático e a h

Crónica – Memórias da juventude

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Quando em 1961, ido da Guarda, fui colocado no Bairro dos Penedos Altos, na Covilhã, logo surgiram os habituais convites destinados aos professores. O primeiro, com tratamento de V. Ex.ª, que me faria duvidar do destinatário, não fora a coincidência do nome, foi recusado. E os seguintes. Não me interessavam e eram pouco recomendáveis as origens. Em abril de 1963 o Papa João XXIII tinha publicado uma encíclica destinada não só aos fregueses, mas a todos os homens de boa vontade, as mulheres não mereciam referência. Recebi o convite para um colóquio, como todos os 16 docentes daquela escola, onde era eu o único homem, com alusão ao tema a discutir, a Encíclica PACEM IN TERRIS. Dessa vez, por razões que o Diabo explicará, compareci à hora e no local que o convite, subscrito por um padre S. J., indicava. Um padre, culto e comunicativo, dissertou sobre a encíclica, em termos encomiásticos, e pôs o tema à discussão. Retivera que o Papa pedia aos países ricos que ajudassem os países p

Marques Mendes - O príncipe dos comentadores profissionais

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 A imagem que encontrei na NET transporta-me à infância, à escola primária, onde os garotos tinham o hábito de levantar um pé, antes de dizerem uma mentira, “nosso Senhor me corte as golas, se não é verdade”. Era a forma de ninguém ser enganado e, julgavam os miúdos, de não cometerem um pecado, que os condenaria ao Inferno. Hoje, há adultos que mentem enquanto levantam os pés. Todos. Como se vê.

Era assim o fascismo

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Salazar era um tosco ditador que cuidava do atraso da Pátria com o mesmo desvelo com que criava galinhas no Palácio de S. Bento, e mandava vender os ovos. Preocupado com a fé, a moral e os bons costumes, determinava como deviam vestir-se as mulheres, enquanto criava frases pedagógicas como «beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses» ou mandava torturar os adversários, com o eufemismo «uns abanões dados a tempo…», quando os prendia ou deportava. Não se pode dizer que não tivesse particular afeição pelas professoras, evitando-lhes a pobreza, ao exigir que cassassem com quem tivesse mais proventos do que elas. O documento que aqui deixo é um paradigma das preocupações do eterno seminarista.

Desmond Tutu – 1. -º aniversário do seu falecimento

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A figura ímpar do bispo cuja notoriedade mundial o transformou numa personalidade de relevo na luta contra o racismo, e a favor da paz, merece ser recordada. Aliado e amigo de Nelson Mandela, representou, com ele, o melhor que a África deu ao mundo, na persistência, coragem e inteligência com que lutaram pela justiça e igualdade entre os povos, sem discriminações.   Ficaram como exemplo e referências mundiais.

Ética republicana

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 Na República não é o PR que vai ao Paço episcopal, em desatino místico, lamber o dedo ao cardeal, é o bispo que deve obediência ao Presidente de todos os portugueses. E, perante o Papa, são dois iguais na chefia do Estado. Há tradições que o decoro e a democracia não podem manter. Passado                                                                                      Presente  

Boas-festas

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Voltar às origens na noite de consoada é a viagem marcada no calendário, imposta pelo hábito e repetida pela inércia. À medida que as coisas e os lugares se encaixam cada vez menos na memória, mais intensamente os procuramos. Parte-se em busca do passado e teme-se a desilusão de não achar sinais. Mas volta-se sempre, quiçá com vontade de exumar memórias, de recuperar sonhos e afetos que nos fazem falta, como se no eterno regresso surgisse a fonte da juventude. Todos os anos, quando dezembro chega, o frio vem lembrar-nos a festa que se aproxima ao ritmo da nossa ansiedade, enquanto os apelos ao consumo nos seduzem, insinuando uma felicidade duradoura. Fazem-se compras sem ponderação e arquivam-se prendas à espera de destinatário. Os livros têm nesta época o lugar que mereciam durante o ano, viajam com as pessoas à espera de leitor, quedam-se em mãos que os afagam ou, simplesmente, arquivam no abandono da estante. Depois de árduas discussões no seio dos casais decide-se o local da co

Ainda bem que foi engano!

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De outro modo não haveria consoada amanhã .

Lula – o Brasil, a Justiça e a ingratidão

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Pior do que a indignidade de um Juiz mancomunado com o Procurador, para produzir acusações falsas e prender um adversário político, foi a campanha de assassinato do carácter que prosseguiu, depois de judicialmente terem caído as acusações, sobre o mais humano ex-PR, enquanto um bando de corruptos negociava um golpe de Estado para afastar a PR Dilma. O regresso de Lula à PR é um risco que o velho metalúrgico tem a coragem de correr e de que dificilmente sairá ileso. A canalha que o perseguiu continua decidida a fazer a Lula o que fez a Dilma.

