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A mostrar mensagens de abril, 2022

Trump e Putin

Há dois políticos pelos quais nutro especial animosidade. Um foi afastado, é a vantagem da democracia, ainda que a sucessão não fosse auspiciosa, o outro é hoje notícia diária. Ambos se esforçaram a estimular a extrema-direita europeia, talvez por proselitismo das suas ideias. Trump enviou mesmo o seu amigo  Steve Bannon  a dinamizar os partidos fascistas europeus, o vigarista que indultou no fim do mandato, por se ter locupletado com algum do imenso dinheiro que fora dado para investir na promoção do fascismo na Europa. Putin foi o amigo de todos os extremistas do fascismo europeu, embora, como é próprio dos nacionalistas, tenha agora alguns contra si. É, aliás, uma situação comum ver países ex-comunistas em marcha acelerada para o fascismo. O ataque a Kiev, durante a visita do secretário-geral da ONU, foi de tal modo insólito e cobarde que Putin perdeu muitos dos que lhe davam o benefício da dúvida na invasão da Ucrânia, atendendo às razões históricas e às vítimas russas das co

Nuno Melo, as eleições espanholas de há 3 anos e a liderança atual do CDS

Nuno Melo é um conhecido reacionário que exige demasiada subtileza para o distinguir dos fascistas. Exige um esforço hercúleo para encontrar no fogoso parlamentar qualquer semelhança com Freitas do Amaral ou Adelino Amaro da Costa. Perfeitamente integrável no partido fascista, onde faltam figuras conhecidas, tornou-se o líder do centro de reanimação onde o CDS se encontra nos cuidados intensivos, à espera de o despertar para a vida parlamentar onde se finou nas últimas eleições legislativas. A hipótese de vir a ocupar um espaço já preenchido, com a vantagem de ser um partido sob vigilância de partidos europeus homólogos, melhor frequentados, leva-me a desejar a ressurreição do CDS, mas não sob a liderança do trauliteiro eurodeputado Melo. Para os que se esqueceram do truculento salazarista, ausente no Parlamento Europeu, de onde sairá por ausência de votos que lhe renovem o mandato, deixo aqui um revelador apontamento sobre o seu pensamento, manifestado há 3 anos, na sequência da

A memória e o arrependimento – crónica

A memória não é apenas a capacidade de recordar, repetir e localizar os sentimentos e factos vividos, para os lembrar ou ocultar. Atrevo-me a dizer que é também a aptidão para esquecer o que desagrada ou faz sofrer, e tudo o que nos envergonha ou angustia. Foram tantas as vezes que me senti constrangido, pela imprudência e pelo que se chama popularmente «meter o pé na argola», que me surpreende ter tão fraca memória. Muitos anos depois, em amena cavaqueira, recordei um silêncio constrangedor que provoquei. Foi na primeira metade da década de sessenta do século passado. Os companheiros de mesa, acabado o jantar, iniciámos o passeio habitual. Éramos quatro amigos que a época e os hábitos obrigavam a cerimónia recíproca, senhor professor para aqui, senhor doutor para ali, o juiz, o delegado do Ministério Público, o conservador do Registo Predial e o delegado escolar, ora cronista. A conversa decorria mansa com os quatro amigos alinhados de acordo com a condição, o Dr. Moniz da Maia à dire

Mensagens de telemóvel – Aviso aos incautos ou explicação para os especialistas

Recebi hoje 3 mensagens estranhas com uma ligação que, por prudência, não abri. Aos que acharem inútil a informação peço desculpa; aos que me puderem ajudar a entender, fico agradecido. (Não tenho mensagens de voz ativadas no meu telemóvel). 1 – TM. 960359912 – Você tem uma nova mensagem de voz do seu médico (acentos meus – segue-se uma ligação): 2 – TM. 933637166 – Você tem novo correio de voz do seu médico (idem); 3 – TM. 936046781 – Confira sua nova mensagem de voz (idem, ligação) Telefonei do telefone fixo e obtive as seguintes informações: Estes telemóveis não pertencem ao CHUC; o primeiro telemóvel, depois de tocar, remeteu-me para o correio de voz; o segundo informou que não estava ligado e pediu para tentar mais tarde: quanto ao terceiro já não telefonei. O que se passará?

