Nuno Melo, as eleições espanholas de há 3 anos e a liderança atual do CDS

Nuno Melo é um conhecido reacionário que exige demasiada subtileza para o distinguir dos fascistas. Exige um esforço hercúleo para encontrar no fogoso parlamentar qualquer semelhança com Freitas do Amaral ou Adelino Amaro da Costa.

Perfeitamente integrável no partido fascista, onde faltam figuras conhecidas, tornou-se o líder do centro de reanimação onde o CDS se encontra nos cuidados intensivos, à espera de o despertar para a vida parlamentar onde se finou nas últimas eleições legislativas.

A hipótese de vir a ocupar um espaço já preenchido, com a vantagem de ser um partido sob vigilância de partidos europeus homólogos, melhor frequentados, leva-me a desejar a ressurreição do CDS, mas não sob a liderança do trauliteiro eurodeputado Melo.

Para os que se esqueceram do truculento salazarista, ausente no Parlamento Europeu, de onde sairá por ausência de votos que lhe renovem o mandato, deixo aqui um revelador apontamento sobre o seu pensamento, manifestado há 3 anos, na sequência das eleições regionais da Andaluzia.

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Não sei se foi a saudade de Salazar que perturbou o raciocínio de Nuno Melo, deputado que propôs na AR o voto de pesar pela morte do fogoso cónego Melo, quando o clérigo se finou sem ter enviado precocemente para o Inferno todos os que desejava.

Com os democratas ansiosos com o efeito disruptivo do partido fascista VOX no tecido político espanhol, depois de ter elegido 12 deputados na Andaluzia com sondagens que previam 0 a 4, Nuno Melo veio dizer que «o VOX não é um partido de extrema-direita».

O então candidato a deputado ao Parlamento Europeu, não considerava de extrema-direita um partido cujo decálogo andaluz foi este: 1. Deportação de migrantes legais e ilegais; 2.  Muros "infranqueáveis" em Ceuta e Melilla; 3. Suspensão de autonomias e ilegalização de partidos; 4. Defesa das "gestas e façanhas nacionais"; 5. Contra a "ideologia de género"; 6. Revogar a lei de Memória Histórica: os dois exércitos lutaram por Espanha; 7. Redução de impostos e liberalização do solo – "converter em solo apto para ser urbanizado todo o que não deva estar necessariamente protegido por motivos de interesse público convenientemente justificados"; 8. Em defesa da tauromaquia e da caça; 9. Supressão de quotas "por sexo ou qualquer causa"; 10. Um novo tratado europeu.

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Nuno Melo não é um solípede à solta ou primata inimputável. As declarações foram de um independente de direita, entre Pinochet e Hitler, longe dos princípios que os partidos conservadores e democrata-cristãos do pós-guerra perfilham.

De ambos os lados da fronteira, quem recorda as ditaduras fascistas, sente-se angustiado com o partido que defende abertamente o maior genocida ibérico de todos os tempos.

Para Nuno Melo não havia extrema direita. Havia a herança do salazarismo a preservar, com saudade do ELP e do MDLP, e o zelo fascista a branquear o partido cujo programa aqui deixo à reflexão dos leitores.

Do lado de cá da fronteira não ficámos imunes à ´voxização’ da direita espanhola, como se viu nas últimas legislativas.

Há sempre um Nuno Melo com ambições políticas para quem a direita nunca é extrema, e é altura de dizer aos eleitores se ainda pensa da mesma maneira, porque se o CDS não esperou pela sua liderança é inútil a ressurreição como partido que se confunde com o dos fascistas que já ocupam a AR.

É mais fácil a Nuno Melo pedir abrigo à agremiação fascista que reuniu um bando de 11 deputados no Parlamento.

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