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A mostrar mensagens de agosto, 2016

No 80.º aniversário de um herói de Abri

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Parabéns ao comandante militar e estratega do 25 de Abril, que na mais bela de todas as Revoluções restituiu a Portugal a liberdade e aos portugueses a dignidade. Pode ter sido sinuoso o percurso da sua vida, mas há momentos que valem várias vidas, dias que marcam a História e madrugadas que valem séculos. Obrigado, Otelo.

Notas soltas – agosto/2016

Moniz Pereira – O grande artífice do atletismo português não foi só o criador de atletas de alta competição, de mérito inexcedível, foi atleta multifacetado, professor notável e destacado homem de cultura e das artes. Morreu aos 95 anos esta personalidade ímpar. Brexit – O apoio dos governos da Polónia e Hungria ao oportunismo de Cameron, com que cessou o prazo de validade, devia fazer refletir a UE. Urge recordar Michel Rocard, adversário da guerra da Argélia e federalista, nos antípodas do liberalismo do PPE. UE – O medo e a animosidade ao aprofundamento da integração europeia escancararam as portas à economia global, que se prepara para nos asfixiar, e aos populistas europeus, que usam a demagogia e provocam o pânico para condicionarem o eleitorado. Texas – Entrou em vigor, aprovada pelo Governador e a maioria republicana, a lei que democratiza o uso de armas nas universidades. Os alunos podem usá-las nos campus , salas de aulas e dormitórios. É o nono Estado america

A Igreja católica e os nossos impostos

No caso dos colégios, os clérigos querem que a caixa das esmolas regresse com o óbolo dos impostos de todos os portugueses, independentemente do credo ou ausência dele de cada contribuinte. No caso do IMI, não se contentam com a isenção dos templos, sacristias e terrenos pios (os santuários), querem que os edifícios onde moram, os colégios onde ensinam e todos os outros em que exercem atividades lucrativas fiquem isentos. No fundo, não se consideram cidadãos portugueses, julgam-se súbditos do Vaticano e esperam pagar com indulgências e ave-marias o que a concorrência paga em euros. Os privilégios concedidos por um Estado débil, a pensar nos votos dos devotos, não são perpétuos, embora o direito canónico os equipare a sacramentos, sobretudo quando não distinguem entre as isenções que, bem ou mal, foram concedidas e as que pretendem acrescentar. A gula só é um pecado para o mundo profano.

A frase de Passos Coelho

“Quem é que põe dinheiro num país dirigido por comunistas e bloquistas?” [sic] Ontem, ouvi a frase em epígrafe a quem, por ironia da História e cumplicidades que um dia se conhecerão melhor, chegou a primeiro-ministro de Portugal, sem antes ter gerido mais do que a Tecnoforma. Sabe-se que se esquecia de pagar à Segurança Social e não se esquecia de exigir o vencimento de deputado em exclusividade de funções, como se fosse essa a sua situação. Ontem, ao ouvir aquela linguagem, recuei 50 anos e senti um calafrio. Julguei assistir ao regresso da União Nacional e da Pide, da censura e das prisões arbitrárias, da difamação e tortura dos adversários, e de assassinatos de comunistas e sociais-democratas, na via pública e nos presídios, por combaterem o partido único. Saberá o medíocre cidadão e execrável político que Sá Carneiro e Magalhães Mota (terá ouvido falar do primeiro), os dois primeiros nomes da fundação do seu partido foram ministros de governos patrióticos com Álvaro Cunhal e

TTIP: pompas fúnebres? …

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Na ‘ silly season ’ nem tudo entra de férias e não acontecem só superficialidades enfatizadas pela imprensa cor-de-rosa ou terríveis desgraças transferidas para esta época para passar ao lado do crivo da cidadania. Há de tudo um pouco.   A começar pelo discurso catastrofista de Passos Coelho na Festa de Quarteira, mas apelidada do Pontal, passando pelas peripécias do BCE acerca da CGD e os erros governamentais à volta das nomeações para o Conselho de Administração e a terminar na notícia sobre um eventual falhanço das negociações para o TTIP (tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), anunciada pelo ministro da Economia alemão Sigmar Gabriel link , estamos perante um rodopio de assuntos capazes de perturbar a esperada languidez da época estival.   Fiquemos pelo TTIP. Raramente um projecto de negociação levantou tantas suspeitas aos europeus. Da parte americana existe uma relativa absorção pelos problemas internos e o referido Tratado tem ficado à margem

