A Europa e as eleições francesas – 2

Os resultados aproximados da primeira volta das eleições presidenciais francesas são o pesadelo previsível, com a guerra na Ucrânia a impor a viragem à direita do eleitorado europeu.

A possibilidade de uma liderança neofascista em países que asseguraram a estabilidade democrática no pós-guerra é um cenário cada vez mais próximo, não um exclusivo dos países que estiveram sob o domínio da URSS, incluindo a própria Rússia.

O que surpreende na República Francesa, onde o PR, ao contrário de Portugal, detém amplos poderes, é assistir-se a uma segunda volta entre a direita democrática e a direita fascista, um duelo que, comparado com Portugal, seria entre Rui Rio e o líder do Chega, sendo o primeiro a única alternativa democrática. 

Desoladoramente, o líder trotskista, com um partido homólogo em Portugal, Jean-Luc Mélenchon, não toma partido entre Mácron e Le Pen o que agrava a ansiedade para a segunda volta. Eurocético, admirador de Hugo Chávez, detentor de mais de 20% dos votos franceses, comporta-se como aliado da candidata fascista. Representa um perigo, mas talvez sirva de motivo reflexão e de vacina para os europeus que creem na utopia trotskista.

De uma fascista sabemos o que podemos esperar, mas do defensor de uma democracia iliberal, seja isso o que for, fica-nos a amargura de sabermos que os democratas são cada vez menos.

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