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A mostrar mensagens de julho, 2022

O PR e a audiência ao líder do partido fascista

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Um módico de contenção, alguma acalmia na frenética exibição mediática, é o mínimo que se exige a quem tem como principal obrigação garantir o regular funcionamento das instituições democráticas. O PR não pode aparecer em todos os noticiários de todos os canais televisivos, emissões de rádio e primeiras páginas dos jornais, como comentador convidado permanente sobre vacinas, incêndios, guerras, cartas de bispos, decisões do Governo, queixas de cidadãos, empresários, sindicatos, líderes partidários, política externa, milagres de Fátima, táticas de futebol e desempenhos ministeriais. Ainda não vi qualquer crítica à audiência ao líder do partido fascista que usou a AR para defender posições criminosas à luz da Constituição e solicitou audiência ao PR para lhe pedir que admoestasse o presidente da AR por ter defendido a CRP na sequência de diatribes suas, xenófobas e racistas, contra imigrantes, pretexto aproveitado para fazer no Parlamento uma cena intolerável, após afirmações que, se

Eu e os leitores

Os leitores, sei que os tenho, não esperam de mim que escreva o que gostariam de ler. Aliás, seria difícil satisfazê-los a todos, tão diversos nas suas convicções e diferentes nas suas idiossincrasias. Hão de tolerar o que penso ou, como fizeram alguns amigos pessoais, deixar de frequentar este blogue para não saírem feridos com a forma e a substância dos meus textos. Nunca renunciei aos afetos de quem estimei, mas não posso prender à arreata os amigos que se sentem feridos por quem nunca pautou a amizade pela proximidade ideológica ou coincidência de opiniões. Estamos a atravessar um período de especial intolerância, do êxito da propaganda sobre os factos e do triunfo das emoções sobre a razão. Quem viveu anos suficientes num país de pensamento único, quem assiste desolado às sucessivas vitórias eleitorais de líderes autoritários e indiferentes aos direitos humanos, sente a amargura de ver as democracias europeias cada vez mais vulneráveis e cada vez menos estimadas, à medida qu

O Patriarca Clemente e o ocaso de um prelado amoral

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O Patriarca de Lisboa, Dr. Manuel Clemente, a menos de 1 ano de terminar o prazo de validade canónica como bispo titular da diocese, e seis anos como cardeal eleitor, vê a sua leveza ética exposta na comunicação social e o passado sujeito a escrutínio. O patriarca Clemente deve o barrete cardinalício à caída em desgraça do bispo Carlos Azevedo com a exposição de uma antiga traquinice sexual, o que lhe permitiu viajar do Porto para Lisboa para substituir o bispo previsto e suceder ao patriarca Policarpo. D. João V, graças ao esbanjamento do ouro do Brasil, adquiriu a dignidade cardinalícia para o Patriarca de Lisboa, atribuída por Clemente XII em 17 de dezembro de 1737. Foi assim que o bispo Clemente alcançou o barrete cardinalício, pelo qual muitos bispos perdem a cabeça, com a transferência para a Sé Patriarcal. O cardeal Clemente carregava já duas pesadas nódoas no currículo antes de lhe bater à porta a divulgação pública do crime que ocultou – a pedofilia de um dos seus padres

Há 52 anos – A morte de Salazar

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Com o cheiro a santidade, odor próprio dos cadáveres adiados, faleceu no dia de hoje o mais longevo ditador da Europa do século XX. Privou-o a graça divina de assistir ao 25 de Abril que merecia desde o primeiro dia da ditadura. Não lhe faltaram o conforto dos sacramentos, as exéquias pias, as carpideiras habituais, a força pública e o público à força para o homenagearem. Não lhe faltou em vida a cumplicidade do clero nem, na morte, a presença, e o conforto dos sacramentos quando o cérebro já migrara. Viveu enquanto foi pernicioso e morreu quando já era inofensivo.                                                                        *** «Se este homem insubstituível franze o sobrolho   Dois reinos periclitam   Se este homem insubstituível morre   O mundo inteiro se aflige como a mãe sem leite para o filho   Se este homem insubstituível ressuscitasse ao oitavo dia   Não acharia em todo o império uma vaga de porteiro.» (Bertold Brecht)

Para a história da censura nas redes sociais

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Hoje, foi-me censurada a foto que publico precedida do seguinte texto: «Foi você que falou em multiculturalismo? – (Afeganistão, 2013)

Pedro Pichardo – campeão do mundo de triplo salto

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Perante a onda de racismo e xenofobia que grassa no país, de que o partido fascista é apenas a expressão mais grotesca e obscena, exultei com o feito do meu compatriota, não só pela notável proeza, mas por ser um português imigrante e não caucasiano. Sem ele seria impossível esta indizível alegria quando os afetos parecem variar com o tom de pele e o sítio onde se nasce.

