Viva o 25 de Abril
Faltam 2 dias para celebrarmos o 48.º aniversário da data que venceu a mentira, a tirania e o crime.
O 25 de Abril valeu a pena?
A pergunta, repetida na comunicação social, sugerida nos
cafés e ouvida nas ruas, anda aí, como provocação fascista, espécie de
transferência de responsabilidade, oriunda dos herdeiros da ditadura para os
que sabem o que lhe devemos.
Perguntar a quem ama a liberdade se esta vale a pena é a
ofensa de quem lhe é alheio, de quem se dava bem com a ditadura ou não faz a
mais leve ideia do que foi. É como perguntar a um doente se valeu a pena a cura
ou, a um cego, a recuperação da visão.
Há quem minimize a violência da ditadura, o número de mortos
e estropiados na guerra colonial, e só os de um lado, que do outro não lhes
interessam. A canalha que reprimiu durante 40 anos a luta contra o regime que
prendia sem culpa formada, violava a correspondência, torturava adversários e
os assassinava, essa súcia, filha do salazarismo, anda por aí, a reescrever a
História e a responsabilizar quem teve a nobreza de perdoar aos algozes e seus
cúmplices.
Como foi possível esquecer o Tarrafal, o Campo de S.
Nicolau, Caxias, Peniche, Aljube e a Rua António Maria Cardoso? Será possível
que, à medida que vão morrendo os que resistiram à ditadura, os herdeiros do
ditador limpem a negrura do passado e o pintem de cor-de-rosa?
E os que têm obrigação de os desmascarar mantêm-se calados?
Não há gravações dos gritos de dor e das lágrimas, quem recorde as mães de
filhos mortos, as mulheres dos maridos presos e as famílias destroçadas pelas
perseguições aos democratas?
Os próprios capitães de Abril, que tudo deram e nada
pedirem, são vilipendiados pelos que lhes devem os lugares que ocuparam, as
sinecuras que distribuíram e os negócios sujos de que ficaram e ficarão
impunes.
No regresso manso de um fascismo larvar, com um partido assumidamente fascista na AR, é altura de dizer basta, de execrar os ingratos que ocuparam o poder, de limpar os órgãos da soberania dos ineptos e dos que exercem a vingança dos que nunca quiseram a democracia, a descolonização e o desenvolvimento, em suma, dos que sentem náuseas e têm enxaquecas quando ouvem: MFA! MFA!
Comentários
O futuro de Portugal e do mundo serão negros.
vitor dias 52 anos.