BRASIL: O Senado Federal e as vicissitudes de um fórum político judicializado…

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O ‘julgamento’ de Dilma Roussef continua a decorrer nas instâncias políticas brasileiras, de acordo com o estabelecido constitucionalmente e, neste momento, aproxima-se da recta final com a sessão - em curso - no Senado Federal. As circunstâncias intrínsecas (objectivas) de como está a decorrer este ‘julgamento’ são extremamente reveladoras da imensa carga política que lhe está inerente, o que tem sido denodadamente ocultado.   Os ‘julgamentos políticos’ sempre mereceram a suspeição dos cidadãos, conduzem inevitavelmente a ‘sentenças políticas’ e eventualmente a ‘encarceramentos políticos’, sejam demissões, deportações e exclusões e acabam, sempre, por funcionar como um boomerang vindo, tarde ou cedo, a atingir os seus autores, fautores e apoiantes.   Estes comportamentos equívocos e nada transparentes são mais frequentes em ditadura mas não deve ser afastada a possibilidade de ocorrerem num regime democrático (se a ausência de ética e a momentânea correlação de forças o

Burkíni – uma lamentável coincidência

Um mês depois do massacre de Nice, perpetrado por um demente fascista islâmico, foi uma infeliz coincidência que as mulheres islâmicas, sedentas de sol e água, procurassem as praias locais para estrear fatos de banho adequados às normas do Corão. E houve quem, malevolamente, visse na pudica manifestação lúdica de fé uma provocação e não uma coincidência. Há quem veja política em tudo e confunda a piedade com a provocação, quando as vítimas já levam 1 mês de defunção. Podiam lá lembrar-se as muçulmanas de uma tragédia tão antiga!

COLÔMBIA: entre a ancestral luta pela posse da terra até à insurgência das FARC…

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O acordo de paz assinado pelo presidente da Colômbia e o representante das FARC, no passado dia 25 de Agosto  link , em Havana, carrega às suas costas uma larga carga política, uma longa luta armada e muita violência.   Para entendermos a génese de um movimento guerrilheiro que alimentou uma luta durante 50 anos (para alguns países – EUA, EU – apelidado de ‘terrorista’) será necessário recorrer à inventariação de alguns factos históricos (muitos ficam de fora desta resumida súmula) sempre ligados à ‘ questão agrária ’ que persistindo, no tempo e no terreno, contaminaram e fizeram arrastar um conflito e provocaram tantas mortes.   A Colômbia viveu no final do seculo XIX até os anos 30-40 - início da II Guerra Mundial - um próspero ‘período cafezeiro’ que, sendo a principal exportação da Colômbia, valorizou a terra (propriedade rústica), exacerbou os apetites pela sua posse, promovendo a concentração fundiária (latifúndios) e foi a mola propulsora para criar uma insanável ‘q

Jacobinismo, democracia e adereços pios

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Apesar da sanha contra o jacobinismo, injustamente recordado pela violência, gratuita e intolerável, deve-se-lhe a genuína defesa da democracia, razão do ódio dos que têm uma herança menos recomendável na defesa das liberdades e mais pesado na crueldade. O jacobino, exatamente por amor à liberdade, não aceita que a limitem os que a odeiam, a desafiem os que a pretendem destruir, e a minem os que impõem verdades únicas. As religiões, sobretudo as que não sentiram a repressão do seu clero, obrigado a aceitar o laicismo, são hoje um fator de instabilidade e de terror, imposto pela fúria demente de um proselitismo incansável e inadmissível. Como as leis dos países civilizados e democratas são obrigatoriamente abstratas, gerais e imperativas, não se deve, por exemplo, interditar o burkíni, quando a burka já cai sob a alçada da proibição, por razões de segurança, de ocultar o rosto. Sendo a discriminação inaceitável e impune o desafio não violento à democracia, não há forma de evita