A frase

Os que engrossam a fuga de recursos para o privado, contribuindo para o colapso do SNS, sentirão um dia o reverso da escolha, quando tiverem apenas o privado como empregador. José M. Carvalho – in Público de 24-07-2922

O Presidente da Câmara de Coimbra foge ao fisco?

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O edil de Coimbra, professor da UC, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, é decerto um homem inteligente, mas disfarça tão bem que se torna desconcertante. José Manuel Silva julga-se bom autarca porque o Diário de Coimbra diz o que ele quer e gosta, e omite o que não lhe convém, mas já se percebeu que são demasiado grandes as ambições para quem não estava preparado para tamanho voo. Talvez seja uma boa ilustração do princípio de Peter, e devia medir as declarações para não criar a si próprio situações do foro penal. José Manuel Silva foi constituído arguido, indiciado pelo crime de peculato, quando era bastonário da OM: “Isso surgiu na sequência de uma denúncia caluniosa” – disse o edil –, e acrescentou “Este é um processo infame para denegrir o bom nome da pessoa. Passou-se tudo de acordo com a lei. A minha máxima é sempre que se faça tudo de acordo com a lei”, acusando o PS de ser o autor da vingança. JMS fez a insinuação grosseira de que o sistema judicial estaria ao serviço do PS. “I

André Ventura – Talvez todos sejamos racistas

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Chamar racista ao professor André Ventura, da Universidade Autónoma de Lisboa, com conhecimento aprofundado de hebraico e arábico, que concluiu com 18 valores o ensino secundário no Externato Penafirme, é especialista em futebol e licenciado em Direito na Universidade Nova, com 19 valores, é legítimo. Que o insigne primata é académico erudito, prova-o o currículo publicitado na Internet, certamente verdadero. O apoio de Passos Coelho ao seu candidato à autarquia de Loures, ao defensor da prisão perpétua, foi um suicídio político do protetor e do PSD enquanto o protegido tirocinava para altos voos neofascistas como debutante autárquico. André Ventura é um académico distinto, cidadão execrável e político perigoso, capaz de recorrer aos mais baixos instintos de um povo que não digere a derrota colonial e não se revê no cosmopolitismo e na diversidade de que o fascismo o preservou. Anteontem, após as declarações racistas e incentivadoras do ódio, em violação grosseira da CRP, a que
  Deus Toddy Deus é, para os fiéis de qualquer religião, o expoente máximo e o superlativo de todos os superlativos. Nada há que iguale o significado dessa palavra tão mágica, tão sagrada e de importância tão grande e única.  Frases afirmativas da existência de Deus são muitas vezes proferidas a propósito e a despropósito de tudo e de nada. Já todos ouvimos afirmar que “Deus é pai”, “Deus é amor” e “Deus é criador”. São três dessas frases do marketing religioso, tantas vezes proferidas e que nada dizem a quem não as sente por não professar a religião que as apregoa. São afirmações que me fazem lembrar um anúncio radiofónico que esteve em voga quando eu era moço, propagando as virtudes de um pó achocolatado para misturar no leite. Produto americano de grande consumo na época, a sua mensagem afirmava categoricamente: “Toddy contém, porque contém mesmo!” Ora… dizer isto, ou estar calado é, em termos informativos, rigorosamente a mesma coisa. A frase não acrescentava nem retirava na

NÃO SE DEIXE ENGANAR

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Apesar das semelhanças, aprenda a distinguir as diferenças.