Natal - Votos de Boas-Festas para os leitores

Em meados do século XX o Natal era oportunidade para reunir as famílias. Os ausentes voltavam todos os anos à aldeia de origem, nas carruagens de 3.ª classe de comboios apinhados de pessoas e cabazes, com odores a que se resignavam as pituitárias de então.   Através do vidro partido, ou da janela avariada, o ar gélido entrava nas carruagens e nos corpos. Os passageiros partilhavam a vida e as merendas nas penosas e longas viagens de pára-arranca. Os Senhores Passageiros precisavam de embarcar, ou de desembarcar, e a máquina a vapor, de abastecer de carvão a fornalha e de água a caldeira.   Às vezes o comboio parava nas subidas para que a caldeira ganhasse pressão e pudesse rebocar o peso acrescido que deslocava. Entre Lisboa e a Guarda era normal um atraso de duas ou três horas, pela Beira Alta, e mais ainda pela Beira Baixa.   Nas estações e apeadeiros esperavam bestas e pessoas, impacientes e enregeladas. À chegada do comboio havia abraços, ternos e demorados, e lágrimas de ale

Boas-Festas, car@s amig@s (Texto atualizado)

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Como ateu e com respeito por todos os crentes (não tanto pelas crenças) desejo a tod@s um excelente solstício de Inverno e um feliz ano de 2023, quaisquer que sejam as crenças, não-crenças ou anti-crenças de cada um. O solstício de inverno que, no hemisfério norte, há de ocorrer hoje, às 21h48, o dia mais breve e a noite mais longa do ano de 2022, e.v., tem sido, ao longo dos anos, nos países cristãos, associado ao Natal. O dia terá menos de nove horas e meia de sol. Obrigado aos leitores que têm a paciência de ler o que escrevo. É no respeito e na liberdade de expressão de todas as formas de pensar que se constroem as sociedades livres e democráticas. Não há democracias com pensamento único. Desejo que a liberdade e a igualdade de ambos os sexos se tornem imposição, em todas as latitudes, nos anos que vierem, sobretudo nos países onde a perversidade dos deuses é responsável pela exclusão das mulheres do ensino, dos espaços públicos e da vida. Aos crentes em deuses nascidos a

Arriba Franco, más alto que Carrero Blanco! – 20-12-1973

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Foi há 49 anos. Luis Carrero Blanco, era presidente do Governo espanhol, cúmplice do maior genocida ibérico de sempre, Francisco Franco, e seu previsível sucessor. À saída da missa, bem rezado, comungado e incensado, graças a 100 quilos de Goma-2, colocados no túnel dedicadamente construído pela ETA, o carro blindado que o esperou foi projetado a uma altura de cinco andares, deixando-o mais perto do Céu. Na queda, o carro caiu no pátio do convento contíguo à igreja que frequentava. Nunca foi tão santa e desejada a morte de um carrasco, jamais um almirante voara tão alto. E o júbilo ressoou dos dois lados da fronteira ibérica, “Arriba Franco más alto que Carrero Blanco!”, frase que logo nasceu para ser escrita nas paredes e sussurrada por antifascistas. Já em democracia, muitos anos depois, ainda os juízes espanhóis, oriundos de madraças da Falange, puniam quem fizesse humor com a morte de Franco ou de Carrero Blanco, facínoras que deixaram um rasto de sangue e ódio. Para se perceber o

FUTEBOL

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 Ainda não se ouviram comentários de Marcelo, já lá vai mais de um quarto de hora. Estará doente ou as televisões preferem outros?

Quem põe ordem nas Ordens?

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Há 3 anos, no dia de hoje, escrevi o texto que, se a vida o permitir, nos anos que houver, repetirei enquanto a Bastonária dos Enfermeiros se mantiver, porque a Justiça é igual para todos, mas só alguns são punidos. Aproveito para lembrar o alarido da ida à final da seleção nacional de futebol a Sevilha, a convite da Galp, que levou à constituição de arguidos, entre outros, três Secretários de Estado do PS, que pediram a demissão. Um já morreu sem conhecer a decisão judicial. Poucos saberão se o processo foi arquivado ou se os vivos ainda aguardam julgamento. Sei que Luís Montenegro e Hugo Soares estavam na mesma situação. Os do PS viram as suas carreiras políticas terminadas e imagino o que aconteceria de fossem do PCP ou do BE. Basta ver como foi perseguida a deputada Mariana Mortágua por receber de uma TV a retribuição pecuniária habitual como comentadora, sendo deputada em dedicação exclusiva. Luís Montenegro prepara-se para ser PM e só não o será porque o PR passa o Natal co