CGD: os pontos nos iis…

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A hipocrisia de Passos Coelho continua a revelar-se no problema da Caixa Geral de Depósitos (CGD).   Quem vivesse noutro planeta e estivesse completamente divorciado  do contexto nacional poderia ser induzido a julgar que esta instituição bancária teria sido criada pela denominada ‘geringonça’. Quando pede explicações sobre os ‘custos da recapitalização’ e adianta a mórbida curiosidade em conhecer "quantos trabalhadores serão despedidos" e "quantos balcões encerrados"[ link  ] está pura e simplesmente a revelar como seria ‘sua recapitalização’.   A verdade é que os problemas da CGD foram-se acumulando nos últimos 4 anos e sistematicamente ocultados pelo governo Passos Coelho/Paulo Portas/Maria Luís Albuquerque. Todos sabemos que a situação da CGD não nasceu ontem.   As rábulas à volta desta recapitalização, encenadas pelo PSD e CDS, mais não têm feito do que prejudicar o sistema financeiro nacional.   Os custos desta inadiável recapitalização te

Portugal, a Concordata e o fisco

As igrejas não pagam IMI nem vão passar a pagar, por serem locais de culto, mas, por exemplo, as instalações destinadas a fins educativos passarão a pagar. E basta o facto de a lei passar a ser cumprida para agitar as mitras, brandir os báculos e azedar as homilias. Os tratados entre Estados não são referendáveis (CRP), mas são passíveis de ‘denúncia’, ou seja, assiste a cada uma das partes o direito unilateral de lhes pôr termo. A Concordata é um tratado assinado entre o Estado do Vaticano e países católicos, uma obsessão que conduziu a funestas alianças com países fascistas. O Vaticano resultou dos Acordos de Latrão, a Concordata com Mussolini (‘o envido da Providência’, segundo o Papa de turno), que lhe concedeu largas somas de dinheiro e comprometeu a Itália com o ensino obrigatório da religião católica em escolas públicas, direito que perdurou várias décadas depois da derrota do fascismo. A Concordata é um instrumento de inaceitáveis privilégios da Igreja católica em países

Era assim na ditadura

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   A moral e a ditadura Há entre a pulsão repressiva das ditaduras e o respeito pelos direitos individuais, próprio das democracias, um abismo. Será certamente perigoso atribuir à moral um desígnio que ultrapasse a simples ciência dos costumes, mas é de uma enorme ingenuidade ignorar as provocações que se fazem à liberdade em nome da tradição e dos ‘bons costumes’. Há uma memória, sinistra e longeva, eivada de misoginia, que o algoz de Santa Comba Dão se esforçou por preservar. Só depois dele a carmelita Lúcia sentiu a necessidade de pedir a Marcelo Caetano que não autorizasse vestidos curtos e sem mangas. A santidade exige vigilância nos costumes, vigilância que não passa despercebida dentro das grades do Carmelo nem dos próceres das ditaduras. O salazarismo zelava pela moral e pelos bons costumes.

Foi há 444 anos - Aniversário do massacre de S. Bartolomeu

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Dois anos depois do tratado de paz em que Catarina de Médicis tinha oferecido tréguas aos protestantes, estes foram vítimas do mais hediondo massacre católico na noite de 24 de agosto de 1572. Foi o massacre mais cruel do século XVI contra protestantes. No dia de S. Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planeados pela família real. O crime valeu a Carlos IX, rei de França, a mais alta condecoração papal – a Rosa de Ouro – que o Papa Gregório XIII lhe enviou, apesar da diminuta responsabilidade do jovem rei, ainda dominado pela mãe. A encomenda de um Te Deum, pelo Papa, para ser cantado em ação de graças, e de uma medalha cunhada com a frase Ugonottorum strages 1572 com um anjo a empunhar uma cruz e uma espada perto dos protestantes mortos, deixou nos protestantes a convicção de que o catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira. As guerras religiosas são uma trágica herança europeia onde os novos ódio

Já não há milagres como antigamente_2

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Do meu amigo e familiar Carlos Ferreira, que alia a enorme cultura a um refinado gosto estético, publico a mensagem e a sua excelente foto. «Há mais por cá, Carlos (a wikipédia regista 16 casos em França). Aqui tens, na foto que tirei da imagem existente na abadia cisterciense de Chambon-sur-Voueize (Creuse), Santa Valéria de Limoges. A cefalófora (que palavras aprendemos com estas histórias da religião!!!) seria filha do governador de Limoges e prometida a um alto funcionário romano pagão, com quem terá recusado casar. O noivo, despeitado, mandou-a decapitar, mas morre, ele próprio, vítima da cólera divina, no momento da execução. A santa, decapitada, recolheu a própria cabeça e durante três dias, carregando-a nas mãos, caminhou até ao monte de Saint-Étienne onde S.Marcial celebrava missa e a absolveu, permitindo-lhe morrer em paz (não sei se então terá deixado cair a cabeça, a lenda nada diz sobre tal, nem sei se no céu é permitido entrar com ela nas mãos).»