Pensando no futuro…

O facto de o PS, por razões conhecidas, não ter explicado que a crise financeira mundial de 2008, provocada pela falência do banco Lehman Brothers, foi a principal responsável dos problemas financeiros nacionais, impediu os portugueses de tomarem consciência do efeito perverso do princípio dos vasos comunicantes no sistema bancário, conhecido por risco sistémico. Admira, por isso, que a pandemia em curso e a guerra na Ucrânia, tão funestas e de proporções colossais, torne autistas os partidos políticos e as pessoas, sem reverem os seus paradigmas, enquanto a extrema-direita capitaliza o medo, a incerteza, a raiva e o ressentimento, com o discurso de ódio, que ganha adeptos e não encontra oposição. Surpreende que, após seis milhões de ucranianos refugiados, um número incalculável de mortos e estropiados, o espetro da fome mundial e o declínio da Europa através de uma guerra onde a geoestratégia comanda os disparos, haja quem, na UE, confunda o jogo de poder das grandes potências nuc

Paula Teixeira da Cruz e a guerra na Ucrânia

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Subscrevo integralmente o artigo quinzenal do Público de hoje, da destacada militante e ex-ministra do PSD. Quando Paulo Rangel acusa o PM português de não ser tão entusiasta quanto ele acha que devia ser, quando a barreira da propaganda dos EUA e RU contaminou e intimidou toda a opinião pública da UE, incluindo os seus mais altos dirigentes, sabe bem assistir a um módico de isenção na apreciação da tragédia que atinge especialmente a Ucrânia e dilacera todo o espaço europeu. Dói-me que excelentes amigos que tanto prezo, por quem manterei inexcedível estima e consideração, não aceitem a minha recusa do pensamento único e as dúvidas que, desde o início, levantei à maior campanha de propaganda e manipulação da opinião pública de que me recordo a nível europeu.    

A Galp, a ética e Luís Montenegro

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A aceitação da viagem, em 2016, para um jogo de futebol da seleção nacional, foi uma imprudência de quem a aceitou, talvez ingenuidade política, mas não o foi certamente de quem a ofereceu. A ética republicana é incompatível com a aceitação de almoços, e o ato de 3 secretários de Estado foi politicamente censurável como, aliás, de dirigentes políticos da oposição a que, então, não foi dado o mesmo relevo mediático. Foi pena que pessoas de excecional competência técnica não tivessem sensibilidade política equivalente. Exonerados a seu pedido, coube aos Tribunais decidir se havia lugar a sanções penais, mas surpreendeu a investigação tardia de um ato público, amplamente divulgado, mais de um ano depois, e o conjunto de coincidências e paradoxos. Surpreendeu, sobretudo, por não ter sido apurado o suborno provado pelas autoridades alemãs no caso dos submarinos e a falta de desmentido do desaparecimento dos papéis, bem como o desinteresse sobre 61 mil fotocópias que Paulo Portas levou

« Femmes contre l'islamisation» – O comprimento da saia

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É possível que nas próximas duas décadas não seja bom ser mulher! ... Isso é assustador para as gerações futuras... Reparem, leitores, neste cartaz belga, banido na França, há quatro anos, que lhe pede para escolher entre a liberdade e o Islão. O poster da Associação Flemish "mulheres contra a islamização", afixado desde janeiro 2019 em Antuérpia, mostras as pernas de uma mulher nova que levanta sua saia. As características indicam qual a altura da saia que é ou não aceitável pelo Islão.   Apostila - Porque foi proibido, não me cansarei de lhe dar publicidade.

A História tem retrocessos

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Além das que são intoxicadas à nascença, não sei que estranho fenómeno leva pessoas normais a aderir a ideologias obsoletas, intolerantes e extremistas, capazes das maiores loucuras, com sacrifício da própria vida e, sobretudo, da dos outros. O número de chalados não para de crescer, e a Humanidade está refém do proselitismo de poderosas redes de divulgação de exóticas peçonhas concorrentes.   