A extrema-direita e o combate político

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O populismo não dispensa a mentira e a calúnia como armas. A emergência de políticos neofascistas, chegados ao poder por via democrática, infetou o debate político e mostrou a fragilidade das democracias liberais, as únicas que permitem a contestação e respeitam os direitos humanos e a separação de poderes do Estado. Trump e Boris Johnson, sobretudo o primeiro, puseram em risco o regime em países de longa tradição democrática. A mentira e a calúnia foram os instrumentos do seu êxito. Os EUA, sob Trump, foram a fonte inspiradora dos neofascistas europeus. No Brasil, habituado a ditaduras e golpes de Estado, surgiu um fascista tropical a apelar ao exército para promover um golpe de Estado ao longo do seu mandato, e já depois da eleição do adversário, que um juiz corrupto prendeu, agora o PR eleito. Incitou o golpe promovendo uma centena de generais a marechais, com pingues aumentos de ordenado, dotando decerto o Brasil com mais marechais do que o resto do mundo. Na Europa, além do

FUTEBOL – França/Marrocos

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Não ignoro que o futebol é um fenómeno global e uma religião a nível particular, que os crentes sacrificam a honra e haveres no altar do clubismo, que os nacionalismos também se nutrem do esforço de 11 atletas de cada lado e uma só bola para todos. A corrupção, a intriga e a geopolítica não são alheias. Nem a religião. Vi-os, em resumos repetidos até à náusea, no Portugal/Marrocos, a benzerem-se com o sinal da cruz, uns; e com cabeçadas na mão e olhos revirados para o Céu, outros. O Islão estava em força com os que batiam na mão e imploravam a ajuda de Alá. Hoje, próximo das 23 horas TMG, acabo de saber que a França de Joana D’Arc e São Luís derrotou o Misericordioso Profeta. Cristianismo – 2 / Islão – 0. Um ateu não adivinha o que se passará durante a noite nas ruas de Paris, infestadas de uns e de outros. Desenho: Onofre Varela

O crime compensa

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A A Lei da Eutanásia

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Não atribuo superioridade moral aos deputados que votaram a favor da lei que permite, em situações bem definidas, a eutanásia, e estranho manobras de quem busca pretextos para obstar à promulgação, especialmente de quem quis violar a consciência individual dos deputados do grupo parlamentar do PSD nesta matéria de consciência. A chantagem dos que negam o direito individual, não referendável, à renúncia à vida, é intolerável. São os que votaram contra a criação do SNS, os animadores da campanha terrorista contra a despenalização do aborto, alheios à saúde da mulher, a babarem-se de gozo com a sua prisão, incluindo as violadas, as que transportavam malformações fetais e até as que corriam risco de vida. São os que se sentiam confortáveis com a Concordata que impedia o divórcio a quem tivesse um casamento canónico e não puderam impedir um católico, Salgado Zenha, de o impor à Santa Sé, os que perderam a batalha contra casamentos gay, alguns dos quais acabaram por beneficiar da sua leg

10 de dezembro – efemérides

1520 – Martinho Lutero queima, em público, a bula papal que o excomungava da Igreja católica. Condenado ao Inferno católico deve encontrar-se no Paraíso protestante. 1836 – Um decreto real determina a abolição do comércio de escravos nos domínios portugueses. O rei acabou com direitos bíblicos milenares. 1948 – Proclamada pela Assembleia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1984 – O Bispo Desmond Tutu, dirigente da campanha antiapartheid na África do Sul, recebe o prémio Nobel da Paz. 1998 – José Saramago recebe o Prémio Nobel da Literatura, perante o azedume do Vaticano, as diatribes do Sr. Duarte Pio, a euforia dos leitores e o orgulho de Portugal.