Já não há milagres como antigamente

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Silly season – Os tomates e a cruz romana

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Dizem-me que o fruto começa a ser alvo da repugnância islâmica, não pela cor, sabor ou aplicações culinárias, mas pela configuração que o corte exibe. O aparecimento da cruz, ao corte, produz o mesmo incómodo que a cabeça de porco. Os muçulmanos já se lhe referem como ‘frutos cristãos’ e veem, na abundância e na dimensão, um perigo para a fé e uma ofensa ao Profeta. Mal sabem eles que os portugueses os reduzem a polpa à semelhança do que acontece a certos crentes quando detonam um cinto de explosivos.

SÍRIA: tentando decifrar enigmas…

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A opacidade da interminável guerra do Médio Oriente – de que a Síria é um dos expoentes mas não o único – adensa-se, diariamente.   Numa observação esquemática todos afirmam - não será bem assim - estar contra Daesh, Rússia e Irão a favor de regime de Damasco, EUA e Arábia saudita contra Bashar Al Assad. Uma autêntica ‘salada russa’.   Todas estas intervenções no enigmático teatro de operações regional, estão envoltas em disfarces e mentiras. De pouco vale protestar contra a transformação de povos – como é o caso dos sírios e dos curdos – em ‘carne para canhão’.   Raqqa, sede oficiosa do Estado islâmico, está sob fogo e, perscrutando as evoluções estratégicas para essa região, deverá cair, simultaneamente, com Alepo. Esta simultaneidade parece ser parte integrante dos jogos de força e diplomáticos.   A presença de forças militares norte-americanas (e britânicas) junto a Raqqa é conhecida desde Maio link   e só espanta os inocentes. Bem como o envolvimento do exército

Bancos e MBA(s): negócios, vícios ou feitios?

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O Banco Central Europeu mandou 3 administradores (João Tudela Martins, Paulo Rodrigues da Silva e Pedro Leitão), nomeados para o conselho de administração da CGD , estudarem. Não em qualquer ‘escola’ para preparação de executivos bancários. Mas teve a ousadia de sugerir para o efeito o INSEAD (Institut European d’Administration des Affaires)   link . Sem querer beliscar ou retirar nível acerca da qualidade do mencionado Instituto a indicação não pode deixar de ser interpretada como uma prepotência (embora tente atenuar o ditakt com ‘uma escola de igual nível’). Todavia, sendo o BCE o banco emissor e regulador europeu, estando a CGD à espera do agrément europeu para injectar capital, é certo e sabido que a sua sugestão é uma ordem. Não uma ordem qualquer. Melhor será considerá-la uma ‘ advertência vexatória ’. Na sequência destas diatribes que as instituições europeias teimam em levar a efeito, com especial incidência depois de Dezembro de 2015 (coincidências?), se

Diferenças e semelhanças

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Donald Trump e simplórias razões (óbvias)…

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O apelo de Donald Trump aos eleitores afro-americanos é uma verdadeira elegia à política do superficialismo, do engano e mistificação. O candidato presidencial norte-americano perguntou aos eleitores afro-americanos: O que tem a perder em tentar algo novo link ? A resposta deve ser dada dentro do mesmo espírito da política naïf e não pode deixar de ser: - Tudo e mais alguma coisa! A razão é também corriqueira. Porque alinhar nessa tentativa seria um salto no escuro. E quando aterrassem (acordassem) desse salto poderiam estar a arder – por 4 anos - numa fogueira ateada e alimentada pelo seu apoiante de campanha David Duke (ex- chefe do KKK) link .