Almeida – 25 de Abril de 2022

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Na vila histórica de Almeida, ali onde os soldados de Napoleão fizeram explodir o paiol e derrubaram o castelo, ali, no concelho onde a Europa começa a ser Portugal e de onde se fugia à fome, à guerra e à Pide, ergue-se o Monumento ao 25 de Abril, que embeleza o meu mural do Facebook e é a sentinela das muralhas. Da foto faltam já os heróis de Abril, Gertrudes da Silva e Augusto Monteiro Valente e o coronel Eugénio de Oliveira, demitido com Varela Gomes, vencidos na revolta de Beja. No silêncio da homenagem em granito aos que nos deram a liberdade, lá estão os cravos vermelhos de Abril a recordar aos que os exoneraram da lapela, a quem devem o lugar que hoje lhes cabe na A. R. Ontem, após a deposição do tradicional ramo de cravos pelo presidente da Assembleia Municipal, acompanhado do presidente da Câmara, da presidente da Junta de Freguesia e de uma vereadora, com os bombeiros formados em parada e numeroso público a assistir, houve Vivas ao 25 de Abril e cantou-se a Grândola. Se

Viva o 25 de Abril!

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Há 48 anos saíram do Posto de Comando do MFA as primeiras notícias da Revolução e, em breve, começaram a florir cravos nos canos das espingardas. No Chiado, cercado no quartel da GNR, espavorido e incrédulo, com ministros a chorar, Marcelo Caetano, sitiado pela coragem serena de Salgueiro Maia, implorou um general para se render. Não foi o melhor quem recebeu o poder, mas era demasiado mau o que o entregava. No largo, em frente, o povo vitoriava os heróis, o capitão e os soldados que, de Santarém, ousaram vir escrever a página mais bela dessa madrugada. Vaso Lourenço estava preventivamente desterrado nos Açores, com Melo Antunes, mas a operação que Otelo tinha desenhado era já imparável. De Viseu, tinha saído o capitão Gertrudes da Silva com uma coluna militar tornada poderosa com os decididos capitães que, de Aveiro e da Figueira da Foz, se lhe juntaram. De Lamego, Delgado da Fonseca marchava sobre o Porto e, em Lisboa, o major Cardoso Fontão prendia o governador militar, e os seu

As eleições em França

A eleição do/a PR em França assume enorme importância. O regime semipresidencial, onde o PR tem competências próprias, nomeadamente a responsabilidade exclusiva da política externa, faz do/a eleito/a responsável pela arquitetura da União Europeia. Hoje, em França, esteve em jogo o futuro da UE. Sem a França ou a Alemanha, sem um destes países, este espaço em que me revejo, desintegrar-se-ia. Seria trágico, quando se torna urgente o seu aprofundamento, que os nacionalismos voltassem e as fronteiras de cada país ficassem de novo em risco. Espanha, Itália e Bélgica podiam ser os primeiros países a desintegrar-se e, com eles, a arquitetura europeia e a força necessária para exigir aos estados que a compõem respeito pelos direitos humanos e pelas regras democráticas. Hoje, em França, a Espada de Dâmocles, posta à prova pelo voto, esteve suspensa sobre a cabeça das democracias. Há um alívio nos resultados. A maioria votou na democracia, mas é perturbador que a escolha se tivesse redu

25 de Abril – Há 48 anos, o dia de amanhã foi o dia esperado durante 48 anos

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O dia de amanhã é dia mais belo de todos os dias das nossas vidas Há quem, antes, não tivesse precisado de partido, quem não sentisse a falta da liberdade, quem se desse bem a andar de joelhos e a viver de rastos.  Houve cúmplices da ditadura, bufos e torturadores, quem sentisse medo, quem estivesse desesperado, quem visse morrer na guerra os filhos e nas prisões os irmãos, e se calasse. Houve quem resistisse e gritasse. E quem foi calado a tiro, no exílio ou nas prisões.  Uns pagaram com a liberdade e a vida a revolta que sentiram, outros governaram a vida com a vergonha que calaram. Houve quem visse apodrecer o regime e quisesse a glória de exibir o cadáver e a glória da libertação. Viram-se frustrados por um punhado de capitães sem medo, por uma plêiade de heróis que arriscaram tudo para que todos pudéssemos agarrar o futuro. Passada a euforia da vitória, ninguém lhes perdoou. Os heróis da mais bela revolução da História e agentes da maior transformação que Portugal viveu