Mensagem da Assoc. Civil 20 de Setembro - Montevideo - Uruguai

 Declaración Pública: Día Internacional del Laicismo y la Libertad de Conciencia Hoy 9 de diciembre, se conoce internacionalmente como el “Día del Laicismo y la Libertad de Conciencia”. Se celebra de esta manera la ley que en 1905 se promulgó en Francia instaurando la laicidad en el país galo. La laicidad es una de las columnas vertebrales de la democracia, junto a la libertad de conciencia, la libertad de pensamiento y la libertad de expresión que dan fundamento a las libertades políticas y sociales. La laicidad garantiza el derecho de creer o no creer, el derecho a practicar quienes así lo deseen la religión que más les satisfaga a sus necesidades metafísicas, de tener convicciones idelógicas y militar por ellas, o de no tener ninguna, de cambiar de religión y de ideología si así se desea. Más generalmente, la laicidad asegura la igualdad de derechos cualquiera sea la opción espiritual, filosófica, religiosa o ideológica, elegida libremente por cada uno de los ciudadanos y ciudadanas

A Universidade de Coimbra e a missa da Imaculada – 2022

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 A Universidade de Coimbra não cria apenas cientistas de elevado mérito e académicos de referência, continua a atrair beatos capazes de levarem a caldeirinha com o hissope, atrás dos paramentos do capelão. Mistura Matemática, Física, Biologia e outras ciências com missas e orações, traindo a laicidade, a que a CRP obriga, a troco de indulgências. O Magnífico Reitor, Amílcar Falcão Ramos, depois de ter proibido a carne de vaca na U. C., como os talibãs a de porco, procura aliviar a alma com missas na capela privativa onde a tradição e dinheiros públicos mantêm um capelão. Ungido com a missa integrada na cerimónia de posse, uma inovação do antecessor, iniciou o mandato, qual almuadem católico, a convidar docentes e discentes para cerimónias pias em honra da Imaculada. Falcão Ramos não perde as asas com que voou para reitor, mas empenha a dignidade do cargo ao convidar, com o capelão, professores, alunos e funcionários, para a missa de homenagem à padroeira da Universidade – a Imaculada C

Mário Soares – 98.º aniversário

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Afastado da televisão, saturado das doses indigestas dos noticiários do futebol, procuro notícias fora dos meios audiovisuais, sem bola e sem Marcelo. J-m Nobre Correia, Professor emérito de Informação e Comunicação da Universidade Livre de Bruxelas, chama oportunamente, com o conhecimento de ilustre académico, a atenção para Justiça desigual segundo o estatuto social das partes em presença, Justiça a que não é alheio o próprio direito internacional, e dá como exemplos os casos de Juan Carlos Borbón na Grã-Bretanha e o de Mohammad bin Salman nos Estado Unidos… O ex-rei de Espanha, pela via uterina e pela Graça de Franco, que na coroação substituiu o ditador por Deus, viu agora reconhecida no RU a im(p)unidade até à abdicação. Senti náuseas. Naturalmente, lembrei-me de Mário Soares, republicano, laico e democrata, que faria 98 anos, e recordei a sua posição na invasão do Iraque e o artigo da Visão sobre a Nato. Deu-me particular satisfação a coincidência do centenário do seu nascimento

Efemérides – Dia 6 de Dezembro

1865 - A décima terceira Emenda à Constituição norte-americana encerra formalmente a escravatura no país. Foi apenas há 157 anos que a escravatura foi aí ilegalizada. Novas formas permanecem e, mesmo essa escravatura, que desonra o passado de portugueses que dela fizeram negócio de África para a América, subsiste ainda em vários locais do globo, mantendo seres humanos como animais domésticos. Que raio de mundo! 1905 – A separação da Igreja e do Estado foi aprovada pelo senado francês em resposta às críticas do Papa Pio X. Este avanço civilizacional, que as próprias religiões defendem (quando minoritárias) e condenam com o argumento de que não se pode tratar de forma igual o que é diferente (quando maioritárias), corre o risco de ser posto em causa depois de 117 anos de excelentes provas. As últimas eleições francesas têm-se realizado sob o medo, com duelos entre a direita e a extrema-direita. 1978 - A Espanha aprovou a constituição que estabeleceu a monarquia constitucional e o par

Outros deuses, outros costumes

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Reflexões e perplexidades sobre a morte de Sá Carneiro (4-12-1980), o 25 de novembro e a História da Democracia em Portugal

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Entendamo-nos. A democracia foi-nos oferecida em 25 de Abril de 1974 pelos capitães de Abril na madrugada em que floriram cravos nos canos das espingardas. Alguns civis ficaram desolados por não terem sido eles a derrubar a ditadura. Da Revolução emergiram dois líderes na Direita, Sá Carneiro e Freitas do Amaral, que se juntaram ao PCP, com muitos anos de luta, e ao PS, ambos anteriores à Revolução, já com líderes estáveis. Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral viriam a ser os arquitetos civis da atual CRP. Há 42 anos, 4 de dezembro de 1980, faleceram, em Camarate, na queda da aeronave em que seguiam, o PM, Sá Carneiro, Amaro da Costa, ministro da Defesa, e mais cinco acompanhantes. Iam para o comício do Porto, na tentativa de elegerem PR um general de passado sombrio, Soares Carneiro, ex-diretor do presídio de S. Nicolau, que obedecia a Sá Carneiro como obedecera a Salazar. Ramalho Eanes, que representava os vitoriosos do 25 de novembro, era o obstáculo de

O CATAR E OS DIREITOS HUMANOS

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Não está ainda confirmado, mas prevê-se que as mulheres serão autorizadas a conduzir automóveis depois de terminado o campeonato mundial de futebol. O modelo feminino, importado da Arábia Saudita, já está disponível.