António José de Almeida – 6.º presidente da República de Portugal

(Penacova, São Pedro de Alva, Vale da Vinha, 17 de julho de 1866 — Lisboa, 31 de outubro de 1929) Político republicano português, sexto presidente da República Portuguesa, cargo que exerceu de 5 de Outubro de 1919 a 5 de Outubro de 1923. Foi o único presidente da Primeira República a cumprir integralmente e sem interrupções o seu mandato de 4 anos, tendo com ele Portugal retornado a uma presidência civil. (Wikipédia) Homenagem do Ponte Europa na data do seu nascimento.
  DO PRIMITIVISMO À RACIONALIDADE Não discuto Religião e Ateísmo do mesmo modo como se discute futebol animalesco e irracional, bem como política partidária tratada ao mesmo nível religioso que considera a sua opinião como a “única V erdade” (sempre gra f ada com maiúscula porque divina, ou porque é proclamada pelo líder partidário alcand o rado ao nível de um deus), contra “a mentira” de todas as outras religiões e de todos os outros sentimentos políticos, em di scussão inflamada  com a costumeira irascibilidade desrespeitadora (quando não insultuosa) da opinião do outro. São modos que não dignificam ninguém. Não precisamos insultar para dizermos que discordamos. São reacções que situam quem as tem num patamar primitivo, do qual o irascível contundente ainda não saiu. O sentido religioso é natural no Ser Humano, e é com essa naturalidade que eu procuro trat á-lo nestes artigos onde faço a defesa do Ateísmo (publicados nos jornais regionais Gazete de Paços de Ferreira e Alto Min

O ignorado 83.º aniversário do Professor Aníbal Cavaco Silva.

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Há 83 anos, no dia de ontem, nasceu no Poço de Boliqueime Aníbal Cavaco Silva. Apesar dos esforços para que o julguem vivo, desde a nova comenda saída do bazar de Belém, o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique, do apoio expresso ao atual presidente do PSD, à aliança com Marcelo para fazerem de Moedas e Luís Montenegro figuras respeitáveis, até às redações impressas sobre política, o Sr. Professor continua esquecido. Desde a formação do Governo dos Açores, fiel à sua matriz genética, onde logo apoiou a aliança com o partido fascista, quando Rui Rio engolia o óleo de rícino que o ansioso José Manuel Bolieiro lhe serviu, o Sr. Professor tenta voltar a ser útil à pior direita, a sua. Os devotos do homem que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava, do salazarista mais destacado da democracia, felicitam-no em privado, enquanto em público dizem o que ele disse de Ricardo Salgado, «nunca fui amigo dele». Esta direita é ingrata. Nem os protegidos, desde Passos Coelho ao alfai
Vida depois da morte Perante a irremediável morte, há religi ões que afirmam haver um julgamento divino além-túmulo onde serão analisadas as escolhas dos fiéis, mais os actos que protagonizaram em vida.  De acordo com tal julgamento, as alminhas dos defuntos sofre rã o suplícios infernais se os seus pecados passarem das marcas, ou goza rã o infinitamente as delícias celestiais , se houverem tido uma vida de santo (não se percebendo como é que a alma sofre ou goza abundantemente, se não tem sistema nervoso!…).  Para os muçulmanos ainda se reserva (ao que consta nos corredores da vida) um punhado de virgens lindas de morrer para aqueles que se fizerem explodir num mercado cheio de gente. Não consta que as mulheres-mártires que escolham o mesmo fim para “honrarem” o Islão, encontrem no além uns rapazinhos viçosos para bacanal celeste! O prémio sexual pós-morten é reservado aos machos, o que sublinha a atitude machista e quase pornográfica dos árabes que vêem a mulher, apenas, como obje

RELIGIÕES

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Só um curso de teologia, a única ‘ciência’ sem método nem objeto, permite interpretar a vontade de Deus. Para confundir, todas as religiões têm teólogos e catequistas privativos, que denunciam as mentiras das outras e ameaçam, mútua e reciprocamente, os respetivos crentes com as penas do Inferno.  Vá lá o Diabo entendê-las.  