Viva o 25 de Abril

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Faltam 2 dias para celebrarmos o 48.º aniversário da data que venceu a mentira, a tirania e o crime. O 25 de Abril valeu a pena? A pergunta, repetida na comunicação social, sugerida nos cafés e ouvida nas ruas, anda aí, como provocação fascista, espécie de transferência de responsabilidade, oriunda dos herdeiros da ditadura para os que sabem o que lhe devemos. Perguntar a quem ama a liberdade se esta vale a pena é a ofensa de quem lhe é alheio, de quem se dava bem com a ditadura ou não faz a mais leve ideia do que foi. É como perguntar a um doente se valeu a pena a cura ou, a um cego, a recuperação da visão. Há quem minimize a violência da ditadura, o número de mortos e estropiados na guerra colonial, e só os de um lado, que do outro não lhes interessam. A canalha que reprimiu durante 40 anos a luta contra o regime que prendia sem culpa formada, violava a correspondência, torturava adversários e os assassinava, essa súcia, filha do salazarismo, anda por aí, a reescrever a Histó

ABRIL, todos os dias

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 A solidariedade dos leitores transformou este blogue republicano, laico e democrático, numa homenagem ao 25 de Abril.  Este é o incentivo que vence o cansaço e o desânimo, que garante novas madrugadas depois de muitas noites escuras. Dentro de 3 dias será a festa dos que amam a liberdade e dos que não esquecem aquela manhã em que floriram nos canos das espingardas cravos.

HÁ 2 ANOS

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O médico João Duarte Freitas que, durante anos, assinou os textos com o pseudónimo de «e-pá», partiu feito cinza, no dia de hoje. Dele  e do seu convívio diário fica a saudade que teimosamente me acompanha nos dias que ainda tiver.

O milagre dos pastorinhos Francisco e Jacinta - crónica

Lembro-me do velho Hospital Distrital de Leiria e da magnífica escadaria de mármore partida a camartelo para obras de remodelação, depois de retirada a foto imponente do virtuoso bispo D. Manuel de Aguiar sob cujos auspícios fora construído o edifício. No respetivo piso, entre várias enfermarias, ficavam as de Medicina. Na de “Mulheres”, sobressaía uma mesinha de cabeceira pela parafernália de senhoras de Fátima, pastorinhos e outras imagens pias que a ornamentavam. Ficava junto à cama de uma paralítica que, durante a noite, se arrastava até junto das camas de outras doentes para lhes impedir o descanso. Essa internada tinha a antipatia e inimizade de outras doentes, e era dileta do Diretor do Serviço, Dr. Felizardo Prezado dos Santos, enternecido com a devoção e extasiado com as suas imagens de santos e veneráveis. Era a D. Emilinha, a mais antiga internada, conhecida de toda a gente. Um dia, nas férias do Dr. Felizardo, o médico José Luís Alves Pereira, que o substituiu, deu-lh

ETIQUETA À MESA

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Diferença entre «degustação» e «antropofagia. (Do livro das boas maneiras)

Há 49 anos

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Em 1973, na cidade alemã  de Bad Munstereifel (RFA), foi dissolvida a Ação Socialista e fundado o Partido Socialista (PS). Havia sonhos de liberdade nos resistentes antifascistas, mas foi uma madrugada de Abril que os concretizou 1 ano depois.

A GUERRA DA UCRÂNIA

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É de tal modo dilacerante a tragédia que cresce diariamente, as mortes que ocorrem, os mutilados que se ignoram e o êxodo de mulheres e crianças em fuga, que estarrece não haver quem se empenhe na procura da paz para pôr fim à destruição, à carnificina e à Espada de Dâmocles nuclear que paira sobre o Planeta. Quando todos sofrem, é menos importante saber quem é o agressor e o agredido do que salvar as vidas que restam, os haveres que existem e um módico de clemência de quem é obrigado a combater para defender interesses que não são necessariamente seus. Nunca houve tanta irracionalidade e violência sem que a opinião pública se mobilizasse contra a guerra. O Papa Francisco e, de forma tímida e condicionado, António Guterres, parecem ser os únicos a desejarem o fim da tragédia de milhões de refugiados e famílias destruídas, enquanto a comunidade internacional se divide entre os indiferentes e os que pretendem a paz depois da eliminação de um dos lados. Ou de ambos! Aliás, nunca uma