Bom feriado, leitores

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Não se esqueçam de quais foram os partidos que devolveram o 1.º de Dezembro e o 5 de Outubro, os feriados mais emblemáticos, juntamente com o 25 de Abril, do País que somos e da liberdade que usufruímos. Quem não tem a noção de Pátria esquece a independência reconquistada no dia de hoje, em 1640, e quem despreza o regime que temos é indiferente ao 5 de Outubro de 1910. Só a ignorância, a maldade, ou ambas, podiam ter levado Passos Coelho e Cavaco Silva a arrastar o PSD e o CDS para o desvario que conduziu a eliminação destes feriados. A indigência intelectual de quem não conhece os Lusíadas e confunde o patriotismo, o amor à sua Pátria, com o amor à Pátria dos outros, as colónias, foi responsável pela nódoa que manchou a Direita, mesmo a democrática, arrastada no autoritarismo de quem tem da Pátria uma leve ideia e da decência ideia nenhuma. Bom 1.º de Dezembro!

Em defesa da democracia

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Reconheço as fragilidades da democracia liberal, e ando há sessenta anos a defendê-la, sem abdicar de lutar pelo aprofundamento económico, social e político do modelo de que não prescindo. Nem todas as democracias liberais são recomendáveis, e fora delas só há ditaduras, por maior êxito que possam assegurar no campo económico, como é o caso da China. Nunca me desviei deste caminho. Condeno o centralismo democrático leninista, e não me coíbo de agradecer o papel da URSS na derrota do nazismo e o do do PCP na luta contra a ditadura, na elaboração da CRP e na estabilização da democracia em Portugal. Lamento que autointitulados defensores das democracias tenham geometria variável em relação aos países que condenam ou apoiam. Não é tolerável o massacre de povos, a invasão de uma nação ou a violação de acordos, por qualquer país, e não podemos ser dúplices na condenação do massacre dos curdos pela Turquia, na invasão do Iémen pela Arábia Saudita, na da Ucrânia pela Rússia ou na da Pa

Cavaco e a eutanásia

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Cavaco Silva diz que legalização da eutanásia não respeita espírito da Constituição. Não se contesta a Cavaco o direito à opinião, mas surpreende que invoque a CRP, se acaso a leu, quem sempre a viu com especial azedume e não foi exemplar no cumprimento. Dizer, no entanto, que a despenalização, à semelhança do que pensa da IVG, é “mais um sinal da deterioração da qualidade da nossa democracia”, é um frete à Opus Dei, dos vários que tem feito, incluindo artigos laudatórios, e o pretexto para agredir o Governo do PM a que foi obrigado a dar posse, com um discurso a bolçar bílis.   Cavaco, ressabiado salazarista, pode dar opinião, mas não deve chantagear e confundir a difícil situação criada pela pandemia e pela guerra, com o ódio que nutre ao Governo. Ao notário das decisões de Passos Coelho mingua autoridade para invocar a CRP e, sobretudo, o espírito. Basta lembrar os OE dos governos de Passos/Portas, que nunca lhe mereceram dúvidas e exigiram sempre OE retificativos. O único PR

Mutilação genital feminina – Onde para a polícia?

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A RTP-1 referiu ontem que Portugal registou 433 casos de mutilação genital feminina nos últimos quatro anos, tenho 138 sido detetados no último ano. Em 24 de Novembro de 2005 um relatório da UNICEF estimava que três milhões de meninas da África Subsariana e do Médio Oriente eram submetidas à excisão/mutilação genital, anualmente. É intolerável a ausência de repressão, em Portugal, ao crime que a UNICEF estimava necessitar de uma geração para ser erradicado e a impunidade de quem não respeita o ethos civilizacional do país de acolhimento. É verdade que estes crimes para com meninas de 9 anos têm a cumplicidade da família e a consequente dificuldade de investigação, mas a sua perpetuação é uma nódoa no nosso sistema policial e uma anomalia social.