França – 233.º aniversário anos da Tomada da Bastilha – 14 de julho de 1789

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Quando a multidão revoltada arremeteu contra a Bastilha, a armar-se contra Luís XVI, a nobreza e o clero, as forças fiéis ao rei, franqueou os portões do emblemático presídio e “esvaziou” os armazéns onde descobriu grandes depósitos repletos de cereais. De seguida, foram libertados os prisioneiros e capturadas armas, verificando-se, p. ex. º, que as peças de artilharia estavam praticamente inoperacionais, antes de incendiada a simbólica prisão do bairro de Saint-Antoine. Nas ruas de Paris festejou-se, e o povo, na posse dos cereais, obrigou padarias a iniciar a confeção de pão, de que Paris estava privada há vários dias, para o oferecer à multidão faminta. Chamou-lhe o “Pão da Liberdade”. Historicamente, a "Tomada da Bastilha" foi um assalto popular a uma prisão, em busca de armas para defender a Revolução, mas o "motor" do assalto (e da Revolução) foi, de facto, a fome. Primeiro confiscaram os depósitos de cereais, e só depois libertaram os prisioneiros...

A um passo da nudez

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Quando havia respeito e ordem e, em S. Bento, habitava um devoto zelador da moral e dos bons costumes, a indecência era combatida sem tibiezas, e os jornais, só com fins didáticos, mostravam, a preto e branco, a audácia da devassidão, para a execrarem. Nesse tempo de que agora ressuscitam almas atormentadas, incluindo a única deputada do partido fascista, jovem e devota, que Deus a guarde, não se viam os despautérios de agora. O estímulo da líbido, que tantas almas perdeu, era uma obsessão feminina que cabia aos homens impedir, e que os tempos de perdição ora impedem. Primeiro começou por se permitir às mulheres que mostrassem braços e pernas, depois o seu consentimento para o casamento e, finalmente, a administração de bens próprios, o divórcio, o acesso a profissões masculinas, como a magistratura, carreira diplomática e integração nas Forças Armada e policiais. Finalmente, foi retirado aos maridos o direito de impedirem às mulheres as deslocações ao estrangeiro sem a sua aut

Os cavalos da GNR e a procissão da Rainha Santa, em Coimbra

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Chegam-me ecos dos cavalos da GNR tombados no cumprimento do dever, incapazes de adaptar os cascos às rampas de cadeira de rodas, empalidecendo o brilho que deviam emprestar à procissão da Rainha Santa. O elefante Salomão, depois batizado de Solimão, que estava em Lisboa, vindo da Índia, foi oferecido por D. João III ao primo, arquiduque da Áustria, Maximiliano II. Segundo Saramago, viajou até Viena, sem tropeçar, e foi capaz de se ajoelhar à porta da basílica de Santo António, em Pádua, num desvio para ajudar os padres da Contrarreforma com o milagre obrado pelo proboscídeo. Os cavalos da GNR, hoje é menor o poder da Igreja, saíram da Av. Dias da Silva para se estatelarem junto à Igreja de Santa Cruz. Não foi certamente a falta de fé dos cavaleiros, foi o declive liso e escorregadio, ingrato para perissodáctilos, que os derrubou. Na “Viagem do Elefante”, Saramago mostra como é efémera a vida. O elefante Solimão mostrou o poder do rei e prestou um enorme serviço à Igreja católica para

O desprezo pelo futuro

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A minha geração é a última que vive melhor do que as anteriores, e ninguém se inquieta com a herança dos filhos e o futuro dos netos. O consumo não é só a vertigem de quem mede o prazer pelos benefícios imediatos, é a bitola do sucesso a que cada um se julga com direito. Há quem considere intermináveis os recursos do Planeta e indiferente aos milhões de pessoas sem acesso a água potável, ar saudável, alimentos ou saúde, sem paz ou, sequer, direito à vida. Quem tira um curso e adquire conhecimentos à custa do investimento de todos, julga-se no direito de não retribuir aos que o pagaram. Somos vítimas da alienação que julga imparável o crescimento económico, legítima toda a acumulação de bens e tolerável a pobreza. A bomba demográfica continua a explodir e a multidão de miseráveis cresce. A cegueira dos líderes mundiais, cujo poder lhes garante impunidade, arrasta-nos para o abismo e deixa-nos impotentes face à dimensão da tragédia presente, o ar cada vez mais poluído, a água a rar