Paulo Portas: das polémicas, das relações, dos conflitos e dos interesses…

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Sobre a polémica interna suscitada pela presença de uma delegação do CDS/PP no Congresso do MPLA, onde além de dirigentes desse partido foi convidado também o ex-presidente Paulo Portas, de cuja boca ouvimos este relambório: " Nunca dei troco a polémicas de natureza interna, muito menos a pessoas que até já fizeram partidos contra o CDS ou saíram até do CDS (referindo-se a Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, ex-líderes do partido). Sendo muito breve, o meu plano é sempre o das relações do Estado português " link . Acerca das polémicas internas do CDS estamos conversados e já sabemos que o assunto é para minimizar devendo ser endossado aos seus dirigentes e militantes e se possível para as calendas gregas. Há, contudo, nas declarações do ex-dirigente centrista um pequeno lapso. Provavelmente - e fiquemos por aí - o seu plano já terá sido o das relações do Estado português. Pelo menos oficial e formalmente. Isto, enquanto integrou como MNE ou, posteriormente, com

França – O burkini e a contestação da democracia

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À primeira vista, a proibição do burkini parece a limitação administrativa da liberdade da mulher quanto à escolha do vestuário, tanto mais surpreendente por se tratar de uma sociedade que aceita pacificamente o topless, o nudismo e a diversidade cultural. Quando 12 municípios franceses tomam uma medida repressiva, aparentemente contra a pudicícia, não é um apelo ao naturismo, é uma medida contra o desafio à democracia e à discriminação de género que o Wahhabismo florescente estimula. O burkini está para a hidrosfera como a burka para a litosfera, na esfera islâmica radical. O burkini não é uma nova linha estilística de fatos de banho femininos, é a aplicação de uma medida de confronto com a sociedade francesa, laica e secularizada. Não é um ato de rebeldia feminina, é uma provocação para obrigar à repressão, para manter a mulher submissa em relação ao homem e a Alá, e a obediência cega ao clero sunita que vocifera nas madraças e mesquitas contra os infiéis. Não marca o início

IMI: Igrejas, Estado, Sociedade e iniquidades várias …

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O IMI não pode continuar a sofrer da confrangedora dualidade de ser um imposto secular e simultaneamente um privilégio religioso link . . É conhecido que esta discrepância decorre dos termos da Concordata link . De facto o Artº. 26 do Tratado entre o Estado português e o Vaticano, define um vasto regime de isenções fiscais mas o item 5. (do referido artigo) deixa em aberto espaço para múltiplas interpretações quando estabelece: “ As pessoas jurídicas canónicas, referidas nos números anteriores, quando também desenvolvam actividades com fins diversos dos religiosos, assim considerados pelo direito português, como, entre outros, os de solidariedade social, de educação e cultura, além dos comerciais e lucrativos, ficam sujeitas ao regime fiscal aplicável à respectiva actividade ”. O estabelecido na Concordata acaba por permitir uma geometria variável, ou seja, a nebulosa ambiguidade de fronteira entre a actividade religiosa e a de solidariedade social, não pode funcionar como uma

CDS e MPLA

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Nunca duvidei da proximidade do CDS ao MPLA, só não sei quanto custa a Angola. A presença de Paulo Portas não fica barata aos angolanos.

Guerra Civil de Espanha – Há 80 anos calaram o poeta.

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(Tinha 38 anos quando os fascistas o assassinaram (18 de agosto de 1936)  ROMANCE SONÁMBULO A Gloria Giner y a Fernando de los Ríos Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre la mar y el caballo en la montaña. Con la sombra en la cintura ella sueña en su baranda, verde carne, pelo verde, con ojos de fría plata. Verde que te quiero verde. Bajo la luna gitana, las cosas le están mirando y ella no puede mirarlas.               * Verde que te quiero verde. Grandes estrellas de escarcha, vienen con el pez de sombra que abre el camino del alba. La higuera frota su viento con la lija de sus ramas, y el monte, gato garduño, eriza sus pitas agrias. ¿Pero quién vendrá? ¿Y por dónde...? Ella sigue en su baranda, verde carne, pelo verde, soñando en la mar amarga.               * Compadre, quiero cambiar mi caballo por su casa, mi montura por su espejo, mi cuchillo por su manta. Compadre, vengo sangrando, desde los montes