Hoje foi cá Páscoa – um olhar ateu (não aconselhável a tementes a Deus)

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A Páscoa é quando a religião quiser. Os judeus celebram a libertação da escravatura no Egito e os cristãos a ressurreição de Cristo, mais de quinze séculos depois. Coincidem no dia e divergem no milénio. Com o tempo, diluiu-se a memória do plágio e a razão da festa. Os cristãos ortodoxos complicaram o achamento do dia. É hábito recordarem a ressurreição de Jesus Cristo (JC) com uma semana de atraso, em relação aos católicos. Hoje foi dia de Páscoa em Coimbra, data em que JC ressuscitou dos mortos, após breve defunção. Depois, andou quarenta dias a errar por Jerusalém, a fazer prova de vida para os que acreditaram e para os que acreditam que foi visto. Ontem, ainda o ícone da lenda cristã jazia morto e já lautos repastos tinham lugar para gáudio da indústria da restauração. Hoje, consumada a ressurreição, oram raros os Cafés que abriram. Antigamente, neste dia, queria tomar um café e não encontrava onde. Solto da cruz onde se finou, JC foi sepultado, como era costume, e, para aleg

Frenesim presidencial

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Não se confirma que o PR tenha ido combater ao lado dos ucranianos, dado que foi um dos raros mancebos da sua idade que, sem desertar ou emigrar, não foi à guerra colonial. Está, isso sim, a preparar-se para as festividades litúrgicas da sua Igreja e para o beija-mão ao bispo da diocese, um hábito que as funções não curaram.

EUNICE MUÑOZ – Falecimento

Há pessoas cuja dimensão ultrapassa a capacidade das palavras para serem recordadas. Eunice Muñoz foi, pelo virtuosismo de atriz e longevidade da sua carreira, uma mulher indescritível, a diva que hoje partiu, depois de preencher a vida de todos os que amam o teatro. A grande Senhora continuará a brilhar no palco da memória onde permanecerá, como estrela de primeira grandeza, no firmamento da vida de todos nós.  

O 25 de Abril e o 25 de novembro

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Com a celebração em curso do cinquentenário do 25 de Abril e com um partido fascista fortemente representado na AR, ressurgiu o ressentimento à democracia, a nostalgia da ditadura e a saudade do império perdido, após 48 anos de democracia. De forma tosca ou mais elaborada é o apelo ao autoritarismo e ao Estado policial que se vislumbra em quem destila ódio aos militares de Abril, legitima a guerra colonial, remói a raiva à Revolução e teme uma pneumonia com a aragem da liberdade. Andam aí os filhos dos bufos, rebufos e salazaristas, répteis do Estado Novo, alheios às prisões, torturas, perseguições e medos da ditadura. São negacionistas dos assassinatos da Pide, ressentidos da liberdade que os capitães de Abril outorgaram, invejosos dos filhos dos pobres que chegaram à universidade e que preferiam andar de rastos, num país orgulhosamente só, a viver de pé, em democracia. Há descendentes dos cúmplices da ditadura, dos que batiam palmas e davam vivas ao ditador, dos fascistas embru

Marcelo Rebelo de Sousa e o PR

Marcelo é um estorvo para o PR. Hipercinético, carente de afetos, de fotos e de notícias, banaliza o cargo, deprecia as funções e perturba as instituições democráticas. Quem sente a volúpia de um lugar na História e procura a porta grande para entrar nela, sem ponderar as atitudes, arrisca-se a sair pela janela, sem público a aplaudi-lo. É penoso para quem se habituou a abrir os telejornais com comentários sobre política, futebol, teatro, literatura, Orçamento, Forças Armadas, judo, futebol de salão e todas as notícias nacionais e estrangeiras, com respostas para todos os assuntos, ver-se preterido pelo PR de um país beligerante na guerra que dilacera a Europa. Marcelo tem sempre várias respostas para cada pergunta e, se não servirem, tem outras. O que precisa é de câmaras, microfones e público, certo da empatia com as câmaras e os órgãos de reverência que lhe transformam lugares comuns em pensamentos profundos. O maior problema é a perturbação que causa a quem governa em situa