Bernini, Teresa de Ávila e Jorge de Sena

Há na estátua da santa, que ornamenta uma das capelas da igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, a glorificação do génio de Bernini, a feliz simbiose do sagrado e do profano, captada pelo artista nas visões da freira – O “Êxtase de Santa Tereza”. Ali, em mármore e bronze, na paixão que a devora, explodem hormonas de uma visão mística que a santa frui, com o corpo sôfrego e em chama, trespassada repetidamente no coração pela ponta inflamada de uma lança dourada de um serafim. A inefável dor espiritual e corporal foi captada por Bernini na apoteose dos sentidos e esculpida na beleza exuberante do barroco. Ali, em meados do século XVII, a mulher e mística, freira devorada pela fé, encontrou no génio de Bernini o esplendor da forma que imortalizou e deu vida ao corpo sôfrego e à alma em chama no êxtase de uma visão que a própria descreveu com notável paixão e beleza. Também Jorge de Sena, arrebatado pela exuberância do escultor na glorificação da fé no corpo esculpido em már

MONUMENTO NATURAL DAS PEGADAS DE DINOSSÁURIOS DE TORRES NOVAS-OURÉM

 Caros leitores, O mínimo que devo fazer, solidário com o notável cientista, pedagogo e cidadão, Prof. Galopim de Carvalho, é associar-me a esta sua e nossa batalha para que vos convoco: «Queridos amigos – Este é o Projecto ambicioso em que estou envolvido até à medula. Dentro de um mês, completo a 91ª volta em torno do astro-rei e sei, portanto, que não o verei concluído, mas isso não me impede de trabalhar, ainda intensamente, para o pôr em marcha. O link abaixo permite abrir o PDF que lhe dará a dimensão deste Projecto. MONUMENTO NATURAL DAS PEGADAS DE DINOSSÁURIOS DE TORRES NOVAS-OURÉM (classificado, em 1996, pelo Decreto Regulamentar 12/96 de 22 de outubro). Trata-se de um projecto a ser pensado em grande, com projecção internacional, compatível com as características que o distinguem a nível mundial: 1 - raridade e significado geológico e paleontológico de uma jazida do Jurássico médio, com cerca 275 milhões de anos, internacionalmente conhecido e reconhecido; 2 - qua

O PSD, AS CONDECORAÇÕES E AS DESCONFIANÇAS

No dia em que Cavaco trespassou o alvará para ornamentar peitos à espera de veneras, recebeu o mais alto grau da Ordem da Liberdade sem ter lutado por ela. Agora, há dias, recebeu o mais alto grau da Ordem do Infante D. Henrique, talvez por ter feito a travessia marítima da Madeira às Ilhas Selvagens para ver as cagarras, depois da deselegância de se ter ausentado do ato de posse do segundo mandato do PR, sem o cumprimentar. Esta segunda venera, sempre no mais alto grau, sucede, talvez por mera coincidência, na sequência do 40.º Congresso do PSD, a cujo novo líder ambos renderam aplausos. O PR nem se coibiu de uma insólita declaração no estrangeiro, numa viagem que a boçalidade do PR brasileiro e a boa imprensa autóctone, salvaram das críticas. Eis a declaração: «O novo líder do PSD, Luís Montenegro, iniciou uma "maior aproximação ao Presidente da República" e abriu caminho para "uma colaboração especial"».!!! Também não passou despercebida a presença e o apoi

CONDECORAÇÕES

Cavaco recebeu o mais alto grau da Ordem da Liberdade sem ter lutado por ela. Agora recebe o mais alto grau da Ordem do Infante D. Henrique por ter feito a travessia marítima da Madeira às Ilhas Selvagens para ver as cagarras. Marcelo é impagável, mas fica caro ao País.

PARADOXOS E PERPLEXIDADE

1 – «No estrangeiro nunca falo de política portuguesa» (Resposta habitual do PR aos jornalistas)                                                                            *** «O novo líder do PSD, Luís Montenegro, iniciou uma "maior aproximação ao Presidente da República" e abriu caminho para "uma colaboração especial". (Marcelo, dia 3, no Brasil). 2 – «O presidente do PSD, Luis Montenegro, assegurou que nunca associará o partido a "qualquer política xenófoba ou racista" e nunca será o líder de um Governo que quebre esses princípios. "Comigo e com o PSD, antes quebrar que torcer! Jamais abdicarei dos princípios da social-democracia e da essência do nosso programa eleitoral para governar a qualquer custo" (Notícias da Lusa) Nota – o discurso foi muito aplaudido pelos correligionários, incluindo José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores em aliança com o partido fascista.  