Laicidade – O que esconde o Burkini? _ 2

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Refletindo sobre perigos religiosos, convém referir que o Wahhabismo é um movimento muçulmano ortodoxo e ultraconservador, referido como ‘seita’ do islamismo sunita. Ligado à formação da Arábia Saudita, está na vanguarda do fundamentalismo islâmico e é a raiz ideológica do Estado Islâmico, que pratica uma interpretação literal do Corão. Aliás, a Arábia Saudita, é o berço e o patrocinador do terrorismo islâmico a nível global, e o exportador do Wahhabismo. As suas enormes reservas de petróleo e baixo custo de exploração sustentam uma família real corrupta e corruptora e a uma teocracia cruel que financia, com biliões de petrodólares, partidos políticos nos EUA e na Europa, enquanto submete as mulheres a condições impiedosas, mesmo para padrões islâmicos. Um dia saber-se-á por que motivo os quatro execráveis Cruzados (Bush, Blair, Aznar e Barroso), face ao crime financiado, organizado e cometido por sauditas contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, decidiram, perante o clamor públ

Laicidade – O que esconde o Burkini?

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Em França, os autarcas estão a proibir progressivamente o ‘burkini’ em praias e piscinas públicas, em nome da segurança, depois de conflitos violentos entre islamitas e não islamitas. A religião tem um potencial de detonação de violência e ódio que não pode surpreender-nos, e adiar decisões que minimizem os conflitos não é a melhor solução. O burkini, feito do mesmo tecido do biquíni, não pode ser proibido em nome da higiene, e o respeito pelas liberdades individuais devia admiti-lo pois, ao contrário da burka e do capacete das motos, não ocultam a identificação que as razões de segurança impõem. A questão reside no confronto que o Islão procura e a extrema-direita europeia aplaude, uma exibição da pertença religiosa que faz parte do proselitismo e que o comunitarismo estimula para fazer prova de força e provocar o martírio que atrai indecisos para a jihad. A Europa, que amoleceu a defesa da laicidade, encontra-se sem armas e sem razão para proibir no espaço público, que deix

O País, casos ‘incendiários’ e o ‘incrível’…

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O País está a braços com uma ‘maré incendiária’ que tem incinerado largas parcelas territoriais destruindo tudo à sua passagem. Por outro lado, o País assistiu expectante à invasão do perímetro urbano pelo incêndio ocorrido no arredores do concelho do Funchal e ficou a saber que tudo foi devido a imponderáveis (mudanças súbitos de ventos, deficiências planeamento urbano, características específicas dos bairros históricos, etc.) que parecem encerrar liminarmente a questão. Foram múltiplos os exemplos de fogos florestais declarados incontrolados (Águeda, Arouca, S. Pedro do Sul, etc.) e ‘sentiu-se’ um esgotamento da capacidade instalada de resposta pelas corporações de bombeiros o que levou à solicitação de ajuda externa, sem grande repercussão no combate aos fogos. Aparentemente, tudo o que podia correr mal acabou por correr pessimamente. Na sequência destas catástrofes assistimos a chorrilho de opiniões veiculadas por comentadores, políticos, académicos, associações, orga

Freud na Festa do Pontal

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Passos Coelho, este PSD e o País Miguel Relvas, Marco António e Paulo Júlio dirigiram a central de intoxicação que, das redes sociais da Internet foi alargada à comunicação social tradicional, e foi responsável pela ascensão de Passos Coelho, de líder precário do PSD a PM de vocação vitalícia. Na política, após liderança da JSD, não tivera qualquer função executiva, e na atividade privada, além de homem de mão de Ângelo Correia, não ultrapassou a administração de uma empresa de aproveitamento de fundos europeus (Tecnoforma) para cursos exóticos, técnicos de aeródromos e heliportos da zona centro, de cuja falência se encarregou antes de o fazerem PM. Depois de Cavaco Silva ter chegado a PR, o PSD, aturdido, foi incapaz de reagir, ainda a lamber feridas dos seus dois últimos primeiros-ministros, Durão Barroso, cúmplice da invasão do Iraque, e Santana Lopes. Quando, pela primeira vez, a direita conseguiu um PR culto, inteligente e sem negócios nebulosos, continua prisioneira

Uma visão 'shakespeariana' da Festa do Pontal…

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O líder do PSD aproveitou as festividades estivais do Pontal link para alimentar um novo 'bitaite'.  Ao Governo do PS que conta com o apoio parlamentar do BE, do PCP e Partido os Verdes, a partir de uma posição conjunta assumida para uma solução governativa, resolveu baptizá-lo (os crentes não fazem a coisa por menos) de ‘Troika’.  Primeiro, revelou estar mal de contas. Em aritmética PS + BE + PCP + Verdes perfazem um conjunto de quatro entidades. Quando muito, esta associação seria, se estivéssemos num circo romano (como desde Dezembro de 2015 foi desejado pela Direita), uma quadriga (mas não aquele símbolo prussiano que está implantado sobre a porta de Brandemburgo, em Berlim).  Dirão alguns (novamente a Direita) que os Verdes, não contam, porque são um satélite do PCP. Em questões de ‘ satélitose ’ temos várias nuances e bastantes exemplos. Não será preciso recuar muito para discernir quem no anterior Governo era o apoderado e quem lhe servia de satélite. O