Cavaco Silva e o artigo no Público, hoje, 11-04-2022

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Quem julgava o velho salazarista remetido a cuidar dos netos e a gerir as numerosas reformas que acumulou, algumas de forma suspeita, e os pingues rendimentos que os negócios lhe proporcionaram, enganou-se. O “mestre da banalidade”, como o definiu o Nobel do nosso contentamento, interrompe periodicamente a conferência dos extratos bancários e migra para as páginas dos jornais a bolçar o ressentimento que o consome. Não é o ódio do reacionário aos adversários, que considera inimigos, que surpreende no político que aceitou constrangidamente a democracia, sendo o que mais beneficiou dela, é a desfaçatez do cobarde a falar de coragem, do inculto que aceitou ser catedrático de Literatura pela Universidade de Goa sem mostrar ter lido uma única obra literária, do intriguista que escondeu a mão quando o seu chefe da Casa Civil, Fernando Lima e o então diretor do Público se conluiaram numa perfídia para destruir o PM. A grande afirmação do artigo no Público é a ofensa gratuita e pusilânime

A Europa e as eleições francesas – 2

Os resultados aproximados da primeira volta das eleições presidenciais francesas são o pesadelo previsível, com a guerra na Ucrânia a impor a viragem à direita do eleitorado europeu. A possibilidade de uma liderança neofascista em países que asseguraram a estabilidade democrática no pós-guerra é um cenário cada vez mais próximo, não um exclusivo dos países que estiveram sob o domínio da URSS, incluindo a própria Rússia. O que surpreende na República Francesa, onde o PR, ao contrário de Portugal, detém amplos poderes, é assistir-se a uma segunda volta entre a direita democrática e a direita fascista, um duelo que, comparado com Portugal, seria entre Rui Rio e o líder do Chega, sendo o primeiro a única alternativa democrática.  Desoladoramente, o líder trotskista, com um partido homólogo em Portugal, Jean-Luc Mélenchon, não toma partido entre Mácron e Le Pen o que agrava a ansiedade para a segunda volta. Eurocético, admirador de Hugo Chávez, detentor de mais de 20% dos votos france

Texto de ONOFRE VARELA

  P edidos de perdão   Neste tempo de guerra na Europa, em que um candidato a imperador fora do tempo dos impérios, invade e destrói um país vizinho, matando cidadãos inocentes na ânsia de tomar territórios para ampliar o seu “império”, dei comigo a pensar que se a Humanidade não estiver totalmente louca, o agressor terá de se sentar no banco dos réus de um tribunal competente para julgamento dos seus actos, tal como aconteceu em Nuremberga, em Novembro de 1945, a 24 proeminentes membros da liderança política da Alemanha Nazi.  Por analogia lembrei-me da viagem que Barak Obama, enquanto presidente dos Estados Unidos da América (EUA) fez a Hiroshima em Maio de 2016. Foi a primeira visita de um presidente norte-americano ao Japão desde o fim da Segunda Grande Guerra.  Em 6 de Agosto de 1945, já com a Guerra terminada pela capitulação dos Nazis, os japoneses continuavam o conflito, o que levou os EUA a lançarem uma bomba atómica sobre Hiroshima, provocando a destruição da cidade e a morte

A Europa e as eleições francesas

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Com o neofascismo, vindo do Leste, a avançar na Europa, joga-se amanhã um primeiro combate entre as democracias liberais e os regimes autoritários, racistas e xenófobos. A anestesia que nos tolhe, com a cumplicidade dos media, impede o sobressalto cívico que nos devia fazer refletir sobre a fragilidade das democracias. Amanhã, mais do que o destino imediato da França, é o destino da Europa democrática que vai a votos, o humanismo que se sufraga, o futuro da nossa civilização que se joga.  Não há democracias sem democratas nem futuro quando se desiste de o defender.  

No 49.º aniversário da morte de Picasso

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Faleceu em 8 de abril de 1973 o maior pintor do século XX e o que mais revolucionou as artes plásticas onde competiu com outros criadores geniais, como Matisse, Duchamp ou Braque. Picasso foi um gigante da pintura e da escultura, notável na gravura e como ceramista, e o génio criador do artista malaguenho estendeu-se à cenografia, poesia e dramaturgia.