4 de julho de 2022 – As datas, as comemorações, a toponímia e a santidade

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Quando em 2 de julho de 1776 o Segundo Congresso Continental aprovou a resolução da independência dos Estados Unidos do domínio britânico, procedeu à elaboração de um documento legal, que seria revisto, aprovado e publicado em 4 de julho, data que foi consagrada pelo Congresso como a da Declaração da Independência. É o feriado que hoje celebra a Independência dos EUA. Para mágoa dos devotos da Rainha Santa Isabel, os maçons que estiveram na origem da independência e na elaboração da Constituição laica dos EUA, fugidos às perseguições das guerras religiosas da Europa, ignoravam o milagre das rosas obrado pela rainha que falecera nesse dia, em 1336, e deu origem ao atual feriado municipal de Coimbra. Esses maçons não tinham inquietações metafísicas, mas estão agora vingados os beatos com a escalada evangélica no Supremo Tribunal e no aparelho do Estado dos EUA. Isabel de Aragão, santificada em 1625, por milagre igual ao da tia-avó húngara, também nobre e santa, foi canonizada 90 anos
  Sobre o Mito O mito é uma narrativa antiga e oral que pretende explicar os grandes enigmas da vida e do mundo. Por ser oral não há registo escrito das suas origens, o que quer dizer que as narrativas mitológicas que nos chegaram através da escrita podem divergir dos relatos orais que as originaram. O poeta latino Estácio, disse: Primus in orbe deos fecit timor  (Foi o temor o primeiro a criar os deuses na Terra). Nesta breve frase do poeta está contida a verdadeira razão que levou o Homem a criar e a cultuar deuses (Deus). O temor que sentimos no simples e natural acto de viver deve-se ao facto de a vida estar armadilhada. Primeiro (no tempo dos nossos avós inventores de mitos) estava armadilhada pelas forças da Natureza que nos complicava a vida em tempo de grandes borrascas, e depois por interesses das camadas sociais que nos oprimem e comandam: primeiro a Igreja, desde a Alta Idade Média (como sucessora das sociedades mais primitivas, como a Suméria e a Egípcia, cujos sacerdotes

40.º congresso do PSD – JUSTIÇA E POLÍTICA – uma reflexão marginal

Luís Montenegro foi hoje entronizado como novo líder do PSD num conclave com raras mulheres e numerosos notáveis da arqueologia do partido, tendo a bênção de homens de Belém, Marques Mendes e Moedas, a ungi-lo. Sem o brilho e entusiasmo da incerteza dos congressos onde se elegia o líder, cumpriu-se a liturgia do partido que mais líderes gastou, em menos tempo do que o País leva em democracia, depois de lhe ter sido restituída pelos militares de Abril. Em 2018, se a memória me não trai, os ex-líderes parlamentares sociais-democratas Luís Montenegro e Hugo Soares foram constituídos arguidos pelo alegado ‘crime de recebimento indevido de vantagem no caso das viagens do Euro 2016’, tal como vários políticos do PS que renunciaram aos cargos governamentais. Sem simpatia pelos políticos referidos, não gostei da perseguição, com bagatelas penais, quando havia, e há, crimes graves cuja hierarquia devia ser estabelecida pela PGR, sem prejuízo da autonomia dos magistrados a quem cabe a inve

Marcelo e Bolsonaro - o coice de um solípede

 A visita de Estado de Marcelo ao Brasil fica manchada por uma insólita atitude de Bolsonaro, ao desconvocar a receção oficial ao presidente da República portuguesa, recusando-se a recebê-lo. Perante a grosseria, repetida pela 3.ª vez, não podemos deixar de sublinhar que a ofensa não foi feita a Marcelo, foi um imperdoável ato inamistoso para com Portugal.

SALGUEIRO MAIA

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  Faria hoje 78 anos. Não o esqueceremos.

Pena de morte – 155.º aniversário da sua abolição em Portugal

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É com orgulho que evoco o 155.º aniversário da abolição da pena de morte em Portugal, para crimes civis (Lei de 1 de julho de 1867), quando a última execução conhecida, em território nacional, remontava a 1846.