O satélite do PSD e a memória

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Há 80 anos – A Guerra Civil espanhola e o massacre de Badajoz (14-08-1936)

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É dos horrores mais sinistros cometidos pelos homicidas de Franco no início da sublevação que derrubou a República espanhola. O governo legal tinha contra si o fascismo, que se expandia na Europa, e a feroz hostilidade da Igreja católica. A sublevação, além de apoiada por Hitler e Salazar, foi abençoada pelo Vaticano que concedeu o carácter de Cruzada às forças rebeldes e jamais quebrou o silêncio perante as atrocidades dos seus. Em Badajoz, após violentos combates, iniciados no dia 12, os resistentes renderam-se a 14. E foram prontamente fuzilados pelas tropas sublevadas, comandadas pelo general Juan Yagüe, que, após a guerra civil, viria a ser ministro da Força Aérea, de Franco. Ficou conhecido como ‘o carniceiro de Badajoz’. Os historiadores admitem que possam ter chegado a 4.000 (10% da população da cidade) as vítimas do massacre, sumariamente fuziladas e cuja investigação foi [e é] impedida. Como nota de nojo pelo regime salazarista, deve acrescentar-se que a GNR prendeu

CUBA: notas à margem das comemorações dos 90 anos de Fidel…

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As imagens das comemorações públicas dos 90 anos de Fidel Castro circularam pelo Mundo.  Poucos serão aqueles que duvidam sobre o lugar que Fidel ocupará no virtual panteão dos dirigentes revolucionários do século XX. Fidel não figurará aí com a aura afectiva e romântica do comandante Che Guevara mas como um dirigente latino-americano, revolucionário, popular, determinado e, ideologicamente, um intérprete de uma ‘ praxis latina do marxismo ’, onde a inspiração na luta independentista contra o colonialismo, travada pelo herói José Martí, foi um fortíssimo vector de agregação popular. A revolução cubana, após a queda do muro de Berlim, viu-se confrontada com novos desafios, quer em termos económicos e de bem-estar social, quer em termos de solidariedade internacionalista.  Fidel de Castro, a partir da década de 90, teve manifestas dificuldades em adaptar-se aos ‘novos tempos’ da globalização, não só pela sua ortodoxia doutrinária, mas também pelos efeitos desestabilizadores ad

Silly season

Passos Coelho «Líder do PSD vai hoje à festa algarvia do seu partido dizer que está na altura de o governo do PS aceitar que tem de mudar de política.» Comentário : no tempo em que fazia de primeiro-ministro, quando Relvas e Marco António mandavam, cabia-lhe lembrar-se das soluções para os problemas europeus nas reuniões internacionais. Agora está reduzido a dar palpites caseiros na festa privada do seu clube político.

Bancos nacionais: ‘o seu a seu dono’

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As recentes prestações de contas dos bancos nacionais são absolutamente preocupantes sobre a solidez destas instituições financeiras portuguesas. Para além dos factos consumados do BPN, do BPP, do BES, do BANIF o ‘remanescente ‘ (bancário) mostra-se cada vez mais periclitante. Apesar da taxas de juro absolutamente desfasadas com os referenciais do BCE, do corrupio das  comissões e a prevalencia dos esquemas de amiguismo, compradrio e favoritismo (quando não da imprudência e negligência) no lidar com os dinheiros de outrem que, em princípio lhes foi de boa fé confiado, o balanço do 1º semestre do exercício das principais instituições bancárias nacionais link revela um ‘oceano de dificuldades’ (serão ‘imparidades’?) que as ‘justificações pontuais’ não têm efeito tranquilizador. Na realidade, a instabilidade das instituições financeiras dura há demasiado tempo e os cidadãos, chamados recorrentemente a socorrer o sistema, têm sido mantidos à margem das explicações que se devem