A discussão do programa do Governo na AR

Ai de nós se não houvesse oposição, se o poder discricionário de um partido, fosse qual fosse, se convertesse em partido único, de que Portugal tem dolorosa memória. Faz falta, aliás, uma oposição de esquerda com maior representatividade parlamentar, vozes que interpelem o Governo e sugiram alternativas viáveis às suas propostas. O que não é sério é propor despesas sem cuidar das receitas, procurar reconquistar votos com propostas demagógicas e utópicas. Temos, é certo, Constituição, Tribunais independentes e liberdade de imprensa, com os media dominados pela oposição de direita, mas a oposição parlamentar é tão essencial à democracia como é prejudicial a oposição de cuja liderança se encarrega o PR. O que não se pode exigir é o que se sabe não poder ser dado. Não é verosímil que algum partido possa ganhar votos a disputar a fasquia do vencimento mínimo ou o campeonato da distribuição de benefícios, quando às sequelas da pandemia se junta a guerra na Europa. Teme-se que milhare

A Guarda e o Padre Isidro – Crónica

O padre Isidro, feita a 4.ª classe, saiu de Vila Cova à Coelheira para entrar no seminário. Ordenado padre pelo eterno bispo da Guarda, D. José (III) Alves Matoso (1914 / 52), pastoreou Panoias de Cima onde levou o latim e a palavra do Senhor aos paroquianos do Barracão, Cerdeiral, Panoias de Baixo, Panoias do Meio, Póvoa de São Domingos, Prados e Valcovo, anexas da sede de freguesia, ampliando ainda o exercício do múnus a Gata, Monte Barro, Sequeira e outras aldeias cheias de crianças e de fé. Suportou durante anos a chuva, o vento, a neve e as confissões nas aldeias paupérrimas onde levou o viático a moribundos, tornou cristãos os neófitos, celebrou missas, deu a comunhão, casou nubentes, fez procissões, cantou nos enterros e encomendou as almas dos que se finaram a aspergir-lhes o caixão com água benta derramada do hissope. Suportou desavenças com paroquianos e as palavras azedas dos mordomos que queriam bailaricos em dias das festas pias, despautérios que o amofinavam, desejos prof

Declaração n.º 27003 (atualizada na ortografia e nas circunstâncias)

«Declaro por minha honra que estou integrado no pensamento único estabelecido pelos órgãos de comunicação social, redes sociais e órgãos da soberania, com ativo repúdio de quem ousar duvidar do que lhe dizem ou mostrem». No entanto, enquanto me for permitido, este espaço nunca banirá ninguém por pensar de forma diferente da minha, se acaso puder continuar a pensar, nem excluirá quem afronte as minhas posições. Podem os meus amigos ostracizar-me que não deixarei de ser seu amigo; podem, como o fez um ex-candidato à presidência da República, na minha página do Facebook, repudiar os «métodos infames utilizados por escroques» [referia-se a mim], que os comentários se manterão. Às certezas prefiro as dúvidas, ao gosto pela morte escolho a vida, à excitação da guerra prefiro a paz. Entre o amor e o ódio escolho o primeiro. Não há povos párias, há países que vivem em ditadura e, cada vez menos, os que usufruem democracias liberais. Quando a intolerância, a excitação emocional e a fé devoram o

Gostava de ter escrito este artigo

 Hoje, no DN, de Pedro Tadeu.

Assim vai a minha cidade…

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Quando um académico não consegue chegar a catedrático, certamente por falta de vaga, e como profissional não alcança o lugar de Diretor de Serviços, tenta na vida autárquica fazer a catarse das frustrações, e conseguir, através do ruído, estar permanentemente sob os holofotes da imprensa autóctone. Há quem se candidate a autarca para se empenhar na gestão do concelho, quem procure o lugar para se dedicar aos munícipes e quem mude de partido para se candidatar a voos para que lhe faltam asas.  Uns administram e são cidadãos, outros gritam, e não passam de ressabiados.

Assim vai a Europa_2 – Alguns comentários sobre o presente e preocupações sobre o futuro

O ambiente malsão que ora se vive já não é entre adversários, é entre correligionários; entre os que veem justiça na guerra e os que preferem a paz; entre os que se tornaram eco da propaganda e os que procuram compreender a irracionalidade da guerra; entre os que as certezas devoram e os que as dúvidas dilaceram. Antes de reler o sermão do p.e António Vieira, oiço, vejo e reflito sobre a verdade única que é servida, e reflito sobre a pobreza da informação relativa à guerra e ao maior drama europeu das nossas vidas, que há de prolongar-se por várias gerações. Tudo é rude e atroz, desde o sofrimento dos que fogem ao dos que são obrigados a ficar, dos que morrem sem convicção aos que sobrevivem dilacerados, dos que exultam com o sofrimento alheio aos que sofrem seletivamente. Os semeadores de ódio e da violência são incapazes de pensar o que teria sucedido aos portugueses espalhados pelo mundo se, durante a ditadura, os países de acolhimento os olhassem como cúmplices do ditador, ou

Hoje - 30.º aniversário do falecimento de Salgueiro Maia

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Uns devem-lhe os lugares onde chegaram, e todos lhe devemos a liberdade de que gozamos.  Obrigado, Capitão de Abril, Salgueiro Maia.  Todos os dias.  Sempre.

O Almirante e o ministro… do culto

Ignoro hoje as competências que cabem a cada escalão hierárquico das Forças Armadas, mas sou do tempo, de ingrata memória, em que todas as hierarquias sabiam que poderes lhes competiam. Há dias, um Almirante cuja elevada competência se revelou na campanha das vacinas e que a opinião pública incensou, quiçá desejoso de abandonar os submarinos para voar na política, resolveu demitir pelas televisões um padre católico, capelão dos fuzileiros, que o contestou. O escândalo, para mim, que sou ateu, é a existência de capelães militares católicos nas Forças Armadas de um país laico, quando qualquer militar pode sacramentar-se com igual eficácia nas igrejas civis ou ao domicílio, mas admito que a eficácia dos exércitos depende do rigoroso respeito hierárquico. O mediático almirante não gostou de ser desautorizado por um oficial subalterno que se limita a disparar hóstias e água benta, a fazer sinais cabalísticos e a ajoelhar-se. Está no seu direito. Perante a demissão do ministro do cul

Três personalidades, três discursos e um percurso sinuoso

Coube às três personalidades que ocupam os primeiros lugares na hierarquia do Estado fazerem os discursos que marcaram o início da nova legislatura. O presidente da AR fez um excelente discurso de Estado, impoluto na forma e cuidado na substância, à altura das funções e do órgão de eleição dos regimes democráticos que, em Portugal, república parlamentar, é perante quem responde o PM. Foi o coroar da sua longa carreira política em simultâneo com a brilhante carreira académica. O seu trajeto está, como o de todas as figuras públicas, sujeito ao escrutínio da opinião pública. O PR, na tomada de posse do Governo, onde as funções são essencialmente litúrgicas, fez um discurso bonito na forma e intolerável na substância. O PR não é o treinador do Governo nem este responde perante ele. Não é o carcereiro do PM nem o intérprete da vontade popular expressa nas eleições, que só aos partidos representados na AR cabe interpretar. Marcelo julga ter um qualquer direito de pernada que, a existir,

Quatro dias e quatro noites longe do computador e do Mundo

Nos dias em que fui obrigado a afastar-me do convívio dos leitores, sem garantia de que não se repitam, até o virar das páginas de um livro foi tarefa difícil. Não foi, pois, por masoquismo que suportei a repetição de notícias e eventuais mentiras, de imagens a que todos devíamos ter sido poupados e de discursos em direto que, de moto-próprio, ouvi. Da guerra vi e ouvi o que foi decidido que podia ouvir e ver, enquanto Putin continua a destruir a Rússia, a Ucrânia, a economia da U. E. e a abrir caminho à China para a hegemonia mundial. O êxodo de milhões de ucranianos é a mais dramática página da História das nossas vidas cujas consequências são a incógnita onde sobra a certeza da tragédia. Uma opinião fundamentada é cada vez mais difícil e exótica. A submissão da UE aos interesses dos EUA e à sua guarda avançada, Reino Unido, já é irreversível, assim como a destruição do sistema financeiro internacional, com o dólar e o euro desacreditados, a perderem o estatuto de moedas de refúg